segunda-feira, 24 de maio de 2010

Aviso aos navegantes


Informo aos poucos leitores deste blog que os posts devem rarear por esses dias.

Eis os motivos:

- o blogueiro está mudando de residência e, por isso, precisa resolver os pepinos decorrentes de tal decisão;

- o blogueiro não tem mais internet fora do trabalho (mas só até comprar um notebook, o que deve acontecer em breve);

- o blogueiro não terá SporTV nem Pay-Per-View (jogo do Flamengo na tv fechada, só na casa dos pais ou de amigos);

- o blogueiro matriculou-se num curso noturno e terá aulas duas vezes por semana (o horário de almoço, antes dedicado ao blog, agora será dedicado aos estudos);

De qualquer forma, é uma fase de adaptação. O blog continua.

Obrigado.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pacheco eterno


Não me lembro ter xingado tanto um jogador do Flamengo como xinguei, ontem, Vinícius Pacheco. Nem nas piores fases do clube.

O jogador não é o responsável pela eliminação rubro-negra da Libertadores, claro. Todos - atletas, o técnico Rogério, diretoria, Patrícia Amorim - estão no mesmo bolo.

Mas a tentativa de cavar um pênalti no último lance do jogo, quase na pequena área, quando poderia chutar para o gol ou passar a bola, me esgotou a paciência.

Porque eu acreditava muito que o time faria 3 x 1 nos chilenos. E porque se atirar ao chão, num momento daqueles, é a última coisa que um jogador profissional deve fazer.

Pois ele forçou a queda, o árbitro não embarcou no teatro e encerrou o jogo. Xinguei-o até ficar rouco, fui para o quarto e só consegui dormir duas horas depois.

Acordei leve e tranquilo, na medida do possível, mas só até ligar a televisão e ver que o SporTV reprisava a partida, que já estava em seus últimos minutos.

Resultado: lá estava eu, sozinho, com o dia claro, torcendo inutilmente para que a mágica acontecesse e Pacheco desfizesse a bobagem de algumas horas antes.

E, novamente, ele forçou a queda, o árbitro não embarcou no teatro e encerrou o jogo. Pior: dessa vez, percebi que Adriano estava desmarcado, a pedir a bola.

Apesar de rouco, voltei a xingar Pacheco. Até quase ficar mudo. Depois, troquei de roupa, tomei o café da manhã, peguei meu carro e vim para o trabalho.

Eis a minha nova sina: a cada reprise do último lance de Universidad de Chile x Flamengo, torcer para Pacheco fazer o que não fez.

Vou rezar pelo chute indefensável, pelo passe para Adriano, pelo gol que nenhum rubro-negro jamais vai comemorar. E xingar o pobre Vinícius Pacheco.

Eliminação merecida (Univ. de Chile 1 x 2 Flamengo)



Defensor, América do México e Universidad de Chile. Essa é a lista dos poderosos adversários, todos clubes de expressão internacional, que eliminaram o Flamengo das últimas três edições da Libertadores das quais o clube participou: 2007, 2008 e, agora, 2010.

Pouco importa que o Flamengo tenha jogado bem hoje e vencido o Universidad de Chile naquele estádio de m*rda em Santiago. Ser desclassificado por esse time é vexame. Vencer apenas um em quatro jogos contra esse time é vexame. Perder no Maracanã para esse time é vexame.

O Flamengo dançou porque não exibe, na Libertadores, a concentração necessária aos jogos da competição, o que aconteceu, nesse ano, desde a primeira fase. E porque espera para mostrar motivação quando a tarefa é muito complicada de reverter, como hoje.

O Universidad de Chile entra para o rol dos times vagabundos que podem tirar onda com o Flamengo. Mas sinto informar aos chilenos que esse grupo não é seleto, pelo contrário. Até o Paraná Clube faz parte dele. Portanto, muchachos, vocês não fizeram nada demais, ok?

Não adianta reclamar da cera adversária, do mole no gol dos caras nem da ridícula tentativa de cavar pênalti do Vinícius Pacheco, dentro da pequena área, no último lance do jogo. O Flamengo foi eliminado precocemente de mais uma Libertadores porque não leva a sério a competição.

Admiro aqueles que têm a capacidade de aplaudir o esforço, a aplicação e a concentração da equipe em Santiago. Mas a minha opinião é outra: esses caras e o técnico Rogério não merecem reconhecimento, pois deixaram para resolver tudo na última hora.

A culpa, claro, não é apenas deles. É mais do clube. Ou melhor, do modo como o Flamengo é conduzido. Ok, tudo bem. Enquanto isso, continuamos a amargar vexames continentais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma noite para tirar dúvidas. Ou reforçar certezas.



Que Flamengo o torcedor verá logo mais à noite, a se apresentar no ridículo estádio Santa Laura, em Santiago, para enfrentar o Universidad de Chile?

Será o Flamengo tão bem definido pelo tricolor Nelson Rodrigues, aquele time que “só perde quando não põe para funcionar o milagre da camisa”?

Ou será o Flamengo dos últimos 17 anos, que, apesar do título brasileiro em 2009 e de outros bons resultados, ainda mostra insistente queda pelos vexames?

No que estarão pensando Bruno, Ronaldo Angelim, Juan, Leo Moura e Toró, remanescentes das eliminações para Defensor e América do México?

No que estará pensando Adriano, malhado por todos os setores da mídia, por torcedores rivais, pelos falsos moralistas e até pelo treinador adversário?

E Kleberson, convocado por Dunga? E Vagner Love, às vésperas de provável despedida do clube? E o resto dos jogadores? E o técnico Rogério? No que eles pensam?

Terão eles (todos) a concentração e os nervos necessários para contornar uma situação desfavorável naquela pocilga onde se costuma atirar pedras nos visitantes?

Terá o Flamengo a sorte e a competência de marcar um gol logo nos primeiros minutos que abra o caminho para uma virada histórica?

Ou a torcida será obrigada a acompanhar mais um primeiro tempo tenebroso, como têm sido os primeiros tempos sob o comando de Rogério?

Respostas a partir das 22h15. Basta ligar a TV na emissora mais influente do país.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Flamengo, La U, Brasil e Noruega: tudo a ver


Estes senhores não cultivam o costume do respeito ao adversário.

Impossível acompanhar os acontecimentos, dentro e fora de campo, que envolvem os duelos entre Flamengo e Universidad de Chile sem compará-los aos confrontos entre Brasil e Noruega, disputados no final da década de 1990. Não pela qualidade técnica ou pelo estilo de jogo das equipes, mas pela assustadora capacidade do time com melhores jogadores levar ferros de um adversário mais fraco.

Para quem não se lembra, a Seleção Brasileira daqueles tempos era comandada por Zagallo e dispunha de geração talentosa, com um jovem e impetuoso Ronaldo, o decisivo Rivaldo, os experientes Taffarel e Dunga, campeões do mundo anos antes, em 1994, um Leonardo maduro no meio e os laterais Cafu e Roberto Carlos firmes no futebol europeu e já consolidados em suas respectivas posições.

Hoje, pode-se até questionar um nome ou outro, mas o consenso geral, na época, era o de que o Brasil tinha uma seleção fortíssima e era o favorito ao título da Copa do Mundo de 1998, na França. Pois aquele time enfrentou  e perdeu duas vezes para a Noruega: por 4 x 2, num amistoso, em 1997, em Oslo; e por 2 x 1, na primeira fase do Mundial. O carrasco era um atacante grandalhão chamado Tore Andre Flo.

Guardadas as devidas proporções, o caso do Flamengo é semelhante. Atual campeão brasileiro, o clube tem um time forte no papel, com jogadores de nome internacional (Adriano, Vagner Love e Kleberson), outros de importância reconhecida no país (como Juan, Leo Moura e o paspalho do Bruno) e iniciou o ano num clima de confiança e otimismo inéditos para boa parte da torcida.

Pois o noticiário desta quarta-feira torna o até então drama rubro-negro ainda mais parecido com o calvário da Seleção Brasileira diante dos noruegueses. De acordo com o jornal chileno La Cuarta, o técnico do Universidad de Chile, Gerardo Pelusso (foto 1), tirou uma onda com o Flamengo: chamou Adriano e Vagner Love de gordos e afirmou que a defesa do time carioca é um desastre.

Partindo-se, aqui, do pressuposto que a declaração é verdadeira: Pelusso se assemelha ao colega Egil Olsen (foto 2), que usava e abusava das ironias ao se referir a Zagallo (principalmente) e à Seleção Brasileira. O técnico da Noruega dizia, basicamente, que o time canarinho era mal treinado. E que se ele, Olsen, tivesse à disposição jogadores como Ronaldo, Rivaldo e cia, montaria um mega time de futebol.

Não dá para negar que Olsen estava certo, pelo menos com relação à Zagallo, pois a desarrumada seleção foi finalista daquela Copa graças, basicamente, ao talento individual. E é preciso admitir que Pelusso se equivoca somente ao chamar de gordo o incansável e magro Vagner Love - sim, Adriano, embora tenha emagrecido um pouco, está longe da forma ideal e a zaga do Flamengo é uma peneira.

O problema, no entanto, é o deboche desnecessário. Olsen não tinha o direito de desrespeitar a Seleção Brasileira, tampouco Zagallo. E Pelusso não tem o direito de desrespeitar o Flamengo, não importa se o time é formado por estrelas ou por novatos, nem se conta com um técnico de renome ou com treinadores pouco experientes, como o campeão brasileiro Andrade (antes) e Rogério (agora).

Embora tenha avançado mais que a Noruega naquela Copa do Mundo, o vice-campeão Brasil terminou o torneio na condição de freguês do adversário. Já o Flamengo ainda tem chance de reverter o quadro. Será saboroso demais se o clube acabar com a soberba chilena, amanhã, naquele estadiozinho mequetrefe. Até para provar que os rubro-negros não são os únicos a se estrepar quando tiram onda antes da hora.

Eu acredito.

sábado, 15 de maio de 2010

Imperador melhorou (Vitória 1 x 1 Fla)



 
Impressionante como o Flamengo tem atraído chuva por onde passa. Na estreia do terceiro uniforme, o time disputou mais um jogo debaixo de aguaceiro, especialmente no primeiro tempo, quando o gramado do Barradão ficou impraticável a partir dos 10 ou 15 minutos de partida. Na segunda etapa, a situação melhorou um pouco e deu para ver algo parecido com futebol.

