quarta-feira, 28 de abril de 2010

Que vença a incógnita



Há pouca rivalidade, não existem traumas e não houve grandes confusões nos duelos entre os dois clubes mais populares do país. As inúmeras surras, as muitas vitórias – inclusive no Pacaembu – e a vantagem em mata-matas do Flamengo não deixaram marcas no Corinthians, pois aconteceram em jogos de menor importância e /ou em fases eliminatórias não muito avançadas de alguns torneios, como nessa Libertadores. Mesmo nas piores fases do time, os rubro-negros se habituaram às convincentes vitórias sobre o bando de loucos do Parque São Jorge.

Mas, dessa vez, a história deve ser diferente, mesmo que o duelo seja válido pelas oitavas-de-final, mesmo que torcedores de Flamengo e de Corinthians sejam até simpáticos um ao outro, mesmo que Léo Moura e Roberto Carlos tenham feito aposta bacana e descontraída com o objetivo de ajudar as vítimas das recentes chuvas do Rio de Janeiro, mesmo que os jogadores dos dois clubes tenham se elogiado mutuamente, na velha tentativa de jogar o favoritismo para o outro lado. O passado de Flamengo x Corinthians não vale mais nada e o Maracanã precisa ferver hoje à noite.

O Flamengo está diante de momento crucial na temporada. Uma eliminação vai sacudir ainda mais a Gávea. Quase ninguém por lá, infelizmente, tem cabeça fria ou boas intenções suficientes para avaliar que perder para o Corinthians de Ronaldo e de Roberto Carlos seria absolutamente normal. Em caso de insucesso, a oposição vai tomar novo fôlego para a eterna briguinha de bastidores e questionar ainda mais o trabalho de Patrícia Amorim, que precisa de tranquilidade e tempo. E a torcida vai protestar – parte dela de forma estúpida - por mais uma Libertadores perdida precocemente e pelo semestre sem títulos.

Além de Adriano e de outras estrelas rubro-negras, dois personagens correm sério risco de terem seus filmes queimados em caso de eliminação: o técnico Rogério Lourenço, por ter sido jogado no fogo pela diretoria, e o volante Rômulo, por ter sido jogado no fogo por Rogério Lourenço. Mas é possível entender as duas escolhas, a do comando do Flamengo por Rogério e a do treinador por Rômulo. Certamente nenhum deles está se lamentando por isso, embora ambos saibam que podem ser julgados rigorosamente com base em duas partidas – ou uma, a depender dos acontecimentos.

Não dá para saber o que esperar do Flamengo. Só acho difícil se animar ao ver a escalação com três volantes e apenas Michael de meia. É depender demais de Leo Moura, da dupla Adriano e Vagner Love e, como em alguns momentos do ano passado, de uma arrancada maluca de Willians. Em Juan, infelizmente, já não se pode depositar a mesma confiança. Armada dessa maneira, a equipe pode ter dificuldades diante de um time muito bem organizado por Mano Menezes. O jogo clama pelo talento de Petkovic, que entrou pilhado contra o Caracas. É noite para o gringo.

O Maracanã verá o duelo entre uma incógnita e um time bem armado, paciente, cujo técnico tem respaldo e tranquilidade para trabalhar – se bem que, se o Flamengo conseguir a vaga, será o Corinthians a promover uma caça às bruxas. Que vença a incógnita.

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