segunda-feira, 8 de março de 2010

Raparigueiros unidos


O noticiário esportivo, em geral, tem dado destaque exagerado às peripécias do Imperador e de outros jogadores do Flamengo pelo Rio de Janeiro. Além das estridentes notícias a respeito do barraco entre Adriano e a noiva, houve quem chegasse ao cúmulo de publicar a seguinte matéria: “Love atropela um cachorro na saída da favela.” Eis um pouco da arte de esquentar o vazio.

Nada mais educativa, portanto, que a lição de PVC, ontem, na ESPN Brasil. Notícia de verdade são os números do Imperador em 2010: nos últimos dois meses, o craque faltou ou chegou com atraso a 11 treinos. A assustadora porcentagem é mais eloquente e reveladora da falta de compromisso e dos problemas de Adriano que qualquer confusão em porta de baile funk na hora de folga.

Mas há um detalhe interessante que emerge em meio ao circo provocado pelos veículos de comunicação: por mais raparigueiros e p*rra-loucas que sejam – ou aparentem ser, mas isso é problema deles – alguns jogadores do Flamengo, não dá para negar que eles têm se entendido (também) fora de campo.

Reparem como um defende o outro e como todos defendem o Imperador. Não me entendam mal: as declarações de Bruno (“Quem nunca saiu na mão numa mulher?”) são deploráveis, sim. Mas o goleiro comprou a briga do Imperador e teve peito para criticar os jornalistas: “Quer notícia? Corre atrás de artista."

A preocupação em preservar o grupo não se restringe às declarações nas entrevistas. Ciente da repercussão estrondosa que um possível tropeço no jogo de sábado causaria na Gávea, o time mostrou comprometimento suficiente para derrotar o Resende sem sofrer os sustos que já se tornavam rotina no Campeonato Carioca.

Comportamento bem diferente dos tempos em que o Flamengo contava com um artilheiro tão eficiente, mulherengo e descompromissado quanto Adriano: Romário. Nos já longínquos anos 90, o baixinho egocêntrico reinava na Gávea e no Rio de Janeiro, mas não havia quem lhe comprasse o barulho. O ambiente era péssimo, os jogadores se dividiam em grupos e o clube acumulava vexames.

Os problemas de Adriano preocupam os torcedores, principalmente agora, após o vice de futebol Marcos Braz revelar que o jogador recorreu à bebida por conta dos problemas com a noiva. Mas, enquanto o restante do elenco mostrar esse carinho por ele correndo dentro de campo, a torcida pode ficar um pouco mais tranquila.

E o teste de fogo será agora, nessa mini-maratona que teremos pela frente, com jogos importantes na Libertadores e no Campeonato Carioca: Caracas (na Venezuela, sem o Imperador), Vasco, Universidad do Chile (no Chile) e Botafogo. Veremos como o Flamengo vai se comportar.

Um comentário:

André Monnerat disse...

Eu andei falando disso com amigos esses dias, da diferença do efeito dos privilégios do Romário e do Adriano no grupo.

Acho que a diferença é que o Adriano parece ser gente boa, simpático com a galera, companheiro. Até mesmo pra consumo externo: quando o time ganha, costuma falar dos méritos do grupo nas entrevistas. A galera acaba meio que entendendo que é isso aí, o cara joga muito, a gente faz a nossa parte aqui atrás e vamos nessa.

Já o Romário era um babaca, que criava panelinhas, discriminava jogadores nos bastidores, até saía no tapa dentro de campo e, quando o time ganhava, chamava todos os méritos pra si. Óbvio que ia ter uma galera que não gostava dele nesses termos.