terça-feira, 20 de abril de 2010

Crise, crise, crise


Será isso o que o destino nos reserva?

Difícil assumir uma posição definitiva a respeito da crise no Flamengo. Boa parte dos protagonistas desse momento lamentável tem personalidade complicada. Bruno é explosivo, vaidoso e infantil. Petkovic é explosivo e vaidoso. Marcos Braz é vaidoso, vaidoso (sim, duas vezes) e explosivo. Andrade e Patrícia Amorim não se enquadram no grupo. O técnico é conciliador, mas está perdido. Já a presidenta parece enérgica, e isso pode ser bom, embora seja cedo avaliar.

Mas, em meio ao mais novo tumulto rubro-negro, há um fato evidente: Andrade está sendo vítima de covarde processo de fritura. Jogar no colo do treinador a responsabilidade de barrar Pet, praticamente condicionando sua permanência no cargo ao afastamento do sérvio, é atitude sacana, deplorável e vergonhosa. Com medo de ficar queimado com a torcida caso mande embora um ídolo do Flamengo, o comando do futebol se omite e joga o pepino na mão do subordinado.

Pet e Andrade, especialmente o primeiro, são os mais novos bodes expiatórios dos cartolas rubro-negros. O primeiro, acusado de rachar o grupo de jogadores. O segundo, de falta de comando. Como se a assustadora queda de produção do time logo após o título brasileiro fosse responsabilidade de apenas dois homens. Como se Bruno e Álvaro não fossem chegados a panelinhas, como se Adriano não deixasse o clube e o time na mão, como se o ego de Marcos Braz não tivesse chegado à Lua.

Não adianta, porém, demitir Pet sem ter um substituto à altura. Nenhum dos jogadores no elenco atual mostrou condições para tanto. Se não querem mais o gringo no clube, que esperem, pelo menos, alguém mostrar evolução (acorda, Ramon!) ou o esquema de jogo ser mudado. Pet também tem parcela de culpa: deixou de ser o cara humilde e trabalhador do ano passado para voltar a ser a estrela temperamental de sempre. Só que aos 37 anos. O cara é tão ídolo quanto chato.

Também não adianta fabricar a falsa imagem de um Andrade frouxo e contratar um técnico caro e disciplinador com o pretexto de colocar ordem na casa se o clube, com sua política de privilégio às estrelas e falta de estrutura, não oferece condições de trabalho a ninguém que pretenda incutir o mínimo profissionalismo na Gávea. Sem contar a qualidade duvidosa de parte dos treinadores com mercado na Série A – e o ótimo Muricy Ramalho, que não daria certo no Flamengo, deve parar no Fluminense.

Quanto ao tal choque de ordem prometido por Patrícia Amorim, é quase impossível que se implante algo tipo no clube ou nos outros grandes do Rio de Janeiro. O máximo que se pode conseguir é fechar o elenco para o jogo de amanhã e, se a vaga for conquistada, para os próximos jogos da Libertadores. Entenda-se por fechar o comprometimento dentro de campo e nem sempre fora dele. Aliás, ainda não entendi o que o marido de Patrícia estava fazendo na reunião que decidiu segurar (por enquanto) Andrade no cargo.

É muito provável que o Flamengo não apresente melhora significativa contra o Caracas, no Macaranã, no aspecto tático. Um resultado satisfatório, com razoável diferença de gols, que praticamente assegure a classificação, será resultado da luta (se houver luta) e da fragilidade e /ou falta de interesse do adversário. Ainda bem que a equipe venezuelana é muito ruim, embora isso não seja garantia de vitória, dado o gosto do clube pelos vexames no Maracanã.

Só o que espero, dos jogadores e dos cartolas, é o mínimo de comprometimento para resolver o problema mais urgente. Não deve ser tão difícil assim.

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