segunda-feira, 24 de maio de 2010

Aviso aos navegantes


Informo aos poucos leitores deste blog que os posts devem rarear por esses dias.

Eis os motivos:

- o blogueiro está mudando de residência e, por isso, precisa resolver os pepinos decorrentes de tal decisão;

- o blogueiro não tem mais internet fora do trabalho (mas só até comprar um notebook, o que deve acontecer em breve);

- o blogueiro não terá SporTV nem Pay-Per-View (jogo do Flamengo na tv fechada, só na casa dos pais ou de amigos);

- o blogueiro matriculou-se num curso noturno e terá aulas duas vezes por semana (o horário de almoço, antes dedicado ao blog, agora será dedicado aos estudos);

De qualquer forma, é uma fase de adaptação. O blog continua.

Obrigado.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pacheco eterno


Não me lembro ter xingado tanto um jogador do Flamengo como xinguei, ontem, Vinícius Pacheco. Nem nas piores fases do clube.

O jogador não é o responsável pela eliminação rubro-negra da Libertadores, claro. Todos - atletas, o técnico Rogério, diretoria, Patrícia Amorim - estão no mesmo bolo.

Mas a tentativa de cavar um pênalti no último lance do jogo, quase na pequena área, quando poderia chutar para o gol ou passar a bola, me esgotou a paciência.

Porque eu acreditava muito que o time faria 3 x 1 nos chilenos. E porque se atirar ao chão, num momento daqueles, é a última coisa que um jogador profissional deve fazer.

Pois ele forçou a queda, o árbitro não embarcou no teatro e encerrou o jogo. Xinguei-o até ficar rouco, fui para o quarto e só consegui dormir duas horas depois.

Acordei leve e tranquilo, na medida do possível, mas só até ligar a televisão e ver que o SporTV reprisava a partida, que já estava em seus últimos minutos.

Resultado: lá estava eu, sozinho, com o dia claro, torcendo inutilmente para que a mágica acontecesse e Pacheco desfizesse a bobagem de algumas horas antes.

E, novamente, ele forçou a queda, o árbitro não embarcou no teatro e encerrou o jogo. Pior: dessa vez, percebi que Adriano estava desmarcado, a pedir a bola.

Apesar de rouco, voltei a xingar Pacheco. Até quase ficar mudo. Depois, troquei de roupa, tomei o café da manhã, peguei meu carro e vim para o trabalho.

Eis a minha nova sina: a cada reprise do último lance de Universidad de Chile x Flamengo, torcer para Pacheco fazer o que não fez.

Vou rezar pelo chute indefensável, pelo passe para Adriano, pelo gol que nenhum rubro-negro jamais vai comemorar. E xingar o pobre Vinícius Pacheco.

Eliminação merecida (Univ. de Chile 1 x 2 Flamengo)



Defensor, América do México e Universidad de Chile. Essa é a lista dos poderosos adversários, todos clubes de expressão internacional, que eliminaram o Flamengo das últimas três edições da Libertadores das quais o clube participou: 2007, 2008 e, agora, 2010.

Pouco importa que o Flamengo tenha jogado bem hoje e vencido o Universidad de Chile naquele estádio de m*rda em Santiago. Ser desclassificado por esse time é vexame. Vencer apenas um em quatro jogos contra esse time é vexame. Perder no Maracanã para esse time é vexame.

O Flamengo dançou porque não exibe, na Libertadores, a concentração necessária aos jogos da competição, o que aconteceu, nesse ano, desde a primeira fase. E porque espera para mostrar motivação quando a tarefa é muito complicada de reverter, como hoje.

O Universidad de Chile entra para o rol dos times vagabundos que podem tirar onda com o Flamengo. Mas sinto informar aos chilenos que esse grupo não é seleto, pelo contrário. Até o Paraná Clube faz parte dele. Portanto, muchachos, vocês não fizeram nada demais, ok?

Não adianta reclamar da cera adversária, do mole no gol dos caras nem da ridícula tentativa de cavar pênalti do Vinícius Pacheco, dentro da pequena área, no último lance do jogo. O Flamengo foi eliminado precocemente de mais uma Libertadores porque não leva a sério a competição.

Admiro aqueles que têm a capacidade de aplaudir o esforço, a aplicação e a concentração da equipe em Santiago. Mas a minha opinião é outra: esses caras e o técnico Rogério não merecem reconhecimento, pois deixaram para resolver tudo na última hora.

A culpa, claro, não é apenas deles. É mais do clube. Ou melhor, do modo como o Flamengo é conduzido. Ok, tudo bem. Enquanto isso, continuamos a amargar vexames continentais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma noite para tirar dúvidas. Ou reforçar certezas.



Que Flamengo o torcedor verá logo mais à noite, a se apresentar no ridículo estádio Santa Laura, em Santiago, para enfrentar o Universidad de Chile?

Será o Flamengo tão bem definido pelo tricolor Nelson Rodrigues, aquele time que “só perde quando não põe para funcionar o milagre da camisa”?

Ou será o Flamengo dos últimos 17 anos, que, apesar do título brasileiro em 2009 e de outros bons resultados, ainda mostra insistente queda pelos vexames?

No que estarão pensando Bruno, Ronaldo Angelim, Juan, Leo Moura e Toró, remanescentes das eliminações para Defensor e América do México?

No que estará pensando Adriano, malhado por todos os setores da mídia, por torcedores rivais, pelos falsos moralistas e até pelo treinador adversário?

E Kleberson, convocado por Dunga? E Vagner Love, às vésperas de provável despedida do clube? E o resto dos jogadores? E o técnico Rogério? No que eles pensam?

Terão eles (todos) a concentração e os nervos necessários para contornar uma situação desfavorável naquela pocilga onde se costuma atirar pedras nos visitantes?

Terá o Flamengo a sorte e a competência de marcar um gol logo nos primeiros minutos que abra o caminho para uma virada histórica?

Ou a torcida será obrigada a acompanhar mais um primeiro tempo tenebroso, como têm sido os primeiros tempos sob o comando de Rogério?

