quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quartas-de-final, até que enfim (Corinthians 2 x 1 Fla)


Difícil encontrar um rubro-negro que não tenha respirado com alívio quando o árbitro uruguaio Roberto Silvera apitou o fim do primeiro tempo. O placar de 2 x 0 para o Corinthians, por incrível que pareça, ficara barato para o Flamengo.

O time era sufocado pelos paulistas, e muito mais por incompetência própria que por mérito do adversário. Sem jogadores com características de tocar a bola e a marcação muito atrás, o Flamengo assistiu o Corinthians jogar e perder gols durante os 45 minutos mais longos do ano.

Nesse quadro assustador, temi pelo futuro de David, que abriu o placar para o Corinthians com um gol contra. No segundo, de Ronaldo, o crédito foi de Dentinho, que cruzou com perfeição. Mas era o jovem zagueiro que estava novamente a marcar o gordo: a senha para a crucificação em caso de eliminação do Flamengo.

Incrível como a equipe melhorou no segundo tempo. Rogério tirou o improdutivo Pacheco, que não tem bola para ser titular, e colocou Kleberson. Em 15 minutos, o apoiador produziu mais e melhor que em cinco meses de temporada. O Flamengo passou a ter um pouco mais de toque de bola e Juan e Leo Moura apareceram para o jogo.

Claro que não dá para desprezar a sorte: o gol rubro-negro logo no início da segunda etapa. Isso faz – e fez – muita diferença no andamento do jogo e nas análises após a partida. O passe para Vagner Love foi de Kleberson, mas bonito mesmo foi o toque de Juan para o apoiador.

O segundo tempo nervoso, mas sem muita correria e lances de gol do Corinthians, reforçou minha impressão a respeito do time de Mano Menezes. Os caras simplesmente não conseguem pôr fogo na partida. Não o fizeram no Macaranã, com um jogador a mais desde o primeiro tempo, nem nessa noite, quando precisavam marcar o terceiro para se classificar.

Na verdade, o Flamengo esteve muito perto de igualar o placar, com o time fechadinho atrás e o contra-ataque funcionando. Leo Moura jogou muito, Kleberson também, Juan foi bem e Vagner Love, um leão, voltava para compor o meio e levava muito perigo na frente – embora, claro, tenha se embolado com a bola algumas vezes, e tentado conduzi-la quando não era o momento. E David se recuperou legal do baque.

Adriano se animou e, no fim, ainda conseguiu levar um zagueiro no corpo e na corrida e dar belo passe para Kleberson, que chutou para fora. Aliás, o Imperador mostrou novamente, em alguns lances, ter mais inteligência que a maioria dos companheiros de time e dos adversários. Sabe segurar a bola, soltá-la na hora certa sem deixar o colega em impedimento, virar o jogo.

Já Bruno... Falhou no segundo gol, fez muita cera (que novidade...) e salvou o time nos descontos, ao defender falta cobrada com perfeição por Chicão. Ainda pegou bem dois perigosos chutes de Ronaldo no primeiro tempo.

Kleberson ganhou moral com Rogério, certamente. Na falta de um meia que resolva, como Petkovic no ano passado, a saída parece mesmo jogar com três volantes e liberar Leo Moura e Juan. Mas com Vinícius Pacheco não dá – e ainda acho que Pet poderia ter começado jogando.

Ah, sim: alguém entendeu porque Rogério trocou Love tão cedo por Fierro? Risco desnecessário.

Ainda há correções a serem feitas, mas o importante foi a conquista da vaga e o fim do fantasma das oitavas-de-final. Torço para enfrentar o Universidad do Chile novamente. Tenho certeza que o Flamengo vai pra cima dos caras com sede de vingança. Até porque, finalmente, os jogadores parecem encarar seus compromissos com seriedade.

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Inacreditável: o Flamengo aprendeu usar o regulamento de um torneio mata-mata a seu favor.

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Na falta de algo melhor, a frase do jogo vai para Leo Moura, em entrevista coletiva no vestiário do Pacaembu. Ele disse o seguinte a respeito da torcida do Corinthians, que não deixou os jogadores do Flamengo dormirem na noite anterior ao clássico:

“Acho que foi uma atitude inteligente de jogar fogos na madrugada porque hoje eles não iam soltar mesmo.”

Falou, tá falado.

3 comentários:

André Monnerat disse...

Acho que o Love estava mesmo muito cansado naquele momento. É o que pode justificar a substituição.

Matheus disse...

Flamengo precisa de um lateral esquerdo. Apesar de ter participado do lance do gol, axo o Juan cai-cai e pouco produtivo. Vamos FLAMENGO!!!

Freire disse...

Fala, Matheus. Eu acho o Juan indispensável quando está bem. De qualquer maneira, acho que teremos chances de avaliar melhor o Alvim durante o Campeonato Brasileiro. Acredito que o Flamengo está bem servido na posição.