segunda-feira, 1 de março de 2010

Imperador adormecido



O Campeonato Carioca chegou ao segundo turno, a Copa Libertadores começou e o mês de março também, mas Adriano ainda não engrenou em 2010. Houve uma partida de exceção, que já entrou para a história: a virada sobre o Fluminense, pela Taça Guanabara, quando ele marcou três gols na inesquecível vitória por 5 x 3. E ficou nisso.

Nos outros dois jogos de maior importância no ano até agora, Adriano foi muito mal. Diante do Botafogo, nas semifinais da Taça Guanabara, e dos chilenos do Universidad Católica, na estreia rubro-negra na Libertadores,  o Imperador se deslocou pouco, lutou menos e, pior, mostrou desinteresse pelo que acontecia em campo.

Há quem não esteja preocupado. Afinal, o Flamengo acaba de dar início à luta pelo título sul-americano, prioridade da temporada. E outros jogadores, como os zagueiros Álvaro e Ronaldo Angelim, começaram o ano fora de forma e falhando bastante – o último, em gesto nobre, até pediu a Andrade para ser barrado.

O problema é que Adriano, além das presepadas conhecidas por todo o planeta, tem exibido tal comportamento desde o ano passado. Ele caiu de produção nas rodadas derradeiras do Campeonato Brasileiro, especialmente contra Goiás e Grêmio. E não enfrentou o Corinthians graças à queimadura no pé provocada (versão dele) por uma lâmpada de jardim – fato que não deixa dúvidas sobre quem seria apontado, pelos mesmos que o endeusaram, como o vilão rubro-negro se o Flamengo não levasse o título.

Minha esperança na melhora de Adriano é fundamentada no mesmo princípio do ano passado: o desejo do craque de disputar a Copa do Mundo. A principal diferença é que agora a presença dele grupo de Dunga é quase certa. E a sensação de garantia pode deixá-lo ainda mais relaxado, principalmente se for bem no amistoso de amanhã contra a Irlanda, o último antes da convocação final.

Em 2009, torci discretamente para Nilmar superar Adriano nos jogos da Seleção Brasileira, o que deu certo algumas vezes. Um Imperador mordido, com vontade de convencer Dunga e a opinião pública, seria garantia de motivação, de concentração e de gols no Campeonato Brasileiro.

Num mundo ideal, atencioso aos desejos de Adriano e dos rubro-negros, o Imperador permaneceria na dúvida sobre a própria presença na lista de Dunga para a África do Sul. E trataria de provar seus méritos atropelando os adversários do Flamengo até maio, mês da convocação final, e garantindo lugar na Copa. Como isso não deve acontecer, rezemos para que o espírito atribulado do craque seja sensível à causa rubro-negra neste ano tão importante. O clube precisa dele.

Foto: Márcia Feitosa/Vipcomm (retirada do site Paraná Online)

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