Respostas a partir das 22h15. Basta ligar a TV na emissora mais influente do país.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Flamengo, La U, Brasil e Noruega: tudo a ver


Estes senhores não cultivam o costume do respeito ao adversário.

Impossível acompanhar os acontecimentos, dentro e fora de campo, que envolvem os duelos entre Flamengo e Universidad de Chile sem compará-los aos confrontos entre Brasil e Noruega, disputados no final da década de 1990. Não pela qualidade técnica ou pelo estilo de jogo das equipes, mas pela assustadora capacidade do time com melhores jogadores levar ferros de um adversário mais fraco.

Para quem não se lembra, a Seleção Brasileira daqueles tempos era comandada por Zagallo e dispunha de geração talentosa, com um jovem e impetuoso Ronaldo, o decisivo Rivaldo, os experientes Taffarel e Dunga, campeões do mundo anos antes, em 1994, um Leonardo maduro no meio e os laterais Cafu e Roberto Carlos firmes no futebol europeu e já consolidados em suas respectivas posições.

Hoje, pode-se até questionar um nome ou outro, mas o consenso geral, na época, era o de que o Brasil tinha uma seleção fortíssima e era o favorito ao título da Copa do Mundo de 1998, na França. Pois aquele time enfrentou  e perdeu duas vezes para a Noruega: por 4 x 2, num amistoso, em 1997, em Oslo; e por 2 x 1, na primeira fase do Mundial. O carrasco era um atacante grandalhão chamado Tore Andre Flo.

Guardadas as devidas proporções, o caso do Flamengo é semelhante. Atual campeão brasileiro, o clube tem um time forte no papel, com jogadores de nome internacional (Adriano, Vagner Love e Kleberson), outros de importância reconhecida no país (como Juan, Leo Moura e o paspalho do Bruno) e iniciou o ano num clima de confiança e otimismo inéditos para boa parte da torcida.

Pois o noticiário desta quarta-feira torna o até então drama rubro-negro ainda mais parecido com o calvário da Seleção Brasileira diante dos noruegueses. De acordo com o jornal chileno La Cuarta, o técnico do Universidad de Chile, Gerardo Pelusso (foto 1), tirou uma onda com o Flamengo: chamou Adriano e Vagner Love de gordos e afirmou que a defesa do time carioca é um desastre.

Partindo-se, aqui, do pressuposto que a declaração é verdadeira: Pelusso se assemelha ao colega Egil Olsen (foto 2), que usava e abusava das ironias ao se referir a Zagallo (principalmente) e à Seleção Brasileira. O técnico da Noruega dizia, basicamente, que o time canarinho era mal treinado. E que se ele, Olsen, tivesse à disposição jogadores como Ronaldo, Rivaldo e cia, montaria um mega time de futebol.

Não dá para negar que Olsen estava certo, pelo menos com relação à Zagallo, pois a desarrumada seleção foi finalista daquela Copa graças, basicamente, ao talento individual. E é preciso admitir que Pelusso se equivoca somente ao chamar de gordo o incansável e magro Vagner Love - sim, Adriano, embora tenha emagrecido um pouco, está longe da forma ideal e a zaga do Flamengo é uma peneira.

O problema, no entanto, é o deboche desnecessário. Olsen não tinha o direito de desrespeitar a Seleção Brasileira, tampouco Zagallo. E Pelusso não tem o direito de desrespeitar o Flamengo, não importa se o time é formado por estrelas ou por novatos, nem se conta com um técnico de renome ou com treinadores pouco experientes, como o campeão brasileiro Andrade (antes) e Rogério (agora).

Embora tenha avançado mais que a Noruega naquela Copa do Mundo, o vice-campeão Brasil terminou o torneio na condição de freguês do adversário. Já o Flamengo ainda tem chance de reverter o quadro. Será saboroso demais se o clube acabar com a soberba chilena, amanhã, naquele estadiozinho mequetrefe. Até para provar que os rubro-negros não são os únicos a se estrepar quando tiram onda antes da hora.

Eu acredito.

sábado, 15 de maio de 2010

Imperador melhorou (Vitória 1 x 1 Fla)



 
Impressionante como o Flamengo tem atraído chuva por onde passa. Na estreia do terceiro uniforme, o time disputou mais um jogo debaixo de aguaceiro, especialmente no primeiro tempo, quando o gramado do Barradão ficou impraticável a partir dos 10 ou 15 minutos de partida. Na segunda etapa, a situação melhorou um pouco e deu para ver algo parecido com futebol.

O empate com o Vitória só valeu pelo bom desempenho de Adriano. Impossível adivinhar o que se passa na cabeça do centroavante rubro-negro. Logo após saber que não estava na lista de convocados para a Copa do Mundo, o Imperador passou a treinar com mais afinco, compareceu à Gávea no dia seguinte a uma partida (contra Universidad de Chile) e tem mostrado evolução em campo.

Adriano não foi brilhante. Mas, além do cruzamento para o gol de Vagner Love, fez coisas que não estava fazendo nesse ano: conseguiu uma arrancada seguida de chute logo nos primeiros minutos, deu vários piques, voltou para marcar com frequência e finalmente teve capacidade para girar para cima dos marcadores. Pena que as poças d’água o prejudicaram nessa surpreendente e (nos dois últimos jogos) gradativa melhora.

Se a evolução física de Adriano continuar, o Flamengo poderá depositar ainda mais confiança no jogador no duelo de volta contra o Universidad de Chile, quinta-feira, em Santiago. No entanto, é prudente conter a animação. Feliz hoje, Adriano pode faltar ao treino amanhã, na segunda ou na terça e até mesmo arrumar um bolha no pé.

Sobre o jogo: ensaio para quinta-feira, o duelo do Barradão pode ser útil para Rogério observar e corrigir alguns defeitos. O Flamengo foi melhor no início do primeiro tempo, quando marcou o gol, até o temporal apertar. Só deu para avaliar um pouco o jogo na segunda etapa, com a chuva mais branda. E o Vitória, então, foi melhor. Atacou mais, foi pouco contra-atacado, teve a bola (até onde possível) e bastante espaço no meio.

