quarta-feira, 3 de março de 2010

Feliz aniversário, Galinho



Seria desonesto dizer que vi o Zico jogar. Entenda-se por ver, neste caso, o privilégio de acompanhar atentamente a carreira de um ídolo, com a idade e a maturidade necessárias para admirar características de seu jogo e vibrar com as vitórias inesquecíveis que o cara proporciona.

Tenho 28 anos, e estava com nove quando Zico encerrou a carreira no Flamengo. O que não me impediu de registrar na memória alguns momentos do Galinho em campo, embora eu fosse, então, muito jovem para se concentrar durante os 90 minutos de qualquer jogo de futebol.

São poucas as lembranças, mas nítidas, de um Zico em fim de carreira. Ambas da Copa União de 1988: o golaço de fora da área contra o Internacional, numa derrota de 3 x 1, no Beira-Rio, que assisti pela televisão na companhia de meu pai e de meu avô; e uma vitória de 3 x 0 sobre o Criciúma, no Maracanã, em jogo de meio de semana que ouvi pelo rádio, também com gol do craque, após chute violento.

Apesar da juventude excessiva, eu já era capaz entender o significado de Zico. O tempo passou e a compreensão ganhou corpo, com a leitura assídua da revista Placar, as fitas em VHS dos jogos da geração de ouro do Flamengo, as reportagens sobre o ídolo na televisão, as conversas com rubro-negros mais velhos – e, porque não, com a má fase interminável de um clube que insistia em se manter estacionado no tempo, refém, ironicamente, das conquistas do Galinho e de seus companheiros.

A força de Zico se mostrava até mesmo comigo já marmanjo. Há exatos sete anos, ele conseguiu reunir 10 homens barbados diante da televisão em pleno Carnaval, na cidade de mineira de Tiradentes – o Carnaval de 2003 aconteceu no início de março. Aqueles flamenguistas, vascaínos, tricolores e o solitário botafoguense ignoraram o sono e a ressaca da manhã para assistir reportagem especial sobre o craque, que completava 50 anos.

Hoje, um pouco mais envelhecido e careca do que naquela ocasião, com 57 anos, Zico permanece venerado pelos rubro-negros e admirado por torcedores de todos os clubes. E assim será para sempre.

Obrigado, Zico.

Foto: Patriciaamorim.wordpress.com

Um comentário:

Ceará disse...

Zicão é foda, cara.