terça-feira, 30 de março de 2010

Ninguém se lembra de Ramon


Entra rodada, sai rodada e a discussão sobre quem deve ser o responsável pela criação das jogadas do Flamengo não chega ao fim. Petkovic e Vinícius Pacheco, que têm se revezado no papel, monopolizam o debate sobre o assunto a cada partida. Mas, até agora, nem a imprensa especializada, nem os torcedores e nem o técnico Andrade parecem ter chegado a uma conclusão.

Espanta-me, porém, que um terceiro jogador seja pouco ou quase nunca lembrado como candidato à vaga: Ramon, contratado exatamente porque o Flamengo procurava alguém com capacidade para substituir aos poucos o velho Pet, que pode até deixar o clube nos próximos dias. Em minha opinião, Ramon pode ser o jogador ideal para ocupar a vaga do sérvio – ou disputar a posição com ele.

O problema é que o atleta pagou o preço por ter chegado à Gávea bastante acima do peso e acabou eclipsado pelo fulminante início de ano de Pacheco, que se aproveitou também do vácuo temporário deixado por Pet – o gringo perdeu parte da pré-temporada para curtir o Natal ortodoxo da Sérvia. Além disso, a documentação de Ramon atrasou na Rússia, o que impediu sua inscrição na primeira fase da Libertadores.

Mesmo assim, Andrade bobeou: poderia tê-lo aproveitado em mais oportunidades no Campeonato Carioca. O técnico colocou Ramon em campo em poucos jogos, quase sempre contra os pequenos e sempre no segundo tempo. Desprezou a chance de observá-lo de verdade num clássico, a não ser durante poucos minutos contra o Botafogo, no Engenhão.

O pouco que vi de Ramon me agradou. Ele já demonstrou característica ausente no bom, veloz e voluntarioso Pacheco: qualidade no passe em profundidade. Sempre que entra em campo, tenta colocar, com naturalidade, um companheiro na cara do gol. Conseguiu, por exemplo, contra o América, no último domingo, em lance desperdiçado por Vagner Love.

Ramon mostrou ainda facilidade para driblar e tabelar, conforme já opinou o Fla 43, e mais talento em relação ao concorrente - acho até que a posição ideal para Pacheco seja outra, aberto pelas pontas para explorar sua velocidade.

Ainda é cedo para saber se Ramon vai confirmar tais qualidades em partidas importantes. Mas, como ele vai participar da segunda fase da Libertadores – caso o Flamengo se classifique –, precisa ser observado com carinho. Não custa escalá-lo de início contra o Friburguense, último jogo antes das semifinais da Taça Rio. Ramon pode dar caldo.

Foto: GloboEsporte.com

3 comentários:

André Monnerat disse...

O Ramon acabou não inscrito na Libertadores porque os documentos dele atrasaram da Rússia. Acho que por isso o Andrade deixa ele sempre pra trás.

Mas a primeira fase da Libertadores não dura pra sempre e parece que não vai ter erro mesmo pra gente se classificar. Eu escrevi disso também, acho que o Andrade tá dando mole de não ter testado ele pra valer até agora.

Freire disse...

Informação corrigida, André. Valeu.

Com relação à classificação para a segunda fase da Libertadores, ainda mantenho o pé atrás. O Flamengo tem dado muita chance pro azar. Vai saber.

berna beat disse...

outro erro recorrente, além de esquecerem de ramon, prezado freire, é se aproximar pacheco e pets como jogadores de atitudes semelhantes. não são.
armador, armador mesmo, como o zico era, como conca é, como ganso certamente será, armador de verdade, é o pets. parar a bola. ver o jogo. alternar o ritmo do time. meter a pelota.
o pacheco é um meia-atacante. é um cara de correr com a bola, de se lanzar ao ataque, se aproximar em tabelas em movimento. como o kaká. e o kaká não é um armador, por mais craque que ele seja.
armador é outro lance. juninho pernambucano, exemplo.
ramon, sim, me parece ser mais esse cara na linha pernambucano-pets. me parece. como tu disses, ainda nao tivemos oportunidade de ver.