O Flamengo só ameaçou no final, a partir da entrada de Pet. Mas levou o merecido empate em cobrança de falta - Fierro afobou-se e cometeu infração desnecessária.

Dos dois meias que começaram, Michael foi relativamente bem. Kleberson apareceu pouco. Ainda estou convicto: Pet precisa ser escalado desde o início contra o Universidad de Chile.

***

A frase de jogo é Adriano. Cercado pelos repórteres após o apito final, ele garantiu que não estava muito triste por ter ficado de fora da Copa do Mundo e soltou essa:

“Ainda quero ajudar muito o Flamengo.”

Legal, mas... Ele quer ajudar o Flamengo até quando? Até o fim do contrato? Ou quer permanecer na Gávea até o fim do ano? O clube já o procurou para negociar a renovação?

Mistério.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Com Pet, tudo pode ser mais fácil


Concordo com o técnico Rogério: amanhã, contra o Vitória, no Barradão, o Flamengo precisa entrar em campo com o time titular.

Após a ridícula derrota para o Universidad de Chile, quarta-feira, em pleno Maracanã, nada como tentar ajustar o time num jogo de Campeonato Brasileiro.

Os 90 minutos diante dos baianos serão interessantes para Rogério analisar o time, desde que escale a formação a ser usada na partida de volta contra os chilenos.

E o duelo pode dar moral ao time em caso de vitória (sobre o Vitória), sem contar que três pontos fora de casa seriam bem-vindos numa competição longa e desgastante como o Brasileirão.

Mas me preocupa bastante o fato de, até agora, o técnico rubro-negro não ter cogitado a presença de Petkovic entre os titulares - Michael, a julgar pelo treino de hoje e pela primeira alteração diante dos chilenos, deve ser o companheiro de Kleberson no meio.

Tudo bem, o gringo foi poupado hoje por conta de uma torção no tornozelo esquerdo. Vai viajar para Salvador. Mas Rogério nem antes disso deu algum sinal de que possa utilizá-lo num jogo desde o início.

Petkovic não é a salvação. Não pelo que jogou neste ano. Mas as chances do Flamengo se dar bem contra o Universidad de Chile aumentam bastante com ele entre os titulares.

O cara pode decidir ou encaminhar um jogo com uma cobrança de falta ou de escanteio, um lançamento preciso, um passe em profundidade, um chute de fora da área.

Mesmo que ele canse rápido, melhor começar com o sérvio que colocá-lo em campo para reverter um resultado desfavorável, como no jogo do Maracanã.

No Campeonato Brasileiro do ano passado, Pet abriu caminho, por exemplo, para as importantes vitórias contra Palmeiras e Atlético-MG, fora de casa.

E, por mais que alguns discordem, esteve bem na quarta-feira. Melhor, pelo menos, que Michael e o enfim motivado Kleberson. A facilidade do gringo para organizar o jogo é infinitamente superior à dos colegas.

De qualquer maneira, só o fato de Kleberson ter companhia - Michael substituirá um volante, Rômulo - já é um avanço. Um passo para que o Flamengo não passe o perrengue desnecessário dos primeiros tempos contra Corinthians (segundo jogo) e Universidade de Chile.

O Flamengo de agora tem me lembrado aquele de antes da arrancada no Campeonato Brasileiro do ano passado: um bando, com jogadores fora de forma ou em má fase técnica.

Mas acredito até o fim, mesmo com Toró de volta entre os titulares (prefiro Maldonado mal como está) e apesar da lentidão do clube em resolver assuntos importantes, como a renovação dos contratos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Alguém, por favor...



...tire a braçadeira de capitão deste infeliz.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vocação para o ridículo (Fla 2 x 3 Universidad de Chile)



O mais novo vexame do Flamengo na Taça Libertadores da América suscita uma série de questionamentos legítimos a algumas máximas relacionadas ao clube, tipo “Deixou chegar, f*deu”, “A camisa joga sozinha” e “O Maracanã é o templo rubro-negro”. Isso tudo só vale, com ressalvas, para jogos contra times brasileiros. O Flamengo de Zico foi exceção nesse quesito. E somente por uma temporada.

Portanto, antes de procurar culpados pelo fracasso, é preciso cabeça no lugar e conhecimentos históricos suficientes para saber que crucificar qualquer um daqueles que esteve em campo é tarefa inglória: o Flamengo, ou pelo menos o Flamengo dos últimos 17 anos, é especialista em protagonizar papelões, independentemente dos jogadores, do técnico, da diretoria e do presidente do momento.

Parêntese: apesar do título do Campeonato Brasileiro de 2009, não custa lembrar que o Flamengo também já deu vexames em nível nacional, como a derrota em casa para o Santo André na final da Copa do Brasil de 2004 e goleadas para clubes como Bahia, Portuguesa, Bragantino, Figueirense e outros de expressividade semelhante e dos quais não me lembro agora.

Então não adianta o Lédio Carmona tentar me convencer ao repetir, a cada segundo da transmissão do SporTV, que o time do Universidad de Chile é bom. Os caras têm alguma qualidade técnica e um treinador inteligente, mas daí a ser um time bom é outra história. Prefiro outra versão: o Flamengo é muito incompetente. Pois não conseguir vencer os chilenos uma única vez em três jogos é brincadeira.

Os gols sofridos pelo time nesses confrontos comprovam a tese, mas vou me ater apenas aos três (três!) de hoje. No primeiro, após cruzamento da direita, a bola passou por David, William e Leo Moura. No segundo, apesar da falta em Bruno, o goleiro já havia furado. No terceiro, a bola cruzada da esquerda percorreu toda a área rubro-negra, com Bruno saindo atrasado.

