domingo, 14 de março de 2010

Vitória não esconde defeitos (Fla 1 x 0 Vasco)


O talento decide: Bruno acabou com Dodô

O lance que resultou no primeiro pênalti cometido pelo Flamengo foi o retrato do clássico de hoje. O zagueiro Tite, do Vasco, avança com liberdade pela esquerda, desde o campo de defesa. Ele segue até a intermediária sem ser incomodado e toca para Dodô, perto da área rubro-negra. O centroavante tem folga suficiente para olhar e achar Philippe Coutinho, que é derrubado por Willians.

A facilidade com que os jogadores do Vasco chegavam à área do Flamengo, no Maracanã, era impressionante. A dificuldade de marcação rubro-negra já ficara evidente em outros jogos, o que nos obriga a enfrentar os fatos: apesar dos bons resultados, o Flamengo de 2010 gosta de viver perigosamente. A importante vitória no clássico não escondeu os defeitos da equipe.

Quando falo em marcação, não me refiro apenas à dificuldade provocada pela ausência de Maldonado e pela venda de Aírton. O problema é coletivo. O Flamengo tem o hábito de apenas cercar o adversário, em vez de marcá-lo em cima e fechar-lhe os espaços, como fez o Vasco durante quase todo o jogo.

Sorte que o Flamengo tem jogadores talentosos o suficiente para resolver jogos e espantar crises. Numa noite em que Adriano, apesar do gol de pênalti, pouco apareceu, e que Vagner Love não acertou quase nada, Bruno brilhou ao pegar dois pênaltis de Dodô. Nosso goleiro tem lá alguns problemas pessoais e perde oportunidades de ouro de ficar calado, mas agarra demais. Ainda bem.

Andrade deve manter o sinal amarelo ligado. O time do Vasco não é lá essas coisas e nem sempre Bruno vai dar conta de fechar o gol. O técnico precisa entender porque o Flamengo não conseguiu nem contra-atacar, quando deveria ter matado o jogo como fez na última quarta-feira, contra o Caracas.

Aliás, dos atletas mais ofensivos do time, Leo Moura, que tem jogado muito, e Juan, que não tem jogado tanto, foram os melhores. O lateral-direito, além da categoria habitual, manteve o perigoso Márcio Careca quietinho lá atrás, sem atacar, preocupado com a defesa.

Já o lateral-esquerdo voltou a aparecer no ataque com eficiência, a cavar e sofrer faltas, a incomodar os rivais, embora tenha dado alguns moles no primeiro tempo. No segundo, levou uma cotovelada de Rafael Carioca e um carrinho por trás de Élder Granja. Nenhum dos dois foi expulso. Carioca não recebeu nem o cartão amarelo.

E os vascaínos não têm mesmo do que reclamar. Além da complacência da arbitragem com a violência de Carioca e Granja, o time teve dois pênaltis (bem marcados) a seu favor. E, em vez de reclamar do polêmico pênalti cobrado pelo Adriano, que resultou no gol do Flamengo, deveriam lembrar que Márcio Careca já havia derrubado Leo Moura no primeiro tempo, mas o árbitro Péricles Bassols (RJ) não marcou nada.

***

Assisti o jogo pelo Sportv. Paulo César Vasconcelos não foi muito bem nos comentários, mas soltou a frase da noite:

“Ninguém perde dois pênaltis num Flamengo x Vasco impunemente.”

Eis o drama do jogador do futebol: endeusado pelos vascaínos no primeiro turno, Dodô foi xingado pela própria torcida. A semana vai ser quente em São Januário.

Foto: Agência Lance

Um comentário:

Ceará disse...

Caracas e Vasco são limitados. O Flamengo não pode dar esses moles pra time bom. Olho Andrade!