sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vigilantes do peso


Olho gordo, torcida do Flamengo, a cada vez que o gordo pegar na bola.

Olho no gordo, volantes e zagueiros do Flamengo, a cada vez que o gordo se mexer com o objetivo de encostar na pelota.

Parece cedo para tocar no assunto, mas não é. Desde já, nestes dias de preparação para o jogo de volta contra o Corinthians, Rogério e os jogadores não devem esquecer Ronaldo durante um segundo sequer.

Porque só se fala nele desde que Carlos Amarilla apitou o fim do duelo do Maracanã. Ronaldo é alvo dos comentaristas esportivos, dos jornais italianos, da torcida do Corinthians, da torcida do Flamengo, d’O Globo e até da Folha de São Paulo – o diário paulista informa hoje que o Fenômeno tem o pior desempenho, na temporada, entre os centroavantes dos 12 maiores clubes do país.

Mas Ronaldo - é chato, repetitivo e lugar-comum lembrar - já cansou de calar a boca de quem o considerava acabado. Kléberson, preterido até do banco de reservas por Rogério na quarta-feira, acompanhou de perto a virada do Fenômeno na Copa de 2002 e pode ser útil nesse ponto, no alerta aos colegas sobre a capacidade do adversário, embora qualquer garoto de 15 anos conheça bem a história.

Portanto, é proibido na Gávea entrar na onda geral e achar que Ronaldo não está com nada. Especialmente o jovem David, que já teve de responder perguntas a respeito de sua ótima atuação no Maracanã, com eficiente marcação sobre o Fenômeno.

Claro que a apertada vitória por 1 x 0 ajuda os rubro-negros a se manterem no clima de tensão necessário, pois, por incrível que pareça, uma vantagem de 2 x 0 costuma ser excessivamente perigosa para o Flamengo, que adora relaxar antes da hora – acho até que, se aquela cabeçada de Adriano entrasse, o time levaria pouco depois aquele golzinho muquirana e iria ao Pacaembu com uma vantagem menor.

Olho em Dentinho, olho em Roberto Carlos, olho em Elias, mas olho principalmente no gordo. A última coisa que a torcida quer é ver esse cara arrebentar em cima do Flamengo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Finalmente, o verdadeiro Flamengo (Fla 1 x 0 Corinthians)



Vitória com um jogador a menos desde o primeiro tempo, debaixo de chuva que quase estragou a partida, com organização, fibra e atenção de sobra. Pela primeira vez em 2010, o verdadeiro Flamengo mostrou a cara. Foi bonito de se ver. E, no fim das contas, o placar de 1 x 0, com pênalti bem cobrado por Adriano, ficou barato para o Corinthians, que parecia ter tudo a favor após a expulsão de Michael.

O jogo desta noite, no Maracanã, provou que o Flamengo tem time. Bastou a mudança de postura. À exceção óbvia de Michael, todos os jogadores foram bem, com destaque para Willians, David, Ronaldo Angelim, Adriano e Juan e Leo Moura, que, na ausência forçada de um meia de criação, reeditaram os velhos tempos, brilharam individualmente, coletivamente e ainda ajudaram na defesa.

Juan, que não vinha jogando nada, fez sua melhor partida no ano. Tranquilo e seguro, participou de vários lances de perigo e sofreu o pênalti num lance que é sua marca registrada. Quem é rubro-negro ou ao menos acompanha os jogos do time já sabia que ele seria derrubado antes do corintiano Moacir se aproximar.

Leo Moura, um dos poucos que se salvava nas péssimas apresentações recentes, mostrou a velha habilidade e se entendeu perfeitamente com Willians no ataque, especialmente no segundo tempo, quando a chuva deu trégua e foi possível jogar futebol no Maracanã. Willians, aliás, foi aquele dos melhores momentos do Flamengo no ano passado, esperto nos desarmes e com fôlego invejável.

Adriano quase não tocou na bola no primeiro tempo, justamente quando deveria ter sido mais acionado, já que o gramado do Maracanã estava uma piscina. O Flamengo jogou bem nos 45 minutos iniciais, mas não aproveitou tanto a força do Imperador. Na segunda etapa, ele não foi brilhante, mas deixou o gol da vitória e esteve muito a fim de jogo – afinal, são as últimas chances de garantir vaga na Copa do Mundo.