Pode-se dizer que o Universidad de Chile marcou com eficiência a saída de bola, que se aproveitou do inexplicável nervosismo inicial do Flamengo, que mostrou exemplar tranqüilidade e que, embora não conte com um Adriano, teve mais competência para finalizar. Pode-se dizer tudo isso e não vou discordar. Mas ninguém me tira de cabeça que o Flamengo tinha a obrigação moral de derrotar os chilenos no Maracanã.

O problema não é com esse time nem com esse técnico, embora sejam eles a representar as cores do clube e, merecidamente, a receber as críticas pelos acontecimentos de hoje. O problema é que o Flamengo, em algum momento nos últimos 17 anos, deixou-se impregnar por uma vocação para o ridículo, especialmente no Maracanã, palco dos principais vexames. E a dificuldade para se livrar dela é inacreditável.

***

A frase do jogo é de Bruno, ainda no intervalo da partida, quando começava a buscar explicações para a derrota parcial por 2 x 1:

“O Flamengo é o Flamengo...”

Não vale a pena citar o resto do raciocínio. A primeira oração resume tudo o que tentei dizer lá em cima.

***

É contraditório, mas ainda acredito na classificação para as semifinais. Haja sofrimento.

Fotos e montagem: GloboEsporte.com

Reencontro decisivo


O confronto com o Universidad de Chile, pelas quartas-de-final da Libertadores, poderia perfeitamente lembrar os rubro-negros dos duelos contra Defensor, em 2007, e América do México, em 2008, ambos pelas oitavas-de-final do mesmo torneio. Afinal, os três adversários têm algo em comum: são clubes de pouca ou nenhuma expressividade internacional, daqueles que os brasileiros costumam (ou costumavam, no caso de alguns) menosprezar, achar que já os tinham derrotado por antecipação.

Exatamente por isso - e por disputar, paralelamente, a decisão do Campeonato Carioca, excessivamente valorizado na Gávea -, o Flamengo levou ferros vergonhosos de uruguaios e de mexicanos. Contra os chilenos, no entanto, a história deve ser outra: como enfrentou o Universidad de Chile na primeira fase e não conseguiu nem uma vitória sequer (perdeu em Santiago e empatou no Rio de Janeiro), o clube deve tratar os dois jogos com a seriedade merecida, ciente de que não pode bobear. Ainda bem.

São duas as incógnitas para o duelo do Maracanã: Adriano e Kleberson. Todo rubro-negro está curioso para saber como o Imperador vai reagir após não ter sido convocado por Dunga para a Copa do Mundo. Quanto ao apoiador, chamado para a Seleção Brasileira, o receio é o mesmo que expresso aqui há dois dias: se ele vai colocar o pé em dividida. Num jogo duro como o de hoje, não dá para ficar com a cabeça na África do Sul. E concentração não é o forte de Kleberson.

O certo é que o Flamengo dependerá bastante dos dois. Adriano, por ser Adriano. Kleberson, por ser o homem responsável pela criação das jogadas num meio de campo composto pelos volantes Rômulo, Maldonado (que não foi convocado por Marcelo Bielsa e também está fora da Copa) e Willians. No segundo tempo contra o Corinthians, isso funcionou. Kleberson também se destacou no domingo, no mistão que empatou com o São Paulo. Apesar de tudo, eu iria de Petkovic.

Desde que mantenha a concentração e a dedicação dos jogos contra o Corinthians, o Flamengo é o favorito, independentemente da escalação de Rogério. Incógnitas à parte, é possível confiar nos calejados Bruno, Ronaldo Angelim, Maldonado, Leo Moura, Juan e Vagner Love. O Universidad de Chile não é fraco e o técnico Gerardo Pelusso não é bobo. Mas o time chileno é inferior. De qualquer maneira, os caras estão invictos e tal. Vai ser difícil.

***

Parabéns para Fierro, o outro representante rubro-negro na África do Sul.

terça-feira, 11 de maio de 2010

E deu no que deu


Imagino o tamanho do prejuízo, para a Seleção Brasileira, se Júlio César ou Kaká se machucarem. O goleiro não tem reservas à altura. E o meia-atacante simplesmente não tem um substituto. Mas isso é problema do Dunga. Minha principal preocupação, neste momento e mesmo durante a Copa do Mundo da África do Sul, é o Flamengo.

Impossível encontrar um rubro-negro que não se pergunte como Adriano vai reagir à merecida não convocação para o Mundial. Alguns acreditam na recuperação do atacante, com gols e fúria em profusão para provar seu valor. Outros, que ele vai sucumbir ao golpe de hoje e se afundar ainda mais. Creio na segunda hipótese.

Não torci por Adriano nem contra ele nessa corrida pela Copa do Mundo. Não nas últimas semanas, irritado que estive com seu desleixo. Mas o Imperador terá meu apoio, até porque é disso que ele precisa. E porque o Flamengo precisa dele, a começar por amanhã, contra o Universidad de Chile, pela Libertadores.

Parece que Adriano chorou ao conversar por telefone com seu procurador, Gilmar Rinaldi. E que o psicólogo do Flamengo, Paulo Ribeiro, trocará (ou já trocou) uma ideia com ele. O técnico Rogério e os jogadores vão apoiá-lo. Mas só a partir de amanhã será possível ter uma noção sobre o comportamento do centroavante.

***

Sobre Kleberson, convocado por Dunga mesmo sem ter jogado para isso, permanece a dúvida: ele vai colocar o pé em dividida contra o Universidad de Chile?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Será que ele vai?



Acho improvável o Adriano não ser convocado para a Copa do Mundo da África do Sul, embora tudo possa acontecer. Mas é inacreditável como o Imperador gosta de sabotar a si próprio.

Leio no GloboEsporte.com que ele treinou mal hoje à tarde. Esteve lento e sem mobilidade como em quase toda a temporada, apesar da ótima média de gols.

E olha que o Adriano até ensaiou uma melhora contra o Corinthians, na última quarta-feira, no Pacaembu, quando ganhou de um adversário na arrancada nos minutos finais de jogo e entregou para Kléberson, que chutou para fora.

Só que o cara já faltou a treino no fim de semana e nem jogou ontem. Isso para não falar da ausência justamente no dia em que Jorginho, auxiliar de Dunga, visitou o clube.