O empate com o Vitória só valeu pelo bom desempenho de Adriano. Impossível adivinhar o que se passa na cabeça do centroavante rubro-negro. Logo após saber que não estava na lista de convocados para a Copa do Mundo, o Imperador passou a treinar com mais afinco, compareceu à Gávea no dia seguinte a uma partida (contra Universidad de Chile) e tem mostrado evolução em campo.

Adriano não foi brilhante. Mas, além do cruzamento para o gol de Vagner Love, fez coisas que não estava fazendo nesse ano: conseguiu uma arrancada seguida de chute logo nos primeiros minutos, deu vários piques, voltou para marcar com frequência e finalmente teve capacidade para girar para cima dos marcadores. Pena que as poças d’água o prejudicaram nessa surpreendente e (nos dois últimos jogos) gradativa melhora.

Se a evolução física de Adriano continuar, o Flamengo poderá depositar ainda mais confiança no jogador no duelo de volta contra o Universidad de Chile, quinta-feira, em Santiago. No entanto, é prudente conter a animação. Feliz hoje, Adriano pode faltar ao treino amanhã, na segunda ou na terça e até mesmo arrumar um bolha no pé.

Sobre o jogo: ensaio para quinta-feira, o duelo do Barradão pode ser útil para Rogério observar e corrigir alguns defeitos. O Flamengo foi melhor no início do primeiro tempo, quando marcou o gol, até o temporal apertar. Só deu para avaliar um pouco o jogo na segunda etapa, com a chuva mais branda. E o Vitória, então, foi melhor. Atacou mais, foi pouco contra-atacado, teve a bola (até onde possível) e bastante espaço no meio.

O Flamengo só ameaçou no final, a partir da entrada de Pet. Mas levou o merecido empate em cobrança de falta - Fierro afobou-se e cometeu infração desnecessária.

Dos dois meias que começaram, Michael foi relativamente bem. Kleberson apareceu pouco. Ainda estou convicto: Pet precisa ser escalado desde o início contra o Universidad de Chile.

***

A frase de jogo é Adriano. Cercado pelos repórteres após o apito final, ele garantiu que não estava muito triste por ter ficado de fora da Copa do Mundo e soltou essa:

“Ainda quero ajudar muito o Flamengo.”

Legal, mas... Ele quer ajudar o Flamengo até quando? Até o fim do contrato? Ou quer permanecer na Gávea até o fim do ano? O clube já o procurou para negociar a renovação?

Mistério.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Com Pet, tudo pode ser mais fácil


Concordo com o técnico Rogério: amanhã, contra o Vitória, no Barradão, o Flamengo precisa entrar em campo com o time titular.

Após a ridícula derrota para o Universidad de Chile, quarta-feira, em pleno Maracanã, nada como tentar ajustar o time num jogo de Campeonato Brasileiro.

Os 90 minutos diante dos baianos serão interessantes para Rogério analisar o time, desde que escale a formação a ser usada na partida de volta contra os chilenos.

E o duelo pode dar moral ao time em caso de vitória (sobre o Vitória), sem contar que três pontos fora de casa seriam bem-vindos numa competição longa e desgastante como o Brasileirão.

Mas me preocupa bastante o fato de, até agora, o técnico rubro-negro não ter cogitado a presença de Petkovic entre os titulares - Michael, a julgar pelo treino de hoje e pela primeira alteração diante dos chilenos, deve ser o companheiro de Kleberson no meio.

Tudo bem, o gringo foi poupado hoje por conta de uma torção no tornozelo esquerdo. Vai viajar para Salvador. Mas Rogério nem antes disso deu algum sinal de que possa utilizá-lo num jogo desde o início.

Petkovic não é a salvação. Não pelo que jogou neste ano. Mas as chances do Flamengo se dar bem contra o Universidad de Chile aumentam bastante com ele entre os titulares.

O cara pode decidir ou encaminhar um jogo com uma cobrança de falta ou de escanteio, um lançamento preciso, um passe em profundidade, um chute de fora da área.

Mesmo que ele canse rápido, melhor começar com o sérvio que colocá-lo em campo para reverter um resultado desfavorável, como no jogo do Maracanã.

No Campeonato Brasileiro do ano passado, Pet abriu caminho, por exemplo, para as importantes vitórias contra Palmeiras e Atlético-MG, fora de casa.

E, por mais que alguns discordem, esteve bem na quarta-feira. Melhor, pelo menos, que Michael e o enfim motivado Kleberson. A facilidade do gringo para organizar o jogo é infinitamente superior à dos colegas.

De qualquer maneira, só o fato de Kleberson ter companhia - Michael substituirá um volante, Rômulo - já é um avanço. Um passo para que o Flamengo não passe o perrengue desnecessário dos primeiros tempos contra Corinthians (segundo jogo) e Universidade de Chile.

O Flamengo de agora tem me lembrado aquele de antes da arrancada no Campeonato Brasileiro do ano passado: um bando, com jogadores fora de forma ou em má fase técnica.

Mas acredito até o fim, mesmo com Toró de volta entre os titulares (prefiro Maldonado mal como está) e apesar da lentidão do clube em resolver assuntos importantes, como a renovação dos contratos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Alguém, por favor...



...tire a braçadeira de capitão deste infeliz.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vocação para o ridículo (Fla 2 x 3 Universidad de Chile)



O mais novo vexame do Flamengo na Taça Libertadores da América suscita uma série de questionamentos legítimos a algumas máximas relacionadas ao clube, tipo “Deixou chegar, f*deu”, “A camisa joga sozinha” e “O Maracanã é o templo rubro-negro”. Isso tudo só vale, com ressalvas, para jogos contra times brasileiros. O Flamengo de Zico foi exceção nesse quesito. E somente por uma temporada.

Portanto, antes de procurar culpados pelo fracasso, é preciso cabeça no lugar e conhecimentos históricos suficientes para saber que crucificar qualquer um daqueles que esteve em campo é tarefa inglória: o Flamengo, ou pelo menos o Flamengo dos últimos 17 anos, é especialista em protagonizar papelões, independentemente dos jogadores, do técnico, da diretoria e do presidente do momento.

Parêntese: apesar do título do Campeonato Brasileiro de 2009, não custa lembrar que o Flamengo também já deu vexames em nível nacional, como a derrota em casa para o Santo André na final da Copa do Brasil de 2004 e goleadas para clubes como Bahia, Portuguesa, Bragantino, Figueirense e outros de expressividade semelhante e dos quais não me lembro agora.

Então não adianta o Lédio Carmona tentar me convencer ao repetir, a cada segundo da transmissão do SporTV, que o time do Universidad de Chile é bom. Os caras têm alguma qualidade técnica e um treinador inteligente, mas daí a ser um time bom é outra história. Prefiro outra versão: o Flamengo é muito incompetente. Pois não conseguir vencer os chilenos uma única vez em três jogos é brincadeira.

Os gols sofridos pelo time nesses confrontos comprovam a tese, mas vou me ater apenas aos três (três!) de hoje. No primeiro, após cruzamento da direita, a bola passou por David, William e Leo Moura. No segundo, apesar da falta em Bruno, o goleiro já havia furado. No terceiro, a bola cruzada da esquerda percorreu toda a área rubro-negra, com Bruno saindo atrasado.

Pode-se dizer que o Universidad de Chile marcou com eficiência a saída de bola, que se aproveitou do inexplicável nervosismo inicial do Flamengo, que mostrou exemplar tranqüilidade e que, embora não conte com um Adriano, teve mais competência para finalizar. Pode-se dizer tudo isso e não vou discordar. Mas ninguém me tira de cabeça que o Flamengo tinha a obrigação moral de derrotar os chilenos no Maracanã.

O problema não é com esse time nem com esse técnico, embora sejam eles a representar as cores do clube e, merecidamente, a receber as críticas pelos acontecimentos de hoje. O problema é que o Flamengo, em algum momento nos últimos 17 anos, deixou-se impregnar por uma vocação para o ridículo, especialmente no Maracanã, palco dos principais vexames. E a dificuldade para se livrar dela é inacreditável.

***

A frase do jogo é de Bruno, ainda no intervalo da partida, quando começava a buscar explicações para a derrota parcial por 2 x 1:

“O Flamengo é o Flamengo...”

Não vale a pena citar o resto do raciocínio. A primeira oração resume tudo o que tentei dizer lá em cima.

***

É contraditório, mas ainda acredito na classificação para as semifinais. Haja sofrimento.

Fotos e montagem: GloboEsporte.com

Reencontro decisivo


O confronto com o Universidad de Chile, pelas quartas-de-final da Libertadores, poderia perfeitamente lembrar os rubro-negros dos duelos contra Defensor, em 2007, e América do México, em 2008, ambos pelas oitavas-de-final do mesmo torneio. Afinal, os três adversários têm algo em comum: são clubes de pouca ou nenhuma expressividade internacional, daqueles que os brasileiros costumam (ou costumavam, no caso de alguns) menosprezar, achar que já os tinham derrotado por antecipação.

Exatamente por isso - e por disputar, paralelamente, a decisão do Campeonato Carioca, excessivamente valorizado na Gávea -, o Flamengo levou ferros vergonhosos de uruguaios e de mexicanos. Contra os chilenos, no entanto, a história deve ser outra: como enfrentou o Universidad de Chile na primeira fase e não conseguiu nem uma vitória sequer (perdeu em Santiago e empatou no Rio de Janeiro), o clube deve tratar os dois jogos com a seriedade merecida, ciente de que não pode bobear. Ainda bem.

São duas as incógnitas para o duelo do Maracanã: Adriano e Kleberson. Todo rubro-negro está curioso para saber como o Imperador vai reagir após não ter sido convocado por Dunga para a Copa do Mundo. Quanto ao apoiador, chamado para a Seleção Brasileira, o receio é o mesmo que expresso aqui há dois dias: se ele vai colocar o pé em dividida. Num jogo duro como o de hoje, não dá para ficar com a cabeça na África do Sul. E concentração não é o forte de Kleberson.

O certo é que o Flamengo dependerá bastante dos dois. Adriano, por ser Adriano. Kleberson, por ser o homem responsável pela criação das jogadas num meio de campo composto pelos volantes Rômulo, Maldonado (que não foi convocado por Marcelo Bielsa e também está fora da Copa) e Willians. No segundo tempo contra o Corinthians, isso funcionou. Kleberson também se destacou no domingo, no mistão que empatou com o São Paulo. Apesar de tudo, eu iria de Petkovic.

