quarta-feira, 21 de abril de 2010

Queremos entrega, nada mais


Ele não está no texto. Mas fica a homenagem.

A maioria dos jogadores de futebol não sabe nada de história. Nem mesmo a do clube que defende. Bruno confirmou a regra no final do ano passado, quando mandou confeccionar uniforme em homenagem ao goleiro Zé Carlos, falecido poucos meses antes, para jogar a última rodada do Campeonato Brasileiro, contra o Grêmio. O gesto foi nobre, mas Bruno achava que o colega de posição havia sido campeão nacional pelo Flamengo em 1992 – na verdade, foi em 1987.

Por isso, este blog enumera, humildemente, alguns feitos de jogadores e times rubro-negros ao longo dessa centenária trajetória. Quem sabe alguém do atual elenco, por acidente, não se depara com esse espaço virtual antes do decisivo jogo de hoje à noite, contra, o Caracas, no Maracanã. Afinal, o Fla 43 acredita no futuro do país e entende que os boleiros são sensíveis a ponto de encontrar motivação fora das fajutas palestras de autoajuda e das preleções de vestiário.

Portanto, se você joga no Flamengo e veio parar aqui, desligue o celular, o iPod, esqueça seu empresário, as picuinhas que assolam o clube e leia com atenção os tópicos abaixo:

* Em 1927, o ponta-esquerda Moderato disputou decisão contra o Vasco com uma cinta para proteger os pontos da cirurgia de apendicite a que se submetera dois dias antes.

* Em 1944, também contra o Vasco, o argentino Valido jogou com 39 graus de febre e garantiu o título rubro-negro com cabeçada certeira nos últimos minutos da partida.

* Em 1946, o craque Zizinho, sem saber, jogou duas partidas com a perna quebrada. Apesar da dor quase insuportável, não fugiu de divididas, lutou em campo e honrou a camisa.

* Em 1980, no primeiro jogo da decisão do Campeonato Brasileiro, contra o Atlético-MG, no Mineirão, o Deus da Raça Rondinelli fraturou a mandíbula e, mesmo assim, queria voltar a campo.

* Em 1981, o Flamengo foi campeão da Libertadores ao derrotar Cobreloa, do Chile, que dava porrada na cada dura e deixou Lico e Adílio sangrando no segundo jogo, em Santiago.

* Em 1981, com a vitória assegurada no terceiro jogo contra o Cobreloa, o atacante Anselmo entrou no fim e deu um soco no zagueiro Mário Soto, nocauteando o chileno e vingando os rubro-negros.

* De 1985 até encerrar a carreira no Flamengo (em 1990), o já veterano Zico jogou inúmeras partidas no sacrifício, com dores insuportáveis no joelho operado.

* Em 1992, o Flamengo deixou o Vasco para trás no Campeonato Brasileiro após ganhar na bola e na porrada, com direito a soco de Júnior Baiano em Edmundo.

* Em 1999, com time limitadíssimo, cujo camisa 10 era Iranildo, o Flamengo foi campeão da Mercosul, fora de casa, em cima do estrelado Palmeiras de Felipão, Zinho, Alex e outros.

* Em 2009, atletas que hoje se desentendem contrariaram as previsões de 100% da crônica esportiva, derrotaram os favoritos e levaram para a Gávea o Hexa do Brasileiro.

Raciocínio concluído, o Fla 43 esclarece aos jogadores do Flamengo que não espera deles, contra os venezuelanos do Caracas, atitudes como as de Anselmo e Júnior Baiano, principalmente nos primeiros minutos de jogo (beleza, Willians?). Mas o blog entende que esses episódios, cada um em seu contexto, foram necessários. E quer ver espírito semelhante na bola.

NR: a bela expressão “na bola e na porrada” foi usada para se referir ao Flamengo x Vasco de 1992 por Gustavo de Almeida, no blog Jihad Rubro-Negra.

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