sexta-feira, 7 de maio de 2010

O pensamento é o fundamento



Com a cuca fresca, dois dias após a melhor quarta-feira do ano, não custa nada um pequeno exercício de reflexão: se tivesse disputado o título do Campeonato Carioca em dois jogos decisivos contra o Botafogo, nos dois últimos domingos, o Flamengo teria eliminado o Corinthians da Libertadores, garantindo a classificação para as quartas-de-final do torneio sul-americano?

De pronto, eu arrisco a resposta: nunca, qualquer que fosse o elenco, o técnico, o gerente de futebol ou o presidente. Talvez o Flamengo até faturasse o Tetra no Rio de Janeiro, mas, provavelmente, pagaria o preço por ter dispensado exagerada atenção ao Botafogo e à possibilidade de sacaneá-lo na segunda-feira. E o Corinthians, mais concentrado e menos desgastado, levaria a melhor no ano de seu centenário.

O que não significa que abandonar o estadual é garantia de sucesso continental. O próprio Corinthians, que não chegou nem sequer às semifinais do Campeonato Paulista, está aí para provar o contrário. Mas é óbvio constatar que, para o Flamengo, o único caminho para o sucesso na América – ou mesmo para ir longe Copa do Brasil, se fosse o caso – é ficar de fora da decisão doméstica.

Nesse contexto, vale também o exercício de futurologia: caso conquiste a Libertadores, o que fará o Flamengo? Jogará com o time reserva durante todo o Campeonato Brasileiro, mesmo sabendo que isso pode dar até em rebaixamento, com o objetivo de se poupar para o Mundial de Clubes? Ou saberá dosar a disputa da competição nacional com a preparação para a conquista do planeta?

Ainda é cedo para a torcida pensar no assunto, mas, para os dirigentes, imaginar todas as possibilidades com antecedência é obrigação. Mesmo que o principal problema aser tratado na Gávea por esses dias se chame Universidad de Chile – impossível aceitar que o Flamengo ainda não tenha derrotado esse time em 2010. O lado bom do retrospecto negativo é que não haverá oba-oba antecipado. Estarão todos em alerta.

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