Desde que mantenha a concentração e a dedicação dos jogos contra o Corinthians, o Flamengo é o favorito, independentemente da escalação de Rogério. Incógnitas à parte, é possível confiar nos calejados Bruno, Ronaldo Angelim, Maldonado, Leo Moura, Juan e Vagner Love. O Universidad de Chile não é fraco e o técnico Gerardo Pelusso não é bobo. Mas o time chileno é inferior. De qualquer maneira, os caras estão invictos e tal. Vai ser difícil.

***

Parabéns para Fierro, o outro representante rubro-negro na África do Sul.

terça-feira, 11 de maio de 2010

E deu no que deu


Imagino o tamanho do prejuízo, para a Seleção Brasileira, se Júlio César ou Kaká se machucarem. O goleiro não tem reservas à altura. E o meia-atacante simplesmente não tem um substituto. Mas isso é problema do Dunga. Minha principal preocupação, neste momento e mesmo durante a Copa do Mundo da África do Sul, é o Flamengo.

Impossível encontrar um rubro-negro que não se pergunte como Adriano vai reagir à merecida não convocação para o Mundial. Alguns acreditam na recuperação do atacante, com gols e fúria em profusão para provar seu valor. Outros, que ele vai sucumbir ao golpe de hoje e se afundar ainda mais. Creio na segunda hipótese.

Não torci por Adriano nem contra ele nessa corrida pela Copa do Mundo. Não nas últimas semanas, irritado que estive com seu desleixo. Mas o Imperador terá meu apoio, até porque é disso que ele precisa. E porque o Flamengo precisa dele, a começar por amanhã, contra o Universidad de Chile, pela Libertadores.

Parece que Adriano chorou ao conversar por telefone com seu procurador, Gilmar Rinaldi. E que o psicólogo do Flamengo, Paulo Ribeiro, trocará (ou já trocou) uma ideia com ele. O técnico Rogério e os jogadores vão apoiá-lo. Mas só a partir de amanhã será possível ter uma noção sobre o comportamento do centroavante.

***

Sobre Kleberson, convocado por Dunga mesmo sem ter jogado para isso, permanece a dúvida: ele vai colocar o pé em dividida contra o Universidad de Chile?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Será que ele vai?



Acho improvável o Adriano não ser convocado para a Copa do Mundo da África do Sul, embora tudo possa acontecer. Mas é inacreditável como o Imperador gosta de sabotar a si próprio.

Leio no GloboEsporte.com que ele treinou mal hoje à tarde. Esteve lento e sem mobilidade como em quase toda a temporada, apesar da ótima média de gols.

E olha que o Adriano até ensaiou uma melhora contra o Corinthians, na última quarta-feira, no Pacaembu, quando ganhou de um adversário na arrancada nos minutos finais de jogo e entregou para Kléberson, que chutou para fora.

Só que o cara já faltou a treino no fim de semana e nem jogou ontem. Isso para não falar da ausência justamente no dia em que Jorginho, auxiliar de Dunga, visitou o clube.

Confesso, porém, estar indiferente ao assunto Adriano na Seleção Brasileira.

Só quero que, cortado ou não da lista final, ele volte (se ficar no clube) a jogar bem pelo Flamengo – seja por conta da empolgação pós-Mundial ou para dar uma resposta ao Dunga.

Infelizmente, acho cada vez mais difícil isso acontecer.

***

Kléberson, pelo menos, passou a jogar futebol quando se viu com a corda no pescoço. A ótima fase do apoiador já dura um jogo e meio. Impressionante.

Mas fica a pergunta: caso ele seja convocado, vai colocar o pé em dividida na quarta-feira, contra o Universidad de Chile?

domingo, 9 de maio de 2010

Pode fazer falta em dezembro (Fla 1 x 1 São Paulo)



O jogo foi bom. Mas o resultado, apesar de justo, é ruim para o Flamengo. Na oitava edição disputada por pontos corridos do Campeonato Brasileiro, todo mundo sabe a falta que podem fazer, lá na frente, dois pontinhos perdidos em casa. Especialmente quando o adversário da estreia é um concorrente na disputa do título – claro, desde que Flamengo e São Paulo confirmem as previsões e de fato lutem pela taça, pois teremos pausa para a Copa do Mundo, janela de transferências e os resultados da Libertadores.

É interessante como quase sempre são agradáveis as partidas entre os dois clubes. Mesmo com equipes mistas em campo, até porque cariocas e paulistas têm no elenco jogadores capazes de suprir a falta de alguns titulares. Mistão por mistão, no entanto, o do São Paulo é melhor. No Flamengo, não há quem supra à altura as ausências de Maldonado, de Leo Moura, de Vagner Love e de Adriano.

Com Rômulo, Toró e Fernando no meio, o Flamengo viu o São Paulo, com jogadores mais técnicos no setor, dominar o jogo. O time atacava pouco, embora Kleberson, ainda correndo atrás da convocação para a Copa do Mundo, fizesse boa partida – aliás, ele poderia mostrar sempre a concentração e disposição de hoje, pois é evidente que sabe jogar bola.

Já Pet, em posição um pouco diferente da habitual por causa da ausência de Love, não estava mal e Dennis Marques, para variar, era nulo – com desconto dessa vez, porque era o único atacante da equipe. O São Paulo criou as melhores chances do primeiro tempo e mereceu o gol no final, apesar da melhora do Flamengo a partir dos 20 e tantos minutos.

Na segunda etapa, o time deu a mesma sorte do duelo com o Corinthians: marcou um gol logo no início, com participação decisiva de Michael, que substituiu Fernando e tornou o time mais ofensivo. No melhor estilo Petkovic, ele lançou Dennis Marques, que livre, concluiu no melhor estilo Dennis Marques: um chute rasteiro e fraco. A bola só entrou porque o superestimado Rogério Ceni mostrou a manjada falta de reflexo, nunca mencionada pela imprensa paulista.

O empate animou o Flamengo, mas o São Paulo ainda teve mais posse de bola durante algum tempo. A situação se inverteria posteriormente, com Juan aparecendo mais para o jogo, Michael eficiente, Petkovic bem até ser substituído e Dennis Marques aceitável. O time perdeu alguns gols, mas foi ameaçado e poderia ter sofrido o segundo. E ficou nisso.

Resta agora esperar a convocação de Dunga, terça-feira, e torcer para que, a depender das decisões do treinador a respeito de Kleberson e de Adriano, isso não afete o desempenho dos dois na quarta-feira, contra o Universidad de Chile.

***

Ainda acho que Pet tem deve ser titular desse time. Mesmo com Kleberson na ótima fase de um jogo e meio e com Michael tentando se recuperar após a boba expulsão no primeiro confronto com o Corinthians.

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Eis a frase do jogo:

“O atacante tem de ser frio naquela hora, precisa ter cabeça de gelo. A oportunidade apareceu e consegui marcar.”

A declaração poderia ser de Dennis Bergkamp. Mas é de Dennis Marques, publicada no UOL Esporte.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O pensamento é o fundamento



Com a cuca fresca, dois dias após a melhor quarta-feira do ano, não custa nada um pequeno exercício de reflexão: se tivesse disputado o título do Campeonato Carioca em dois jogos decisivos contra o Botafogo, nos dois últimos domingos, o Flamengo teria eliminado o Corinthians da Libertadores, garantindo a classificação para as quartas-de-final do torneio sul-americano?

De pronto, eu arrisco a resposta: nunca, qualquer que fosse o elenco, o técnico, o gerente de futebol ou o presidente. Talvez o Flamengo até faturasse o Tetra no Rio de Janeiro, mas, provavelmente, pagaria o preço por ter dispensado exagerada atenção ao Botafogo e à possibilidade de sacaneá-lo na segunda-feira. E o Corinthians, mais concentrado e menos desgastado, levaria a melhor no ano de seu centenário.

O que não significa que abandonar o estadual é garantia de sucesso continental. O próprio Corinthians, que não chegou nem sequer às semifinais do Campeonato Paulista, está aí para provar o contrário. Mas é óbvio constatar que, para o Flamengo, o único caminho para o sucesso na América – ou mesmo para ir longe Copa do Brasil, se fosse o caso – é ficar de fora da decisão doméstica.

Nesse contexto, vale também o exercício de futurologia: caso conquiste a Libertadores, o que fará o Flamengo? Jogará com o time reserva durante todo o Campeonato Brasileiro, mesmo sabendo que isso pode dar até em rebaixamento, com o objetivo de se poupar para o Mundial de Clubes? Ou saberá dosar a disputa da competição nacional com a preparação para a conquista do planeta?

Ainda é cedo para a torcida pensar no assunto, mas, para os dirigentes, imaginar todas as possibilidades com antecedência é obrigação. Mesmo que o principal problema aser tratado na Gávea por esses dias se chame Universidad de Chile – impossível aceitar que o Flamengo ainda não tenha derrotado esse time em 2010. O lado bom do retrospecto negativo é que não haverá oba-oba antecipado. Estarão todos em alerta.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quartas-de-final, até que enfim (Corinthians 2 x 1 Fla)


Difícil encontrar um rubro-negro que não tenha respirado com alívio quando o árbitro uruguaio Roberto Silvera apitou o fim do primeiro tempo. O placar de 2 x 0 para o Corinthians, por incrível que pareça, ficara barato para o Flamengo.

O time era sufocado pelos paulistas, e muito mais por incompetência própria que por mérito do adversário. Sem jogadores com características de tocar a bola e a marcação muito atrás, o Flamengo assistiu o Corinthians jogar e perder gols durante os 45 minutos mais longos do ano.

Nesse quadro assustador, temi pelo futuro de David, que abriu o placar para o Corinthians com um gol contra. No segundo, de Ronaldo, o crédito foi de Dentinho, que cruzou com perfeição. Mas era o jovem zagueiro que estava novamente a marcar o gordo: a senha para a crucificação em caso de eliminação do Flamengo.

Incrível como a equipe melhorou no segundo tempo. Rogério tirou o improdutivo Pacheco, que não tem bola para ser titular, e colocou Kleberson. Em 15 minutos, o apoiador produziu mais e melhor que em cinco meses de temporada. O Flamengo passou a ter um pouco mais de toque de bola e Juan e Leo Moura apareceram para o jogo.

Claro que não dá para desprezar a sorte: o gol rubro-negro logo no início da segunda etapa. Isso faz – e fez – muita diferença no andamento do jogo e nas análises após a partida. O passe para Vagner Love foi de Kleberson, mas bonito mesmo foi o toque de Juan para o apoiador.

