quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vocação para o ridículo (Fla 2 x 3 Universidad de Chile)



O mais novo vexame do Flamengo na Taça Libertadores da América suscita uma série de questionamentos legítimos a algumas máximas relacionadas ao clube, tipo “Deixou chegar, f*deu”, “A camisa joga sozinha” e “O Maracanã é o templo rubro-negro”. Isso tudo só vale, com ressalvas, para jogos contra times brasileiros. O Flamengo de Zico foi exceção nesse quesito. E somente por uma temporada.

Portanto, antes de procurar culpados pelo fracasso, é preciso cabeça no lugar e conhecimentos históricos suficientes para saber que crucificar qualquer um daqueles que esteve em campo é tarefa inglória: o Flamengo, ou pelo menos o Flamengo dos últimos 17 anos, é especialista em protagonizar papelões, independentemente dos jogadores, do técnico, da diretoria e do presidente do momento.

Parêntese: apesar do título do Campeonato Brasileiro de 2009, não custa lembrar que o Flamengo também já deu vexames em nível nacional, como a derrota em casa para o Santo André na final da Copa do Brasil de 2004 e goleadas para clubes como Bahia, Portuguesa, Bragantino, Figueirense e outros de expressividade semelhante e dos quais não me lembro agora.

Então não adianta o Lédio Carmona tentar me convencer ao repetir, a cada segundo da transmissão do SporTV, que o time do Universidad de Chile é bom. Os caras têm alguma qualidade técnica e um treinador inteligente, mas daí a ser um time bom é outra história. Prefiro outra versão: o Flamengo é muito incompetente. Pois não conseguir vencer os chilenos uma única vez em três jogos é brincadeira.

Os gols sofridos pelo time nesses confrontos comprovam a tese, mas vou me ater apenas aos três (três!) de hoje. No primeiro, após cruzamento da direita, a bola passou por David, William e Leo Moura. No segundo, apesar da falta em Bruno, o goleiro já havia furado. No terceiro, a bola cruzada da esquerda percorreu toda a área rubro-negra, com Bruno saindo atrasado.

Pode-se dizer que o Universidad de Chile marcou com eficiência a saída de bola, que se aproveitou do inexplicável nervosismo inicial do Flamengo, que mostrou exemplar tranqüilidade e que, embora não conte com um Adriano, teve mais competência para finalizar. Pode-se dizer tudo isso e não vou discordar. Mas ninguém me tira de cabeça que o Flamengo tinha a obrigação moral de derrotar os chilenos no Maracanã.

O problema não é com esse time nem com esse técnico, embora sejam eles a representar as cores do clube e, merecidamente, a receber as críticas pelos acontecimentos de hoje. O problema é que o Flamengo, em algum momento nos últimos 17 anos, deixou-se impregnar por uma vocação para o ridículo, especialmente no Maracanã, palco dos principais vexames. E a dificuldade para se livrar dela é inacreditável.

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A frase do jogo é de Bruno, ainda no intervalo da partida, quando começava a buscar explicações para a derrota parcial por 2 x 1:

“O Flamengo é o Flamengo...”

Não vale a pena citar o resto do raciocínio. A primeira oração resume tudo o que tentei dizer lá em cima.

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É contraditório, mas ainda acredito na classificação para as semifinais. Haja sofrimento.

Fotos e montagem: GloboEsporte.com

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