Liguei a televisão apressado: faltavam 15 minutos para o final do jogo e o Flamengo vencia por 1 x 0.
O Corinthians tentava a reação, mas o técnico Rogério estava na zaga e aliviava a pressão paulista na base dos chutões para o alto.
Milhares de policiais faziam um cordão ao redor do campo para proteger os jogadores, pois a torcida do Corinthians, p* da vida, pulara os portões e queria invadir o gramado.
Mesmo assim, a partida se desenrolava sem maiores transtornos, e nada indicava que o árbitro quisesse encerrar o jogo.
Quando veio o apito final, após um segundo tempo de 50 minutos, Adriano foi carregado pelos jogadores. Não sei dizer se o gol da vitória foi marcado por ele.
Só lembro que, apesar da vitória e da classificação assegurada, eu estava contrariado por ter perdido quase todo o jogo.
Acordei de madrugada, ainda sem saber exatamente se o que tinha acontecido era sonho ou realidade. Quando percebi que era só um sonho, voltei a dormir. Bizarro.
É nisso que dá controlar a ansiedade em relação a um jogo decisivo ao longo de quase uma semana: quando você acha que está tranquilo, ela aparece de uma vez e te pega de surpresa.
***
Agora, sobre a vida real.
Esse Corinthians x Flamengo era jogo para Petkovic. Melhor começar com ele que colocá-lo no segundo tempo, pois é impossível prever o que estará escrito no placar eletrônico do Pacaembu quando Rogério resolver colocar o sérvio.
Muita gente acha que Petkovic não aguenta a correria inicial. Isso não cola. No Campeonato Brasileiro do ano passado, ele resolveu jogos importantes justamente porque esteve em campo desde o início: contra Palmeiras e Atlético-MG, por exemplo, ambos fora de casa, quando o gringo meteu gols no primeiro tempo.
Um lançamento preciso, uma cobrança de falta perfeita e um gol olímpico são algumas das jogadas do repertório de Petkovic que Vinícius Pacheco não tem muita capacidade para executar.
Claro, também não custa rezar para que Adriano seja o Adriano dos bons momentos do último Brasileiro e que Ronaldo seja o Ronaldo da última quarta-feira.
Para o Flamengo, o jogo do ano. Para o Corinthians, o jogo do século - os caras nunca ganharam a Libertadores e estão no ano do centenário. Como se concentrar no trabalho?
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