O segundo tempo nervoso, mas sem muita correria e lances de gol do Corinthians, reforçou minha impressão a respeito do time de Mano Menezes. Os caras simplesmente não conseguem pôr fogo na partida. Não o fizeram no Macaranã, com um jogador a mais desde o primeiro tempo, nem nessa noite, quando precisavam marcar o terceiro para se classificar.

Na verdade, o Flamengo esteve muito perto de igualar o placar, com o time fechadinho atrás e o contra-ataque funcionando. Leo Moura jogou muito, Kleberson também, Juan foi bem e Vagner Love, um leão, voltava para compor o meio e levava muito perigo na frente – embora, claro, tenha se embolado com a bola algumas vezes, e tentado conduzi-la quando não era o momento. E David se recuperou legal do baque.

Adriano se animou e, no fim, ainda conseguiu levar um zagueiro no corpo e na corrida e dar belo passe para Kleberson, que chutou para fora. Aliás, o Imperador mostrou novamente, em alguns lances, ter mais inteligência que a maioria dos companheiros de time e dos adversários. Sabe segurar a bola, soltá-la na hora certa sem deixar o colega em impedimento, virar o jogo.

Já Bruno... Falhou no segundo gol, fez muita cera (que novidade...) e salvou o time nos descontos, ao defender falta cobrada com perfeição por Chicão. Ainda pegou bem dois perigosos chutes de Ronaldo no primeiro tempo.

Kleberson ganhou moral com Rogério, certamente. Na falta de um meia que resolva, como Petkovic no ano passado, a saída parece mesmo jogar com três volantes e liberar Leo Moura e Juan. Mas com Vinícius Pacheco não dá – e ainda acho que Pet poderia ter começado jogando.

Ah, sim: alguém entendeu porque Rogério trocou Love tão cedo por Fierro? Risco desnecessário.

Ainda há correções a serem feitas, mas o importante foi a conquista da vaga e o fim do fantasma das oitavas-de-final. Torço para enfrentar o Universidad do Chile novamente. Tenho certeza que o Flamengo vai pra cima dos caras com sede de vingança. Até porque, finalmente, os jogadores parecem encarar seus compromissos com seriedade.

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Inacreditável: o Flamengo aprendeu usar o regulamento de um torneio mata-mata a seu favor.

***

Na falta de algo melhor, a frase do jogo vai para Leo Moura, em entrevista coletiva no vestiário do Pacaembu. Ele disse o seguinte a respeito da torcida do Corinthians, que não deixou os jogadores do Flamengo dormirem na noite anterior ao clássico:

“Acho que foi uma atitude inteligente de jogar fogos na madrugada porque hoje eles não iam soltar mesmo.”

Falou, tá falado.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eu tive um sonho


Noite passada, sonhei que acabava de acordar. Já era noite e eu havia perdido boa parte do Corinthians x Flamengo, no Pacaembu.

Liguei a televisão apressado: faltavam 15 minutos para o final do jogo e o Flamengo vencia por 1 x 0.

O Corinthians tentava a reação, mas o técnico Rogério estava na zaga e aliviava a pressão paulista na base dos chutões para o alto.

Milhares de policiais faziam um cordão ao redor do campo para proteger os jogadores, pois a torcida do Corinthians, p* da vida, pulara os portões e queria invadir o gramado.

Mesmo assim, a partida se desenrolava sem maiores transtornos, e nada indicava que o árbitro quisesse encerrar o jogo.

Quando veio o apito final, após um segundo tempo de 50 minutos, Adriano foi carregado pelos jogadores. Não sei dizer se o gol da vitória foi marcado por ele.

Só lembro que, apesar da vitória e da classificação assegurada, eu estava contrariado por ter perdido quase todo o jogo.

Acordei de madrugada, ainda sem saber exatamente se o que tinha acontecido era sonho ou realidade. Quando percebi que era só um sonho, voltei a dormir. Bizarro.

É nisso que dá controlar a ansiedade em relação a um jogo decisivo ao longo de quase uma semana: quando você acha que está tranquilo, ela aparece de uma vez e te pega de surpresa.

***

Agora, sobre a vida real.

Esse Corinthians x Flamengo era jogo para Petkovic. Melhor começar com ele que colocá-lo no segundo tempo, pois é impossível prever o que estará escrito no placar eletrônico do Pacaembu quando Rogério resolver colocar o sérvio.

Muita gente acha que Petkovic não aguenta a correria inicial. Isso não cola. No Campeonato Brasileiro do ano passado, ele resolveu jogos importantes justamente porque esteve em campo desde o início: contra Palmeiras e Atlético-MG, por exemplo, ambos fora de casa, quando o gringo meteu gols no primeiro tempo.

Um lançamento preciso, uma cobrança de falta perfeita e um gol olímpico são algumas das jogadas do repertório de Petkovic que Vinícius Pacheco não tem muita capacidade para executar.

Claro, também não custa rezar para que Adriano seja o Adriano dos bons momentos do último Brasileiro e que Ronaldo seja o Ronaldo da última quarta-feira.

Para o Flamengo, o jogo do ano. Para o Corinthians, o jogo do século - os caras nunca ganharam a Libertadores e estão no ano do centenário. Como se concentrar no trabalho?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Flamengo detonado pela Placar


Pausa no Flamengo x Corinthians. É hora de protesto no Fla 43.

Não é de hoje que a revista Placar tem derrapado feio quando o assunto diz respeito ao Flamengo, diretamente ou indiretamente. Uma edição de 2008 garantia que o Corinthians era o time mais odiado do Brasil. Em janeiro deste ano, a edição especial sobre o Campeonato Brasileiro brindou os leitores com um longo texto que colocou em dúvida a credibilidade do Hexa – eis alguns trechos:

“Na antepenúltima rodada, o Corinthians caiu diante do Flamengo. Os alvinegros demonstraram o mesmo futebol desinteressado que exibiram na maior parte da competição; talvez com um pouco mais de desinteresse...”

“Numa tacada só, a vitória deixou os cariocas com a mão na taça, fez o outrora todo-poderoso São Paulo (mutilado pelos desfalques do Tribunal...)”

Como as reticências comprovam, a Placar não poupou ironia ao descrever a reta final do Campeonato Brasileiro de 2009. Mas a revista se superou em abril, em edição recheada por conta das comemorações de seu 40º aniversário. Uma das atrações deste número, o de 1.341, é assinada pelo repórter Jonas Oliveira: um ranking descrito como a lista dos “40 maiores jogos de clubes brasileiros testemunhados pela revista.” A senha para a mais nova injustiça cometida por Placar contra o Flamengo.

Vamos aos fatos. Entre os 12 maiores clubes do país, Flamengo e São Paulo são os mais presentes nesses 40 grandes jogos: cada um aparece 10 vezes. Em seguida, vêm Corinthians, Internacional e Palmeiras (sete), Cruzeiro (seis), Vasco (cinco), Atlético-MG, Fluminense e Santos (quatro), Grêmio (três) e Botafogo (duas).

Mas a aparente supremacia rubro-negra é quebrada assim que se calcula o retrospecto do clube na relação escolhida. Dos 10 jogos em que aparece, o time venceu quatro e perdeu seis. Só há outro grande no prejuízo, o Atlético-MG, com uma vitória e três derrotas.

A desvantagem rubro-negra em relação aos demais torna-se flagrante, porém, quando se analisa os resultados das partidas. Dos 40 jogos, há nove goleadas, cinco sofridas pelo Flamengo: 0 x 6 para o Botafogo (Brasileiro de 1972), 1 x 4 para o Palmeiras (Brasileiro de 1979), 2 x 4 para o Palmeiras (Copa do Brasil de 1999), 1 x 4 para o Vasco (Brasileiro de 1997), 1 x 4 para o Corinthians (Brasileiro de 1984).

Não dá para entender o critério utilizado pela revista. As goleadas sofridas para Palmeiras (a de 4 x 1) e Botafogo, por exemplo, tiveram trocos muito bem dados, em jogos tão inesquecíveis para os rubro-negros quanto os outros para os dois rivais. Sem contar as inúmeras surras aplicadas no Corinthians ao longo de quatro décadas.

Para piorar, a lista não menciona os 3 x 0 do Flamengo de Leandro, Júnior e Zico sobre o Liverpool, na decisão do Mundial de Clubes de 1981. Mas lembra o ridículo 1 x 0 do São Paulo de Mineiro e Aloísio Chulapa contra o mesmo time inglês e pelo mesmo torneio, num jogo em que os paulistas passaram o segundo tempo inteiro encolhidos na defesa, rezando para ouvir o apito final.

Talvez alguém atribua as escolhas de Placar ao fato de o Flamengo ser o clube mais importante do país, aquele sobre quem uma vitória ganha contornos heróicos, e não tiro a razão de quem pensa desta maneira. Mas seria boa vontade demais. Com uma escolha tão sem pé nem cabeça, não dá nem para celebrar, de tão óbvio, o acerto no melhor jogo de clubes brasileiros dos últimos 40 anos: Flamengo 3 x 2 Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro de 1980.

O tratamento foi desigual.

***

Para quem teve saco de chegar até aqui, o Fla 43 reproduz a lista da Placar. Já segundo tópico é cortesia do blog, que fez a conta com o retrospecto de cada um dos 12 maiores clubes do país na lista.

