quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lembranças de um temporal (Parte III - final)


Não estranhe a camisa seca de Petkovic na foto ao lado. Na tarde de 21 de outubro de 2001, o aguaceiro só desabou a partir da metade do segundo tempo. Era dia de Flamengo x Atlético-MG, mas no estádio Serejão, em Taguatinga, Distrito Federal. Isso porque, naquele ano, a diretoria do clube resolveu mandar alguns jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa Mercosul no DF, com o manjado objetivo de faturar uns trocados a mais.

Não eram dias promissores para o Flamengo. O clube ocupava o 21º lugar entre 28 participantes, e lutaria contra o rebaixamento até a última rodada. Era triste ver craques como Gamarra e Petkovic, insatisfeitos com os salários atrasados, praticamente andando em campo em alguns jogos. É dessa época a famosa frase do lamentável Vampeta: “Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo.”

Pois o Flamengo daquela tarde precisava vencer. Contou, inclusive, com o apoio da esmagadora maioria dos 17 mil torcedores presentes no Serejão. Confiante numa vitória sobre o tradicional freguês, que disputava as posições de cima da tabela, fui até Taguatinga com meu irmão, um amigo, um tio e alguns primos. Afinal, e apesar de tudo, teríamos em campo Pet, Edílson e os jovens Juan (zagueiro) e Júlio César - Gamarra não jogou.

Mas o que vimos não foi animador. O Flamengo, comandado pelo técnico Zagallo, estava perdido no gramado. Lembro-me perfeitamente do terror a que o veloz Marques submeteu a defesa rubro-negra, enquanto seu parceiro de ataque, o preguiçoso Guilherme, esperava um daqueles passes açucarados que lhe oferecesse a oportunidade de empurrar a bola para o gol e levar o crédito.

E foi justamente Guilherme quem abriu o placar, lá pela metade do segundo tempo, silenciando a mim e aos demais rubro-negros do Serejão. Não me lembro se o temporal desabou antes ou depois do gol atleticano, mas o fato é que ficamos todos ensopados e o jogo, cada vez mais tenso.

Aos 40 minutos, com a derrota praticamente decretada e o receio de tumulto na saída do estádio, deixamos o Serejão, desprezando burramente o fator Pet: aos 44, o gringo acertou o pé numa cobrança de falta que venceu o goleiro Velloso. Era o empate salvador. Ouvimos apenas o grito estridente da torcida, que abafou por alguns instantes o barulho da chuva.

Apesar da frustração de ter perdido o lance, entramos felizes no carro. Pet, o herói do Tri sobre o Vasco cinco meses antes, salvava o Flamengo novamente. Só não havia como adivinhar o que aconteceria poucos segundos após eu ligar o rádio e sintonizar a partida: aos 46 minutos, o zagueiro Edgar marcou o segundo do gol do Atlético-MG. Fim de clássico, derrota rubro-negra por 2 x 1.

O domingo terminava tragicamente: seguimos para casa derrotados, encharcados e sem saber quando teríamos o verdadeiro Flamengo de volta.

Um comentário:

Paulo Henrique disse...

Boa lembrança... Demoramos "até" para achar o estádio, tomamos chuva, nao vimos o gol do Pet. Mas vimos jogar Juan, Gamarra, Julio Cesar. E lembro bem de Zagallo no banco o jogo inteiro. Valeu a recordação.