Confesso, porém, estar indiferente ao assunto Adriano na Seleção Brasileira.

Só quero que, cortado ou não da lista final, ele volte (se ficar no clube) a jogar bem pelo Flamengo – seja por conta da empolgação pós-Mundial ou para dar uma resposta ao Dunga.

Infelizmente, acho cada vez mais difícil isso acontecer.

***

Kléberson, pelo menos, passou a jogar futebol quando se viu com a corda no pescoço. A ótima fase do apoiador já dura um jogo e meio. Impressionante.

Mas fica a pergunta: caso ele seja convocado, vai colocar o pé em dividida na quarta-feira, contra o Universidad de Chile?

domingo, 9 de maio de 2010

Pode fazer falta em dezembro (Fla 1 x 1 São Paulo)



O jogo foi bom. Mas o resultado, apesar de justo, é ruim para o Flamengo. Na oitava edição disputada por pontos corridos do Campeonato Brasileiro, todo mundo sabe a falta que podem fazer, lá na frente, dois pontinhos perdidos em casa. Especialmente quando o adversário da estreia é um concorrente na disputa do título – claro, desde que Flamengo e São Paulo confirmem as previsões e de fato lutem pela taça, pois teremos pausa para a Copa do Mundo, janela de transferências e os resultados da Libertadores.

É interessante como quase sempre são agradáveis as partidas entre os dois clubes. Mesmo com equipes mistas em campo, até porque cariocas e paulistas têm no elenco jogadores capazes de suprir a falta de alguns titulares. Mistão por mistão, no entanto, o do São Paulo é melhor. No Flamengo, não há quem supra à altura as ausências de Maldonado, de Leo Moura, de Vagner Love e de Adriano.

Com Rômulo, Toró e Fernando no meio, o Flamengo viu o São Paulo, com jogadores mais técnicos no setor, dominar o jogo. O time atacava pouco, embora Kleberson, ainda correndo atrás da convocação para a Copa do Mundo, fizesse boa partida – aliás, ele poderia mostrar sempre a concentração e disposição de hoje, pois é evidente que sabe jogar bola.

Já Pet, em posição um pouco diferente da habitual por causa da ausência de Love, não estava mal e Dennis Marques, para variar, era nulo – com desconto dessa vez, porque era o único atacante da equipe. O São Paulo criou as melhores chances do primeiro tempo e mereceu o gol no final, apesar da melhora do Flamengo a partir dos 20 e tantos minutos.

Na segunda etapa, o time deu a mesma sorte do duelo com o Corinthians: marcou um gol logo no início, com participação decisiva de Michael, que substituiu Fernando e tornou o time mais ofensivo. No melhor estilo Petkovic, ele lançou Dennis Marques, que livre, concluiu no melhor estilo Dennis Marques: um chute rasteiro e fraco. A bola só entrou porque o superestimado Rogério Ceni mostrou a manjada falta de reflexo, nunca mencionada pela imprensa paulista.

O empate animou o Flamengo, mas o São Paulo ainda teve mais posse de bola durante algum tempo. A situação se inverteria posteriormente, com Juan aparecendo mais para o jogo, Michael eficiente, Petkovic bem até ser substituído e Dennis Marques aceitável. O time perdeu alguns gols, mas foi ameaçado e poderia ter sofrido o segundo. E ficou nisso.

Resta agora esperar a convocação de Dunga, terça-feira, e torcer para que, a depender das decisões do treinador a respeito de Kleberson e de Adriano, isso não afete o desempenho dos dois na quarta-feira, contra o Universidad de Chile.

***

Ainda acho que Pet tem deve ser titular desse time. Mesmo com Kleberson na ótima fase de um jogo e meio e com Michael tentando se recuperar após a boba expulsão no primeiro confronto com o Corinthians.

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Eis a frase do jogo:

“O atacante tem de ser frio naquela hora, precisa ter cabeça de gelo. A oportunidade apareceu e consegui marcar.”

A declaração poderia ser de Dennis Bergkamp. Mas é de Dennis Marques, publicada no UOL Esporte.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O pensamento é o fundamento



Com a cuca fresca, dois dias após a melhor quarta-feira do ano, não custa nada um pequeno exercício de reflexão: se tivesse disputado o título do Campeonato Carioca em dois jogos decisivos contra o Botafogo, nos dois últimos domingos, o Flamengo teria eliminado o Corinthians da Libertadores, garantindo a classificação para as quartas-de-final do torneio sul-americano?

De pronto, eu arrisco a resposta: nunca, qualquer que fosse o elenco, o técnico, o gerente de futebol ou o presidente. Talvez o Flamengo até faturasse o Tetra no Rio de Janeiro, mas, provavelmente, pagaria o preço por ter dispensado exagerada atenção ao Botafogo e à possibilidade de sacaneá-lo na segunda-feira. E o Corinthians, mais concentrado e menos desgastado, levaria a melhor no ano de seu centenário.

O que não significa que abandonar o estadual é garantia de sucesso continental. O próprio Corinthians, que não chegou nem sequer às semifinais do Campeonato Paulista, está aí para provar o contrário. Mas é óbvio constatar que, para o Flamengo, o único caminho para o sucesso na América – ou mesmo para ir longe Copa do Brasil, se fosse o caso – é ficar de fora da decisão doméstica.

Nesse contexto, vale também o exercício de futurologia: caso conquiste a Libertadores, o que fará o Flamengo? Jogará com o time reserva durante todo o Campeonato Brasileiro, mesmo sabendo que isso pode dar até em rebaixamento, com o objetivo de se poupar para o Mundial de Clubes? Ou saberá dosar a disputa da competição nacional com a preparação para a conquista do planeta?