Maiores jogos:

40. Atlético-PR 4 x3 Coritiba (Campeonato Paranaense 1971)
39. Botafogo 6 x 0 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1972)
38. Corinthians 1 x 1 Inter (Campeonato Brasileiro 2005)
37. São Paulo 3 x 2 Santos (Campeonato Brasileiro 2002)
36. Bahia 2 x 1 Inter (Campeonato Brasileiro 1988)
35. São Paulo 3 x 4 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1982)
34. Portuguesa 2 x 5 Vasco (Campeonato Brasileiro 1984)
33. Vasco 2 x 3 Fluminense (Campeonato Brasileiro 1988)
32. Cruzeiro 2 x 1 São Paulo (Copa do Brasil 2000)
31. Flamengo 2 x 0 Cobreloa (Libertadores 1981)
30. Atlético-MG 4 x 2 Cruzeiro (Campeonato Brasileiro 1999)
29. Inter 2 x 1 Atlético-MG (Campeonato Brasileiro 1976)
28. Flamengo 1 x 4 Palmeiras (Campeonato Brasileiro 1979)
27. Santos 0 x 2 Cruzeiro (Campeonato Brasileiro 2003)
26. Inter 2 x 1 Grêmio (Campeonato Brasileiro 1988)
25. Corinthians 3 x 2 São Paulo (Campeonato Brasileiro 1999)
24. Palmeiras 4 x 2 Flamengo (Copa do Brasil 1999)
23. São Paulo 1 x 0 Liverpool (Mundial de Clubes 2005)
22. Corinthians 2 x 3 Palmeiras (Libertadores 2000)
21. São Paulo 4 x 4 Palmeiras (Campeonato Brasileiro 1985)
20. Cruzeiro 3 x 2 River Plate (Libertadores 1976)
19. Atlético-MG 2 x 3 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1987)
18. Fluminense 3 x 1 São Paulo (Libertadores 2008)
17. São Paulo 3 x 2 Botafogo (Campeonato Brasileiro 1981)
16. Vasco 4 x 1 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1997)
15. Estudiantes 3 x 3 Grêmio (Libertadores 1983)
14. Palmeiras 3 x 4 Corinthians (Campeonato Paulista 1971)
13. Cruzeiro 5 x 4 Inter (Libertadores 1976)
12. Santos 3 x 2 Corinthians (Campeonato Brasileiro 2002)
11. Santos 5 x 2 Fluminense (Campeonato Brasileiro 1995)
10. Corinthians 4 x 1 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1984)
9. Guarani 3 x 3 São Paulo (Campeonato Brasileiro 1986)
8. Vasco 5 x 2 Corinthians (Campeonato Brasileiro 1980)
7. Inter 1 x 0 Cruzeiro (Campeonato Brasileiro 1975)
6. Fluminense 3 x 2 Flamengo (Campeonato Carioca 1995)
5. Náutuco 0 x 1 Grêmio (Série B 2005)
4. Palmeiras 2 x 3 Inter (Campeonato Brasileiro 1979)
3. São Paulo 2 x 1 Barcelona (Mundial de Clubes 1992)
2. Palmeiras 3 x 4 Vasco (Copa Mercosul 2000)
1. Flamengo 3 x 2 Atlético-MG (Campeonato Brasileiro 1980)

Retrospecto por clube:

Flamengo – 10 jogos (4 vitórias, 6 derrotas - 5 por goleada)
São Paulo – 10 jogos (4 vitórias, 2 empates, 4 derrotas)
Corinthians – 7 jogos (3 vitórias, 1 empates, 3 derrotas)
Internacional – 7 jogos (4 vitórias, 1 empate, 2 derrotas)
Palmeiras – 7 jogos (3 vitórias, 1 empates, 3 derrotas)
Cruzeiro – 6 jogos (4 vitórias, 2 derrotas)
Vasco – 5 jogos (4 vitórias, 1 derrota)
Atlético-MG – 4 jogos (1 vitória, 3 derrotas)
Fluminense 4 jogos (3 vitórias, 1 derrota)
Santos – 4 jogos (2 vitórias, 2 derrotas)
Grêmio– 3 jogos (1 vitória, 1 empate, 1 derrota)
Botafogo – 2 jogos (1 vitória, 1 derrota)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os pitacos, com atraso


Após um fim de semana longe do computador e do noticiário, deixo, com atraso, meus pitacos sobre a ausência de Adriano no treino de sábado e a atitude do Flamengo a respeito do assunto:

* A decisão do supervisor Isaías Tinoco de descontar do pagamento do Imperador o dia não trabalhado e repor o treino perdido numa data qualquer foi, dentro do contexto problemático do Flamengo, a decisão mais acertada nesta semana de jogo decisivo da Libertadores. Barrar Adriano do duelo contra o Corinthians para mostrar uma suposta e inexistente autoridade do clube seria decisão totalmente descabida e fora de hora. Não adianta enquadrar ninguém na semana mais importante do ano, pois não se enquadra nenhum graúdo da Gávea há pelo menos 15 anos.

* Perder a vaga sem Adriano em campo, barrado, seria pior do que a desclassificação com ele se arrastando. Pois não haverá novidade alguma se o Flamengo for eliminado e todo o mundo cair de pau em cima do centroavante e do clube, acusando o primeiro de irresponsabilidade e o segundo de conivência – e os dois de falta de profissionalismo, o que é verdade. Isso já tem acontecido ao longo da temporada. O bicho pegaria mesmo se o Imperador assistisse a uma possível derrota rubro-negra das tribunas do Pacaembu ou da televisão de casa, com Mezenga tendo de resolver a parada.

* Acho interessante o tal choque de ordem prometido por Patrícia Amorim, mas não vejo como isso ser implantado da noite para o dia. Não de forma profunda e definitiva. O Flamengo evoluiu, mas ainda não estabeleceu a fama de bom pagador, não apresenta estrutura adequada de treinamentos, enfim, esses detalhes importantes que, se não garantem títulos, ajudam a conquistá-los e contribuem para um ambiente saudável trabalho e para imagem do clube entre os jogadores e no mercado – o Flamengo tem faturado alto com patrocinadores, por exemplo, mas poderia faturar mais.

* E repito o que escrevi antes do fim do Campeonato Carioca: “No fim das contas, a história desse time será contada a partir dos resultados. Se o Flamengo de 2010 for um time campeão, dentro de 10 anos poucos vão lembrar-se das péssimas atuações da equipe e de alguns problemas extra-campo – fabricados ou não – que têm marcado a temporada. Se for um time derrotado, alguém vai levar a culpa: Adriano, Pet, Bruno, Vagner Love, Leo Moura, Andrade, Marcos Braz... Ninguém estará livre do julgamento.” Um título já foi perdido e os dois últimos da lista, condenados.

Portanto, melhor julgar Adriano após a Libertadores.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vigilantes do peso


Olho gordo, torcida do Flamengo, a cada vez que o gordo pegar na bola.

Olho no gordo, volantes e zagueiros do Flamengo, a cada vez que o gordo se mexer com o objetivo de encostar na pelota.

Parece cedo para tocar no assunto, mas não é. Desde já, nestes dias de preparação para o jogo de volta contra o Corinthians, Rogério e os jogadores não devem esquecer Ronaldo durante um segundo sequer.

Porque só se fala nele desde que Carlos Amarilla apitou o fim do duelo do Maracanã. Ronaldo é alvo dos comentaristas esportivos, dos jornais italianos, da torcida do Corinthians, da torcida do Flamengo, d’O Globo e até da Folha de São Paulo – o diário paulista informa hoje que o Fenômeno tem o pior desempenho, na temporada, entre os centroavantes dos 12 maiores clubes do país.

Mas Ronaldo - é chato, repetitivo e lugar-comum lembrar - já cansou de calar a boca de quem o considerava acabado. Kléberson, preterido até do banco de reservas por Rogério na quarta-feira, acompanhou de perto a virada do Fenômeno na Copa de 2002 e pode ser útil nesse ponto, no alerta aos colegas sobre a capacidade do adversário, embora qualquer garoto de 15 anos conheça bem a história.

Portanto, é proibido na Gávea entrar na onda geral e achar que Ronaldo não está com nada. Especialmente o jovem David, que já teve de responder perguntas a respeito de sua ótima atuação no Maracanã, com eficiente marcação sobre o Fenômeno.

Claro que a apertada vitória por 1 x 0 ajuda os rubro-negros a se manterem no clima de tensão necessário, pois, por incrível que pareça, uma vantagem de 2 x 0 costuma ser excessivamente perigosa para o Flamengo, que adora relaxar antes da hora – acho até que, se aquela cabeçada de Adriano entrasse, o time levaria pouco depois aquele golzinho muquirana e iria ao Pacaembu com uma vantagem menor.

Olho em Dentinho, olho em Roberto Carlos, olho em Elias, mas olho principalmente no gordo. A última coisa que a torcida quer é ver esse cara arrebentar em cima do Flamengo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Finalmente, o verdadeiro Flamengo (Fla 1 x 0 Corinthians)



Vitória com um jogador a menos desde o primeiro tempo, debaixo de chuva que quase estragou a partida, com organização, fibra e atenção de sobra. Pela primeira vez em 2010, o verdadeiro Flamengo mostrou a cara. Foi bonito de se ver. E, no fim das contas, o placar de 1 x 0, com pênalti bem cobrado por Adriano, ficou barato para o Corinthians, que parecia ter tudo a favor após a expulsão de Michael.

O jogo desta noite, no Maracanã, provou que o Flamengo tem time. Bastou a mudança de postura. À exceção óbvia de Michael, todos os jogadores foram bem, com destaque para Willians, David, Ronaldo Angelim, Adriano e Juan e Leo Moura, que, na ausência forçada de um meia de criação, reeditaram os velhos tempos, brilharam individualmente, coletivamente e ainda ajudaram na defesa.

Juan, que não vinha jogando nada, fez sua melhor partida no ano. Tranquilo e seguro, participou de vários lances de perigo e sofreu o pênalti num lance que é sua marca registrada. Quem é rubro-negro ou ao menos acompanha os jogos do time já sabia que ele seria derrubado antes do corintiano Moacir se aproximar.

Leo Moura, um dos poucos que se salvava nas péssimas apresentações recentes, mostrou a velha habilidade e se entendeu perfeitamente com Willians no ataque, especialmente no segundo tempo, quando a chuva deu trégua e foi possível jogar futebol no Maracanã. Willians, aliás, foi aquele dos melhores momentos do Flamengo no ano passado, esperto nos desarmes e com fôlego invejável.

Adriano quase não tocou na bola no primeiro tempo, justamente quando deveria ter sido mais acionado, já que o gramado do Maracanã estava uma piscina. O Flamengo jogou bem nos 45 minutos iniciais, mas não aproveitou tanto a força do Imperador. Na segunda etapa, ele não foi brilhante, mas deixou o gol da vitória e esteve muito a fim de jogo – afinal, são as últimas chances de garantir vaga na Copa do Mundo.

David e Ronaldo Angelim, bem protegidos, faça-se justiça, não falharam e conseguiram segurar o Corinthians: Ronaldo esteve patético, mas é Ronaldo; Dentinho e Roberto Carlos são perigosíssimos. E o mais legal em David é o estilo vibrante, perfeito para os closes das milhares de câmeras de televisão, que o flagraram gritando várias vezes e até pedindo ajuda de Juan na defesa.

As substituições de Rogério (não consigo e acho que não vou conseguir chamá-lo de Rogério Lourenço) foram corretas. A torcida pediu, mas não era jogo para Petkovic, não com Michael expulso e a consequente necessidade de corrida em dobro.

Aliás, Michael, expulso estupidamente após cometer a segunda falta por trás e levar o segundo cartão amarelo, é o destaque negativo da noite. O rigoroso árbitro Carlos Amarilla, do Paraguai, já havia expulsado Willians contra o Universidad Católica, na estreia do Flamengo, com um minuto de jogo. O mínimo que se poderia esperar dos jogadores era conhecer o estilo de arbitragem e segurar a onda.

Sobre o Corinthians: o time não soube aproveitar a significativa vantagem de ter um jogador a mais desde o primeiro tempo. Levou pouquíssimo perigo. Só assustou mesmo nas venenosas cobranças de falta de Roberto Carlos em direção à área e no fim. Mas não dá para brincar com um time que pode se dar ao luxo de tirar Danilo e Dentinho para colocar Jorge Henrique e Iarley. Mano Menezes tem elenco de sobra.

Hoje, foi o Macaranã. Na próxima quarta-feira, será o Pacaembu a ferver. Não dá para desprezar a vantagem, especialmente o fato de o Flamengo não ter sofrido gol. O empate é rubro-negro, derrotas por 2 x 1, 3 x 2 e outras a partir daí, por um gol diferença, também. Mas não se iluda: vai ser foda.

***

A frase do jogo é do técnico Rogério, em entrevista à reportagem da Globo:

“Parabéns pros jogadores, foram guerreiros e honraram essa camisa da melhor forma possível.”

E parabéns do Fla 43 para o ex-zagueiro, que já usou a braçadeira de capitão do Flamengo, pela aula de rubro-negrismo para todo o país.

Ah, meu irmão acaba de contar que ele agradeceu ao Andrade pela montagem da equipe e mencionou a conquista do Hexa pelo Tromba.

Começou bem.

***

O árbitro Carlos Amarilla expulsou Michael corretamente, mas errou ao não mandar para o chuveiro o lateral Roberto Carlos. Ele já recebera cartão amarelo por reclamação e, no fim do jogo, meteu malandramente a mão na bola para levar vantagem numa jogada. Mas o paraguaio preferiu advertir Fierro com o amarelo, só porque o chileno deu um biquinho na bola com o jogo parado.

Fotos: GloboEsporte.com

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tostão, sobre o Flamengo


No embalo de Flamengo x Corinthians, segue trecho da coluna de hoje do Tostão:

"A única coisa importante que realmente mudou no Flamengo foi a queda das condições físicas e técnicas de Adriano e Petkovic. Isso fez a diferença."

Leia a íntegra do texto aqui (eis a dica: ao contrário da Folha de São Paulo e do Correio Braziliense, o conteúdo de O Povo, do Ceará, é aberto. Tostão escreve todas as quartas e domingos).

NR: a poucas horas do jogo, a tensão toma conta do blogueiro.

Que vença a incógnita



Há pouca rivalidade, não existem traumas e não houve grandes confusões nos duelos entre os dois clubes mais populares do país. As inúmeras surras, as muitas vitórias – inclusive no Pacaembu – e a vantagem em mata-matas do Flamengo não deixaram marcas no Corinthians, pois aconteceram em jogos de menor importância e /ou em fases eliminatórias não muito avançadas de alguns torneios, como nessa Libertadores. Mesmo nas piores fases do time, os rubro-negros se habituaram às convincentes vitórias sobre o bando de loucos do Parque São Jorge.

Mas, dessa vez, a história deve ser diferente, mesmo que o duelo seja válido pelas oitavas-de-final, mesmo que torcedores de Flamengo e de Corinthians sejam até simpáticos um ao outro, mesmo que Léo Moura e Roberto Carlos tenham feito aposta bacana e descontraída com o objetivo de ajudar as vítimas das recentes chuvas do Rio de Janeiro, mesmo que os jogadores dos dois clubes tenham se elogiado mutuamente, na velha tentativa de jogar o favoritismo para o outro lado. O passado de Flamengo x Corinthians não vale mais nada e o Maracanã precisa ferver hoje à noite.

O Flamengo está diante de momento crucial na temporada. Uma eliminação vai sacudir ainda mais a Gávea. Quase ninguém por lá, infelizmente, tem cabeça fria ou boas intenções suficientes para avaliar que perder para o Corinthians de Ronaldo e de Roberto Carlos seria absolutamente normal. Em caso de insucesso, a oposição vai tomar novo fôlego para a eterna briguinha de bastidores e questionar ainda mais o trabalho de Patrícia Amorim, que precisa de tranquilidade e tempo. E a torcida vai protestar – parte dela de forma estúpida - por mais uma Libertadores perdida precocemente e pelo semestre sem títulos.

Além de Adriano e de outras estrelas rubro-negras, dois personagens correm sério risco de terem seus filmes queimados em caso de eliminação: o técnico Rogério Lourenço, por ter sido jogado no fogo pela diretoria, e o volante Rômulo, por ter sido jogado no fogo por Rogério Lourenço. Mas é possível entender as duas escolhas, a do comando do Flamengo por Rogério e a do treinador por Rômulo. Certamente nenhum deles está se lamentando por isso, embora ambos saibam que podem ser julgados rigorosamente com base em duas partidas – ou uma, a depender dos acontecimentos.

Não dá para saber o que esperar do Flamengo. Só acho difícil se animar ao ver a escalação com três volantes e apenas Michael de meia. É depender demais de Leo Moura, da dupla Adriano e Vagner Love e, como em alguns momentos do ano passado, de uma arrancada maluca de Willians. Em Juan, infelizmente, já não se pode depositar a mesma confiança. Armada dessa maneira, a equipe pode ter dificuldades diante de um time muito bem organizado por Mano Menezes. O jogo clama pelo talento de Petkovic, que entrou pilhado contra o Caracas. É noite para o gringo.

O Maracanã verá o duelo entre uma incógnita e um time bem armado, paciente, cujo técnico tem respaldo e tranquilidade para trabalhar – se bem que, se o Flamengo conseguir a vaga, será o Corinthians a promover uma caça às bruxas. Que vença a incógnita.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Jura?


A frase é abaixo de Andrade, em matéria publicada hoje no GloboEsporte.com:

“Todos os brasileiros que estão nas oitavas da Libertadores não foram campeões. O Inter ainda está na disputa (do Gaúcho), mas priorizou o tempo todo a Libertadores. Nós deveríamos ter priorizado. Mas nem por isso os técnicos foram demitidos.”

Com todo o respeito do mundo ao ídolo Andrade, que dedicou a vida ao Flamengo e deu ao clube o Hexa, não é fácil ler isso sem se irritar.

Correção: a entrevista foi publicada pelo jornal Extra. O GloboEsporte.com apenas publicou alguns trechos, mas deu o crédito ao diário carioca.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Provocar Ronaldo é burrice



Se tivessem um pouquinho de memória, os torcedores do Flamengo que planejam azucrinar a vida de Ronaldo desistiriam da ideia rapidamente. Contratar o ex-BBB e drag queen Dicésar para recepcionar, acompanhado de travestis, o atacante no aeroporto, durante a chegada do Corinthians ao Rio de Janeiro e no Maracanã, não é só piada de mau gosto, mas uma tentativa involuntária de cavar a própria cova.

Fustigar um craque é burrice e essa parcela da torcida deveria saber disso, pois já se beneficiou de situação semelhante. Em setembro de 1999, em jogo do Flamengo contra o mesmo Corinthians, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro, os paulistas provocaram Romário o tempo inteiro. Resultado: o Baixinho enfiou dois gols no adversário, garantindo a virada por 2 x 1, e comemorou mandando os alvinegros calarem a boca.

No mesmo mês, em jogo válido pela mesma competição e no mesmo estádio, os corintianos incorreram no erro novamente e encheram a paciência de Edmundo, então no Vasco. Provocado, o atacante jogou muito, meteu dois gols e assegurou a vitória carioca por 4 x 2. Não vejo todos os jogos do Corinthians em São Paulo, mas desconfio que o bando de loucos tenha aprendido a lição.

Há inúmeros outros exemplos, obviamente, como algumas atuações inesquecíveis de Zico nos gramados paulistas, também a silenciar as arquibancadas que o vaiavam com insistência e que até hoje não o aceitam, embora tenham sido obrigadas a engoli-lo. Mas preferi citar dois casos que me marcaram porque os acompanhei ao vivo e pelo curto de espaço em que aconteceram.

Que a hostilidade a Ronaldo se limite às vaias, que começaram já no sábado, em desfile de moda na capital fluminense. O desagrado da torcida do Flamengo em relação ao Fenômeno é compreensível. Até o próprio entende. Mas ultrapassar o limite pode ser a senha para o gordo e boêmio atacante buscar motivação e arrebentar na quarta-feira. Bola pra isso, ele sempre teve e ainda tem.

Também não vale achar que Ronaldo é como Edmundo, que não conseguia nem sequer acertar um pênalti quando enfrentava o Vasco, seu clube do coração. Na dúvida, convém não arriscar. E, já que Márcio Braga já não está mais na área para falar besteira e comprar o chope antes da hora, não custa nada os torcedores se concentrarem apenas no apoio ao Flamengo. Com certeza, será mais útil.

Dica para o novo treinador


Da talentosa geração de jogadores revelada pelo Flamengo no final da década de 1980, Marcelinho, que só ganharia o epíteto Carioca após seguir para o Corinthians, não era o único com talento para os chutes de longa distância.

Dono de potente arremate de perna esquerda, o zagueiro Rogério, atualmente conhecido como Rogério Lourenço, técnico interino do Flamengo, fazia com alguma frequência o que Adriano não tem feito: gols de fora da área, com a bola rolando ou em cobranças de falta.

No Campeonato Brasileiro de 1992, foi o zagueiro quem garantiu a vitória de 1 x 0 sobre o São Paulo, no Maracanã, no primeiro turno do quadrangular semifinal, após cobrança de falta do meio da rua que enganou o já experiente goleiro e entrou no meio do gol – o grupo rubro-negro contava ainda com Vasco e Santos.

Pois o Fla 43 publica as entrevistas de Zetti e de Rogério, concedidas à reportagem da Globo logo após a partida. Os depoimentos estão armazenados em antigo VHS com a campanha do Penta, comprado pelo blogueiro um ano depois da conquista, em 1993:

Zetti: "Foi um chute forte, né. A bola veio cheia de efeito e, na passada, na hora em que tentei voltar, minha perna esquerda escorregou e ficou difícil fazer a defesa."