Ainda é cedo para a torcida pensar no assunto, mas, para os dirigentes, imaginar todas as possibilidades com antecedência é obrigação. Mesmo que o principal problema aser tratado na Gávea por esses dias se chame Universidad de Chile – impossível aceitar que o Flamengo ainda não tenha derrotado esse time em 2010. O lado bom do retrospecto negativo é que não haverá oba-oba antecipado. Estarão todos em alerta.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quartas-de-final, até que enfim (Corinthians 2 x 1 Fla)


Difícil encontrar um rubro-negro que não tenha respirado com alívio quando o árbitro uruguaio Roberto Silvera apitou o fim do primeiro tempo. O placar de 2 x 0 para o Corinthians, por incrível que pareça, ficara barato para o Flamengo.

O time era sufocado pelos paulistas, e muito mais por incompetência própria que por mérito do adversário. Sem jogadores com características de tocar a bola e a marcação muito atrás, o Flamengo assistiu o Corinthians jogar e perder gols durante os 45 minutos mais longos do ano.

Nesse quadro assustador, temi pelo futuro de David, que abriu o placar para o Corinthians com um gol contra. No segundo, de Ronaldo, o crédito foi de Dentinho, que cruzou com perfeição. Mas era o jovem zagueiro que estava novamente a marcar o gordo: a senha para a crucificação em caso de eliminação do Flamengo.

Incrível como a equipe melhorou no segundo tempo. Rogério tirou o improdutivo Pacheco, que não tem bola para ser titular, e colocou Kleberson. Em 15 minutos, o apoiador produziu mais e melhor que em cinco meses de temporada. O Flamengo passou a ter um pouco mais de toque de bola e Juan e Leo Moura apareceram para o jogo.

Claro que não dá para desprezar a sorte: o gol rubro-negro logo no início da segunda etapa. Isso faz – e fez – muita diferença no andamento do jogo e nas análises após a partida. O passe para Vagner Love foi de Kleberson, mas bonito mesmo foi o toque de Juan para o apoiador.

O segundo tempo nervoso, mas sem muita correria e lances de gol do Corinthians, reforçou minha impressão a respeito do time de Mano Menezes. Os caras simplesmente não conseguem pôr fogo na partida. Não o fizeram no Macaranã, com um jogador a mais desde o primeiro tempo, nem nessa noite, quando precisavam marcar o terceiro para se classificar.

Na verdade, o Flamengo esteve muito perto de igualar o placar, com o time fechadinho atrás e o contra-ataque funcionando. Leo Moura jogou muito, Kleberson também, Juan foi bem e Vagner Love, um leão, voltava para compor o meio e levava muito perigo na frente – embora, claro, tenha se embolado com a bola algumas vezes, e tentado conduzi-la quando não era o momento. E David se recuperou legal do baque.

Adriano se animou e, no fim, ainda conseguiu levar um zagueiro no corpo e na corrida e dar belo passe para Kleberson, que chutou para fora. Aliás, o Imperador mostrou novamente, em alguns lances, ter mais inteligência que a maioria dos companheiros de time e dos adversários. Sabe segurar a bola, soltá-la na hora certa sem deixar o colega em impedimento, virar o jogo.

Já Bruno... Falhou no segundo gol, fez muita cera (que novidade...) e salvou o time nos descontos, ao defender falta cobrada com perfeição por Chicão. Ainda pegou bem dois perigosos chutes de Ronaldo no primeiro tempo.

Kleberson ganhou moral com Rogério, certamente. Na falta de um meia que resolva, como Petkovic no ano passado, a saída parece mesmo jogar com três volantes e liberar Leo Moura e Juan. Mas com Vinícius Pacheco não dá – e ainda acho que Pet poderia ter começado jogando.

Ah, sim: alguém entendeu porque Rogério trocou Love tão cedo por Fierro? Risco desnecessário.

Ainda há correções a serem feitas, mas o importante foi a conquista da vaga e o fim do fantasma das oitavas-de-final. Torço para enfrentar o Universidad do Chile novamente. Tenho certeza que o Flamengo vai pra cima dos caras com sede de vingança. Até porque, finalmente, os jogadores parecem encarar seus compromissos com seriedade.

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Inacreditável: o Flamengo aprendeu usar o regulamento de um torneio mata-mata a seu favor.

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Na falta de algo melhor, a frase do jogo vai para Leo Moura, em entrevista coletiva no vestiário do Pacaembu. Ele disse o seguinte a respeito da torcida do Corinthians, que não deixou os jogadores do Flamengo dormirem na noite anterior ao clássico:

“Acho que foi uma atitude inteligente de jogar fogos na madrugada porque hoje eles não iam soltar mesmo.”

Falou, tá falado.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eu tive um sonho


Noite passada, sonhei que acabava de acordar. Já era noite e eu havia perdido boa parte do Corinthians x Flamengo, no Pacaembu.

Liguei a televisão apressado: faltavam 15 minutos para o final do jogo e o Flamengo vencia por 1 x 0.

O Corinthians tentava a reação, mas o técnico Rogério estava na zaga e aliviava a pressão paulista na base dos chutões para o alto.

Milhares de policiais faziam um cordão ao redor do campo para proteger os jogadores, pois a torcida do Corinthians, p* da vida, pulara os portões e queria invadir o gramado.

Mesmo assim, a partida se desenrolava sem maiores transtornos, e nada indicava que o árbitro quisesse encerrar o jogo.

Quando veio o apito final, após um segundo tempo de 50 minutos, Adriano foi carregado pelos jogadores. Não sei dizer se o gol da vitória foi marcado por ele.

Só lembro que, apesar da vitória e da classificação assegurada, eu estava contrariado por ter perdido quase todo o jogo.

Acordei de madrugada, ainda sem saber exatamente se o que tinha acontecido era sonho ou realidade. Quando percebi que era só um sonho, voltei a dormir. Bizarro.

É nisso que dá controlar a ansiedade em relação a um jogo decisivo ao longo de quase uma semana: quando você acha que está tranquilo, ela aparece de uma vez e te pega de surpresa.

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Agora, sobre a vida real.

Esse Corinthians x Flamengo era jogo para Petkovic. Melhor começar com ele que colocá-lo no segundo tempo, pois é impossível prever o que estará escrito no placar eletrônico do Pacaembu quando Rogério resolver colocar o sérvio.