Rogério: "Acho que não esperava o efeito da bola, que foi muito forte, com muito efeito, e ele foi pro canto, ela fez a curva e voltou."

Então... Rogério bem que poderia convencer Adriano a treinar os chutes de longe. O mesmo precisa ser feito com o jovem zagueiro Fabrício, cuja pontaria anda deficiente.

O fundamento pode ser útil já na quarta-feira, contra o Corinthians, pela Libertadores, no Maracanã.

***
Links do Youtube para Flamengo 1 x 0 São Paulo, com gol de Rógério:
http://www.youtube.com/watch?v=2V62_vwdPZo

http://www.youtube.com/watch?v=Iq-YY74Sgds

domingo, 25 de abril de 2010

Personagens do tumulto



Tudo fica velho com velocidade impressionante hoje em dia. Por isso, deve parecer estranho alguém se pronunciar sobre os últimos acontecimentos do futebol do Flamengo dois dias depois de tudo, uma eternidade. Mas aí vão algumas considerações sobre os principais personagens do tumulto rubro-negro:

Andrade - fui contra a demissão dele, mas concordo que errou bastante nesse ano. Esteve inseguro, perdido em meio à política de privilégio a alguns jogadores, não aproveitou os jogos contra os pequenos do Rio de Janeiro para acertar o time. A demissão é compreensível dentro da realidade do futebol brasileiro, mas Andrade foi submetido a covarde e desnecessário processo de fritura. Um ídolo rubro-negro não precisa passar por isso.

Marcos Braz - não há como fugir do que todo mundo diz por aí: Braz foi importante no Campeonato Brasileiro do ano passado, mas esteve insuportável após a conquista. O ato mais lamentável do vaidoso cartola foi submeter Andrade a covarde processo de fritura, quando condicionou a permanência do técnico no cargo ao afastamento de Petkovic. Enfim, Braz não vai deixar saudades. Só espero que seu substituto seja mesmo um profissional.

Jogadores - se gostavam tanto de Andrade e de Marcos Braz, porque não demonstraram isso no conturbado dia-a-dia e no campo? Um dos poucos a se salvar da apatia geral em campo, Vagner Love mostrou ser igual a outros, com seu protesto infantil (os gritos de “é brincadeira” durante coletiva de Patrícia Amorim). A auto-propalada união desse elenco, com os jantares semanais e tal, parecia legal no início, mas não tem ajudado o clube em nada.

Patrícia Amorim - mostrou coragem para promover as mudanças no futebol. O fato de não ter demitido somente o treinador e anunciar – até para cumprir promessa da campanha – a profissionalização do futebol rubro-negro é interessante. Mas se atrapalhou ao justificar a mudança como a necessidade de dar uma “resposta política” ao grupo que a apoiou. É o tipo de coisa que não precisa ser dita. Vai suar para conseguir sucesso nessa empreitada.

Rogério Lourenço - incógnita. Segundo a coluna de hoje de Renato Maurício Prado, n' O Globo, o interino é tratado na Gávea como “joia a ser lapidada.” Pode até ser efetivado se passar, com sucesso, pelo batismo de fogo nos jogos contra o Corinthians. No momento, é mesmo melhor opção, até porque o novo manda-chuva do futebol do Flamengo ainda não foi escolhido (ou divulgado, ou não confirmou se aceita a proposta rubro-negra, enfim).

De resto, é apoiar o time contra o Corinthians.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Impressões iniciais sobre Flamengo x Corinthians



* Para a imprensa, nada melhor. O Flamengo x Corinthians das oitavas-de-final da Libertadores já impulsiona as vendas de jornais, os acessos aos sites esportivos, a audiência da televisão. Graças, especialmente, a Adriano e Ronaldo, que ainda têm assustadora capacidade de mobilização, mesmo acima do peso e sem jogar p*rra nenhuma. E por ser o duelo entre os dois times mais populares do país. Deve ter havido festa ontem à noite nas redações brasileiras, principalmente na Globo.

* Para o Flamengo, ter a chance de disputar o duelo é lucro. Não fossem os resultados de três jogos de outros grupos, o clube só jogaria de novo em 9 de maio, contra o São Paulo, na estreia do Campeonato Brasileiro. A dúvida é saber que time enfrentará o Corinthians na próxima quarta-feira, no Maracanã, que técnico estará à beira do gramado, que cartola terá a missão de comandar o futebol do novo (?) Flamengo – esclarecimentos nesta tarde, com a presidenta Patrícia Amorim.

* Para a torcida, não há motivo para otimismo, tampouco para pessimismo. Enfrentar o experiente e arrumado Corinthians de Mano Menezes, dono da melhor campanha da primeira fase, é o mesmo que encarar o fraco Universitario, do Peru, porque o Flamengo é totalmente imprevisível na Libertadores. Em 2007 e 2008, classificou-se com campanhas exemplares na primeira fase e levou ferro dos uruguaios do Defensor e dos mexicanos do América, respectivamente. Não dá para saber o que esperar.

* Para os secadores, o primeiro confronto brasileiro da Libertadores 2010 será histórico. Nunca dois jogos de futebol terão mobilizado tantos membros dessa categoria. Flamengo e Corinthians são os clubes mais odiados em seus respectivos estados e no país. Claro que os rubro-negros contam com mais antipatizantes, pois despertam a fúria de torcedores de qualquer clube nos milhares de cidades onde o clube é maioria. Nas duas próximas noites de quartas-feira, as ruas do Brasil estarão desertas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carta aberta ao goleiro do Flamengo


Prezado Bruno,

Quando você levava um frango e era criticado por parte da torcida, especialmente após resultados ruins, lá estava eu para dizer que o dono da camisa 1 rubro-negra era um bom goleiro. E que os bons goleiros também têm o direito de falhar.

Quando você tentava driblar um adversário dentro da área ou subia ao ataque antes da hora para tentar uma cabeçada, eu lhe compreendia. Pois jovens de muito talento, como você, costumam ser impetuosos e excessivamente autoconfiantes.

Quando você criticava a falta de estrutura do Flamengo, eu lhe apoiava. Afinal, o clube oferece muito menos do que poderia e certas verdades devem ser ditas. Eu encarava sua atitude como preocupação legítima com a instituição.

Quando você disse que a torcida do Flamengo, às vezes, atrapalha o time, eu não lhe ataquei. Aliás, ainda acho que você tem certa razão nesse ponto, pois os rubro-negros - às vezes, que fique claro - são exageradamente impacientes.

Quando você era insultado por torcedores rivais, eu comemorava. Pois raciocinava que, com você, Leo Moura, Angelim e Juan, todos há anos no clube, o Flamengo tinha jogadores identificados com a camisa, e que ganhavam títulos. Daí a bronca rival.

Quando você era acusado de bater na mulher, de bater em mulher ou falava sobre isso, como já falou, a coisa mudava de figura. Eu lhe reprovava, duvidava do seu caráter, mas preferia me concentrar nas suas qualidades como jogador de futebol.

Quando você desrespeitou Andrade, nos tempos em que ele era auxiliar, eu lhe reprovei. Mas o tempo passou, veio o título brasileiro, com Andrade no comando, vieram seus elogios ao chefe. E perdoei você: tudo em casa, passado enterrado.

Quando você agrediu Petkovic no vestiário, eu lhe reprovei. Mas critiquei também a velha e frouxa política do clube, ainda não estruturado o suficiente para ter a moral de enquadrar todo mundo, especialmente as prima-donas, como você.

Só que você, Bruno, passou dos limites ao mandar beijinhos irônicos para a torcida, que apoiou o Flamengo durante 90 minutos e deixou o justo protesto apenas para o fim do jogo de ontem contra o Caracas, talvez o último do clube nessa edição da Taça Libertadores.

Você desrespeitou os torcedores que compraram um ingresso caro para apoiar um time em péssima fase - e mergulhado numa fogueira das vaidades – num dia de semana e num horário em que é perigoso andar por aí em qualquer grande cidade.

Você desrespeitou também aqueles que, por não ter dinheiro para o ingresso, por medo da violência, por escolher a companhia da família ou, como eu, por não morar no Rio de Janeiro, acompanharam o fracasso rubro-negro pela televisão.

Você desrespeitou ainda os que ouviram o jogo pelo rádio, os que acompanharam pela internet, os que preferiram poupar o coração e só saber das notícias no dia seguinte, as crianças que não conseguiram ficar acordadas até tarde.

Você mostrou ontem, Bruno, que não tem compromisso com a instituição Flamengo, com a torcida do Flamengo, com a braçadeira de capitão do Flamengo. Pode até continuar fechando o gol e ganhando títulos pelo clube, mas não terá mais o meu respeito.

O mais novo vexame (Fla 3 x 2 Caracas)



Poucas vezes as vaias da torcida aos jogadores foram tão justas.

Poucas vezes os gritos de “time sem vergonha” foram tão bem aplicados.

Mesmo que, muitas vezes, o Flamengo tenha fracassado em jogos fáceis como o desta noite.

Não há desculpa, tampouco absolvidos: ganhar por dois gols de diferença era tarefa simples. A gritante fragilidade do time do Caracas foi escancarada para todo o Brasil.

O Flamengo merece, e não só por hoje, a situação desconfortável na Libertadores a ponto de ser obrigado a secar times de outros grupos. Eis alguns porquês, sem entrar nas confusões extra-campo:

* O time levou nove gols em seis jogos.

* Não conseguiu vencer o limitado Universidad de Chile nenhuma vez.

* Andou em campo no segundo jogo contra o Universidad Católica.

* Sofreu um gol de placa, no melhor estilo Maradona e Messi, de um time da Venezuela.

Para não ser injusto: houve luta. Mas perder tantos gols e falhar grosseiramente na defesa, como no primeiro gol do Caracas, só podia dar no que deu.

Andrade também vacilou, pois demorou a colocar Petkovic quando o jogo implorava pela entrada do sérvio, com tantos espaços no gramado do Maracanã.

Acho que nenhum rubro-negro imaginava que teria de torcer pelos resultados de dois ou três grupos para saber se o Flamengo consegue vaga na próxima fase. A quinta-feira (ih, já é quinta) será difícil.

Melhor definir quem vai sobreviver à caça às bruxas e arrumar logo a casa para o Campeonato Brasileiro.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Queremos entrega, nada mais


Ele não está no texto. Mas fica a homenagem.