Muita gente acha que Petkovic não aguenta a correria inicial. Isso não cola. No Campeonato Brasileiro do ano passado, ele resolveu jogos importantes justamente porque esteve em campo desde o início: contra Palmeiras e Atlético-MG, por exemplo, ambos fora de casa, quando o gringo meteu gols no primeiro tempo.

Um lançamento preciso, uma cobrança de falta perfeita e um gol olímpico são algumas das jogadas do repertório de Petkovic que Vinícius Pacheco não tem muita capacidade para executar.

Claro, também não custa rezar para que Adriano seja o Adriano dos bons momentos do último Brasileiro e que Ronaldo seja o Ronaldo da última quarta-feira.

Para o Flamengo, o jogo do ano. Para o Corinthians, o jogo do século - os caras nunca ganharam a Libertadores e estão no ano do centenário. Como se concentrar no trabalho?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Flamengo detonado pela Placar


Pausa no Flamengo x Corinthians. É hora de protesto no Fla 43.

Não é de hoje que a revista Placar tem derrapado feio quando o assunto diz respeito ao Flamengo, diretamente ou indiretamente. Uma edição de 2008 garantia que o Corinthians era o time mais odiado do Brasil. Em janeiro deste ano, a edição especial sobre o Campeonato Brasileiro brindou os leitores com um longo texto que colocou em dúvida a credibilidade do Hexa – eis alguns trechos:

“Na antepenúltima rodada, o Corinthians caiu diante do Flamengo. Os alvinegros demonstraram o mesmo futebol desinteressado que exibiram na maior parte da competição; talvez com um pouco mais de desinteresse...”

“Numa tacada só, a vitória deixou os cariocas com a mão na taça, fez o outrora todo-poderoso São Paulo (mutilado pelos desfalques do Tribunal...)”

Como as reticências comprovam, a Placar não poupou ironia ao descrever a reta final do Campeonato Brasileiro de 2009. Mas a revista se superou em abril, em edição recheada por conta das comemorações de seu 40º aniversário. Uma das atrações deste número, o de 1.341, é assinada pelo repórter Jonas Oliveira: um ranking descrito como a lista dos “40 maiores jogos de clubes brasileiros testemunhados pela revista.” A senha para a mais nova injustiça cometida por Placar contra o Flamengo.

Vamos aos fatos. Entre os 12 maiores clubes do país, Flamengo e São Paulo são os mais presentes nesses 40 grandes jogos: cada um aparece 10 vezes. Em seguida, vêm Corinthians, Internacional e Palmeiras (sete), Cruzeiro (seis), Vasco (cinco), Atlético-MG, Fluminense e Santos (quatro), Grêmio (três) e Botafogo (duas).

Mas a aparente supremacia rubro-negra é quebrada assim que se calcula o retrospecto do clube na relação escolhida. Dos 10 jogos em que aparece, o time venceu quatro e perdeu seis. Só há outro grande no prejuízo, o Atlético-MG, com uma vitória e três derrotas.

A desvantagem rubro-negra em relação aos demais torna-se flagrante, porém, quando se analisa os resultados das partidas. Dos 40 jogos, há nove goleadas, cinco sofridas pelo Flamengo: 0 x 6 para o Botafogo (Brasileiro de 1972), 1 x 4 para o Palmeiras (Brasileiro de 1979), 2 x 4 para o Palmeiras (Copa do Brasil de 1999), 1 x 4 para o Vasco (Brasileiro de 1997), 1 x 4 para o Corinthians (Brasileiro de 1984).

Não dá para entender o critério utilizado pela revista. As goleadas sofridas para Palmeiras (a de 4 x 1) e Botafogo, por exemplo, tiveram trocos muito bem dados, em jogos tão inesquecíveis para os rubro-negros quanto os outros para os dois rivais. Sem contar as inúmeras surras aplicadas no Corinthians ao longo de quatro décadas.

Para piorar, a lista não menciona os 3 x 0 do Flamengo de Leandro, Júnior e Zico sobre o Liverpool, na decisão do Mundial de Clubes de 1981. Mas lembra o ridículo 1 x 0 do São Paulo de Mineiro e Aloísio Chulapa contra o mesmo time inglês e pelo mesmo torneio, num jogo em que os paulistas passaram o segundo tempo inteiro encolhidos na defesa, rezando para ouvir o apito final.

Talvez alguém atribua as escolhas de Placar ao fato de o Flamengo ser o clube mais importante do país, aquele sobre quem uma vitória ganha contornos heróicos, e não tiro a razão de quem pensa desta maneira. Mas seria boa vontade demais. Com uma escolha tão sem pé nem cabeça, não dá nem para celebrar, de tão óbvio, o acerto no melhor jogo de clubes brasileiros dos últimos 40 anos: Flamengo 3 x 2 Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro de 1980.

O tratamento foi desigual.

***

Para quem teve saco de chegar até aqui, o Fla 43 reproduz a lista da Placar. Já segundo tópico é cortesia do blog, que fez a conta com o retrospecto de cada um dos 12 maiores clubes do país na lista.