A maioria dos jogadores de futebol não sabe nada de história. Nem mesmo a do clube que defende. Bruno confirmou a regra no final do ano passado, quando mandou confeccionar uniforme em homenagem ao goleiro Zé Carlos, falecido poucos meses antes, para jogar a última rodada do Campeonato Brasileiro, contra o Grêmio. O gesto foi nobre, mas Bruno achava que o colega de posição havia sido campeão nacional pelo Flamengo em 1992 – na verdade, foi em 1987.

Por isso, este blog enumera, humildemente, alguns feitos de jogadores e times rubro-negros ao longo dessa centenária trajetória. Quem sabe alguém do atual elenco, por acidente, não se depara com esse espaço virtual antes do decisivo jogo de hoje à noite, contra, o Caracas, no Maracanã. Afinal, o Fla 43 acredita no futuro do país e entende que os boleiros são sensíveis a ponto de encontrar motivação fora das fajutas palestras de autoajuda e das preleções de vestiário.

Portanto, se você joga no Flamengo e veio parar aqui, desligue o celular, o iPod, esqueça seu empresário, as picuinhas que assolam o clube e leia com atenção os tópicos abaixo:

* Em 1927, o ponta-esquerda Moderato disputou decisão contra o Vasco com uma cinta para proteger os pontos da cirurgia de apendicite a que se submetera dois dias antes.

* Em 1944, também contra o Vasco, o argentino Valido jogou com 39 graus de febre e garantiu o título rubro-negro com cabeçada certeira nos últimos minutos da partida.

* Em 1946, o craque Zizinho, sem saber, jogou duas partidas com a perna quebrada. Apesar da dor quase insuportável, não fugiu de divididas, lutou em campo e honrou a camisa.

* Em 1980, no primeiro jogo da decisão do Campeonato Brasileiro, contra o Atlético-MG, no Mineirão, o Deus da Raça Rondinelli fraturou a mandíbula e, mesmo assim, queria voltar a campo.

* Em 1981, o Flamengo foi campeão da Libertadores ao derrotar Cobreloa, do Chile, que dava porrada na cada dura e deixou Lico e Adílio sangrando no segundo jogo, em Santiago.

* Em 1981, com a vitória assegurada no terceiro jogo contra o Cobreloa, o atacante Anselmo entrou no fim e deu um soco no zagueiro Mário Soto, nocauteando o chileno e vingando os rubro-negros.

* De 1985 até encerrar a carreira no Flamengo (em 1990), o já veterano Zico jogou inúmeras partidas no sacrifício, com dores insuportáveis no joelho operado.

* Em 1992, o Flamengo deixou o Vasco para trás no Campeonato Brasileiro após ganhar na bola e na porrada, com direito a soco de Júnior Baiano em Edmundo.

* Em 1999, com time limitadíssimo, cujo camisa 10 era Iranildo, o Flamengo foi campeão da Mercosul, fora de casa, em cima do estrelado Palmeiras de Felipão, Zinho, Alex e outros.

* Em 2009, atletas que hoje se desentendem contrariaram as previsões de 100% da crônica esportiva, derrotaram os favoritos e levaram para a Gávea o Hexa do Brasileiro.

Raciocínio concluído, o Fla 43 esclarece aos jogadores do Flamengo que não espera deles, contra os venezuelanos do Caracas, atitudes como as de Anselmo e Júnior Baiano, principalmente nos primeiros minutos de jogo (beleza, Willians?). Mas o blog entende que esses episódios, cada um em seu contexto, foram necessários. E quer ver espírito semelhante na bola.

NR: a bela expressão “na bola e na porrada” foi usada para se referir ao Flamengo x Vasco de 1992 por Gustavo de Almeida, no blog Jihad Rubro-Negra.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Crise, crise, crise


Será isso o que o destino nos reserva?

Difícil assumir uma posição definitiva a respeito da crise no Flamengo. Boa parte dos protagonistas desse momento lamentável tem personalidade complicada. Bruno é explosivo, vaidoso e infantil. Petkovic é explosivo e vaidoso. Marcos Braz é vaidoso, vaidoso (sim, duas vezes) e explosivo. Andrade e Patrícia Amorim não se enquadram no grupo. O técnico é conciliador, mas está perdido. Já a presidenta parece enérgica, e isso pode ser bom, embora seja cedo avaliar.

Mas, em meio ao mais novo tumulto rubro-negro, há um fato evidente: Andrade está sendo vítima de covarde processo de fritura. Jogar no colo do treinador a responsabilidade de barrar Pet, praticamente condicionando sua permanência no cargo ao afastamento do sérvio, é atitude sacana, deplorável e vergonhosa. Com medo de ficar queimado com a torcida caso mande embora um ídolo do Flamengo, o comando do futebol se omite e joga o pepino na mão do subordinado.

Pet e Andrade, especialmente o primeiro, são os mais novos bodes expiatórios dos cartolas rubro-negros. O primeiro, acusado de rachar o grupo de jogadores. O segundo, de falta de comando. Como se a assustadora queda de produção do time logo após o título brasileiro fosse responsabilidade de apenas dois homens. Como se Bruno e Álvaro não fossem chegados a panelinhas, como se Adriano não deixasse o clube e o time na mão, como se o ego de Marcos Braz não tivesse chegado à Lua.

Não adianta, porém, demitir Pet sem ter um substituto à altura. Nenhum dos jogadores no elenco atual mostrou condições para tanto. Se não querem mais o gringo no clube, que esperem, pelo menos, alguém mostrar evolução (acorda, Ramon!) ou o esquema de jogo ser mudado. Pet também tem parcela de culpa: deixou de ser o cara humilde e trabalhador do ano passado para voltar a ser a estrela temperamental de sempre. Só que aos 37 anos. O cara é tão ídolo quanto chato.

Também não adianta fabricar a falsa imagem de um Andrade frouxo e contratar um técnico caro e disciplinador com o pretexto de colocar ordem na casa se o clube, com sua política de privilégio às estrelas e falta de estrutura, não oferece condições de trabalho a ninguém que pretenda incutir o mínimo profissionalismo na Gávea. Sem contar a qualidade duvidosa de parte dos treinadores com mercado na Série A – e o ótimo Muricy Ramalho, que não daria certo no Flamengo, deve parar no Fluminense.

Quanto ao tal choque de ordem prometido por Patrícia Amorim, é quase impossível que se implante algo tipo no clube ou nos outros grandes do Rio de Janeiro. O máximo que se pode conseguir é fechar o elenco para o jogo de amanhã e, se a vaga for conquistada, para os próximos jogos da Libertadores. Entenda-se por fechar o comprometimento dentro de campo e nem sempre fora dele. Aliás, ainda não entendi o que o marido de Patrícia estava fazendo na reunião que decidiu segurar (por enquanto) Andrade no cargo.

É muito provável que o Flamengo não apresente melhora significativa contra o Caracas, no Macaranã, no aspecto tático. Um resultado satisfatório, com razoável diferença de gols, que praticamente assegure a classificação, será resultado da luta (se houver luta) e da fragilidade e /ou falta de interesse do adversário. Ainda bem que a equipe venezuelana é muito ruim, embora isso não seja garantia de vitória, dado o gosto do clube pelos vexames no Maracanã.

Só o que espero, dos jogadores e dos cartolas, é o mínimo de comprometimento para resolver o problema mais urgente. Não deve ser tão difícil assim.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para refletir


Do jornalista Cosme Rímoli, em seu blog no portal R7:

“Loco Abreu tem nas veias o sangue guerreiro uruguaio.

Isso faz a diferença no futebol carioca, tão cadenciado e com tantos jogadores mimados.”

Não há mais nada no texto que interesse ao Flamengo, mas segue o link.

Embromação pós-derrota: uma pretensa análise macro


Aos desesperados, que imaginam estar tudo errado na Gávea e defendem a troca de todos os jogadores, do técnico, da diretoria e da presidenta, não custa lembrar: o Flamengo já viveu dias muito piores. Quem tem menos de 30 anos (meu caso) e começou a acompanhar o clube na década de 90 foi obrigado a suportar intermináveis temporadas de sofrimento, com destaque para ausência de títulos importantes e o consequente apequenamento da instituição. Uma espécie de ressaca pós-Zico.

Nos tristes anos após o Penta, conquistado em 1992, o Flamengo habitou-se às campanhas medianas ou à fuga do rebaixamento no Campeonato Brasileiro; contratou grandes jogadores e montou grandes elencos que não deram em nada; sofreu goleadas memoráveis; atrasou salários; perdeu a credibilidade a ponto de jogadores medianos recusarem ofertas rubro-negras para aceitar propostas de clubes do porte do São Caetano e similares, onde receberiam em dia e teriam paz no trabalho.

Houve momentos de consolo ao longo desse período, como a hegemonia rubro-negra no Campeonato Carioca, especialmente o Tri conquistado sobre o Vasco, em 1999, 2000 e 2001, quando o rival, em grande fase, faturava títulos nacionais e internacionais. Ou a heróica conquista da Copa Mercosul sobre um Palmeiras infinitamente superior, comandando por Felipão e com jogadores do nível de Alex, Zinho, Asprilla, Marcos e Arce. Pouco, no entanto, para grandeza do clube.

A intenção desse texto não é negar ou mascarar as falhas atuais, mas ressaltar que o Flamengo, apesar de tudo, evoluiu. Nos últimos quatro anos, o clube faturou a Copa do Brasil, três Campeonatos Cariocas e quebrou o jejum de 17 anos sem conquistar o Campeonato Brasileiro. Aliás, voltou a fazer campanhas dignas na competição, como comprovam o terceiro e o quinto lugares nas edições de 2007 e de 2008, respectivamente. E tem garantido presença constante da Libertadores.

Os crônicos problemas rubro-negros, no entanto, não podem ser ignorados. Os principais, a meu ver, a velha política do privilégio às estrelas, como já aconteceu com Romário e ocorre com Adriano, e o valor excessivo atribuído na Gávea ao título estadual, que prejudica seguidamente o desempenho do clube na Libertadores. São consequências de um problema macro, a não profissionalização da gestão do clube, mas com influência direta nos resultados.

É fato que uma mudança de cultura leva anos para acontecer, mas acho que algumas coisas poderiam ser aceleradas na Gávea. Peço apenas que a recente e significativa evolução rubro-negra seja levada em conta antes que alguma atitude drástica (ou mais drástica que o urgente e necessário choque de ordem para sacudir o time até quarta-feira) seja tomada. Se o clube sucumbir à enorme pressão, pode perder o rumo. O momento é delicado, mas não justifica o desespero.

Sobre o conturbado dia a dia, com seus fatos e personagens, escreverei depois.