Maiores jogos:

40. Atlético-PR 4 x3 Coritiba (Campeonato Paranaense 1971)
39. Botafogo 6 x 0 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1972)
38. Corinthians 1 x 1 Inter (Campeonato Brasileiro 2005)
37. São Paulo 3 x 2 Santos (Campeonato Brasileiro 2002)
36. Bahia 2 x 1 Inter (Campeonato Brasileiro 1988)
35. São Paulo 3 x 4 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1982)
34. Portuguesa 2 x 5 Vasco (Campeonato Brasileiro 1984)
33. Vasco 2 x 3 Fluminense (Campeonato Brasileiro 1988)
32. Cruzeiro 2 x 1 São Paulo (Copa do Brasil 2000)
31. Flamengo 2 x 0 Cobreloa (Libertadores 1981)
30. Atlético-MG 4 x 2 Cruzeiro (Campeonato Brasileiro 1999)
29. Inter 2 x 1 Atlético-MG (Campeonato Brasileiro 1976)
28. Flamengo 1 x 4 Palmeiras (Campeonato Brasileiro 1979)
27. Santos 0 x 2 Cruzeiro (Campeonato Brasileiro 2003)
26. Inter 2 x 1 Grêmio (Campeonato Brasileiro 1988)
25. Corinthians 3 x 2 São Paulo (Campeonato Brasileiro 1999)
24. Palmeiras 4 x 2 Flamengo (Copa do Brasil 1999)
23. São Paulo 1 x 0 Liverpool (Mundial de Clubes 2005)
22. Corinthians 2 x 3 Palmeiras (Libertadores 2000)
21. São Paulo 4 x 4 Palmeiras (Campeonato Brasileiro 1985)
20. Cruzeiro 3 x 2 River Plate (Libertadores 1976)
19. Atlético-MG 2 x 3 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1987)
18. Fluminense 3 x 1 São Paulo (Libertadores 2008)
17. São Paulo 3 x 2 Botafogo (Campeonato Brasileiro 1981)
16. Vasco 4 x 1 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1997)
15. Estudiantes 3 x 3 Grêmio (Libertadores 1983)
14. Palmeiras 3 x 4 Corinthians (Campeonato Paulista 1971)
13. Cruzeiro 5 x 4 Inter (Libertadores 1976)
12. Santos 3 x 2 Corinthians (Campeonato Brasileiro 2002)
11. Santos 5 x 2 Fluminense (Campeonato Brasileiro 1995)
10. Corinthians 4 x 1 Flamengo (Campeonato Brasileiro 1984)
9. Guarani 3 x 3 São Paulo (Campeonato Brasileiro 1986)
8. Vasco 5 x 2 Corinthians (Campeonato Brasileiro 1980)
7. Inter 1 x 0 Cruzeiro (Campeonato Brasileiro 1975)
6. Fluminense 3 x 2 Flamengo (Campeonato Carioca 1995)
5. Náutuco 0 x 1 Grêmio (Série B 2005)
4. Palmeiras 2 x 3 Inter (Campeonato Brasileiro 1979)
3. São Paulo 2 x 1 Barcelona (Mundial de Clubes 1992)
2. Palmeiras 3 x 4 Vasco (Copa Mercosul 2000)
1. Flamengo 3 x 2 Atlético-MG (Campeonato Brasileiro 1980)

Retrospecto por clube:

Flamengo – 10 jogos (4 vitórias, 6 derrotas - 5 por goleada)
São Paulo – 10 jogos (4 vitórias, 2 empates, 4 derrotas)
Corinthians – 7 jogos (3 vitórias, 1 empates, 3 derrotas)
Internacional – 7 jogos (4 vitórias, 1 empate, 2 derrotas)
Palmeiras – 7 jogos (3 vitórias, 1 empates, 3 derrotas)
Cruzeiro – 6 jogos (4 vitórias, 2 derrotas)
Vasco – 5 jogos (4 vitórias, 1 derrota)
Atlético-MG – 4 jogos (1 vitória, 3 derrotas)
Fluminense 4 jogos (3 vitórias, 1 derrota)
Santos – 4 jogos (2 vitórias, 2 derrotas)
Grêmio– 3 jogos (1 vitória, 1 empate, 1 derrota)
Botafogo – 2 jogos (1 vitória, 1 derrota)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os pitacos, com atraso


Após um fim de semana longe do computador e do noticiário, deixo, com atraso, meus pitacos sobre a ausência de Adriano no treino de sábado e a atitude do Flamengo a respeito do assunto:

* A decisão do supervisor Isaías Tinoco de descontar do pagamento do Imperador o dia não trabalhado e repor o treino perdido numa data qualquer foi, dentro do contexto problemático do Flamengo, a decisão mais acertada nesta semana de jogo decisivo da Libertadores. Barrar Adriano do duelo contra o Corinthians para mostrar uma suposta e inexistente autoridade do clube seria decisão totalmente descabida e fora de hora. Não adianta enquadrar ninguém na semana mais importante do ano, pois não se enquadra nenhum graúdo da Gávea há pelo menos 15 anos.

* Perder a vaga sem Adriano em campo, barrado, seria pior do que a desclassificação com ele se arrastando. Pois não haverá novidade alguma se o Flamengo for eliminado e todo o mundo cair de pau em cima do centroavante e do clube, acusando o primeiro de irresponsabilidade e o segundo de conivência – e os dois de falta de profissionalismo, o que é verdade. Isso já tem acontecido ao longo da temporada. O bicho pegaria mesmo se o Imperador assistisse a uma possível derrota rubro-negra das tribunas do Pacaembu ou da televisão de casa, com Mezenga tendo de resolver a parada.

* Acho interessante o tal choque de ordem prometido por Patrícia Amorim, mas não vejo como isso ser implantado da noite para o dia. Não de forma profunda e definitiva. O Flamengo evoluiu, mas ainda não estabeleceu a fama de bom pagador, não apresenta estrutura adequada de treinamentos, enfim, esses detalhes importantes que, se não garantem títulos, ajudam a conquistá-los e contribuem para um ambiente saudável trabalho e para imagem do clube entre os jogadores e no mercado – o Flamengo tem faturado alto com patrocinadores, por exemplo, mas poderia faturar mais.

* E repito o que escrevi antes do fim do Campeonato Carioca: “No fim das contas, a história desse time será contada a partir dos resultados. Se o Flamengo de 2010 for um time campeão, dentro de 10 anos poucos vão lembrar-se das péssimas atuações da equipe e de alguns problemas extra-campo – fabricados ou não – que têm marcado a temporada. Se for um time derrotado, alguém vai levar a culpa: Adriano, Pet, Bruno, Vagner Love, Leo Moura, Andrade, Marcos Braz... Ninguém estará livre do julgamento.” Um título já foi perdido e os dois últimos da lista, condenados.

Portanto, melhor julgar Adriano após a Libertadores.