David e Ronaldo Angelim, bem protegidos, faça-se justiça, não falharam e conseguiram segurar o Corinthians: Ronaldo esteve patético, mas é Ronaldo; Dentinho e Roberto Carlos são perigosíssimos. E o mais legal em David é o estilo vibrante, perfeito para os closes das milhares de câmeras de televisão, que o flagraram gritando várias vezes e até pedindo ajuda de Juan na defesa.

As substituições de Rogério (não consigo e acho que não vou conseguir chamá-lo de Rogério Lourenço) foram corretas. A torcida pediu, mas não era jogo para Petkovic, não com Michael expulso e a consequente necessidade de corrida em dobro.

Aliás, Michael, expulso estupidamente após cometer a segunda falta por trás e levar o segundo cartão amarelo, é o destaque negativo da noite. O rigoroso árbitro Carlos Amarilla, do Paraguai, já havia expulsado Willians contra o Universidad Católica, na estreia do Flamengo, com um minuto de jogo. O mínimo que se poderia esperar dos jogadores era conhecer o estilo de arbitragem e segurar a onda.

Sobre o Corinthians: o time não soube aproveitar a significativa vantagem de ter um jogador a mais desde o primeiro tempo. Levou pouquíssimo perigo. Só assustou mesmo nas venenosas cobranças de falta de Roberto Carlos em direção à área e no fim. Mas não dá para brincar com um time que pode se dar ao luxo de tirar Danilo e Dentinho para colocar Jorge Henrique e Iarley. Mano Menezes tem elenco de sobra.

Hoje, foi o Macaranã. Na próxima quarta-feira, será o Pacaembu a ferver. Não dá para desprezar a vantagem, especialmente o fato de o Flamengo não ter sofrido gol. O empate é rubro-negro, derrotas por 2 x 1, 3 x 2 e outras a partir daí, por um gol diferença, também. Mas não se iluda: vai ser foda.

***

A frase do jogo é do técnico Rogério, em entrevista à reportagem da Globo:

“Parabéns pros jogadores, foram guerreiros e honraram essa camisa da melhor forma possível.”

E parabéns do Fla 43 para o ex-zagueiro, que já usou a braçadeira de capitão do Flamengo, pela aula de rubro-negrismo para todo o país.

Ah, meu irmão acaba de contar que ele agradeceu ao Andrade pela montagem da equipe e mencionou a conquista do Hexa pelo Tromba.

Começou bem.

***

O árbitro Carlos Amarilla expulsou Michael corretamente, mas errou ao não mandar para o chuveiro o lateral Roberto Carlos. Ele já recebera cartão amarelo por reclamação e, no fim do jogo, meteu malandramente a mão na bola para levar vantagem numa jogada. Mas o paraguaio preferiu advertir Fierro com o amarelo, só porque o chileno deu um biquinho na bola com o jogo parado.

Fotos: GloboEsporte.com

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tostão, sobre o Flamengo


No embalo de Flamengo x Corinthians, segue trecho da coluna de hoje do Tostão:

"A única coisa importante que realmente mudou no Flamengo foi a queda das condições físicas e técnicas de Adriano e Petkovic. Isso fez a diferença."

Leia a íntegra do texto aqui (eis a dica: ao contrário da Folha de São Paulo e do Correio Braziliense, o conteúdo de O Povo, do Ceará, é aberto. Tostão escreve todas as quartas e domingos).

NR: a poucas horas do jogo, a tensão toma conta do blogueiro.

Que vença a incógnita



Há pouca rivalidade, não existem traumas e não houve grandes confusões nos duelos entre os dois clubes mais populares do país. As inúmeras surras, as muitas vitórias – inclusive no Pacaembu – e a vantagem em mata-matas do Flamengo não deixaram marcas no Corinthians, pois aconteceram em jogos de menor importância e /ou em fases eliminatórias não muito avançadas de alguns torneios, como nessa Libertadores. Mesmo nas piores fases do time, os rubro-negros se habituaram às convincentes vitórias sobre o bando de loucos do Parque São Jorge.

Mas, dessa vez, a história deve ser diferente, mesmo que o duelo seja válido pelas oitavas-de-final, mesmo que torcedores de Flamengo e de Corinthians sejam até simpáticos um ao outro, mesmo que Léo Moura e Roberto Carlos tenham feito aposta bacana e descontraída com o objetivo de ajudar as vítimas das recentes chuvas do Rio de Janeiro, mesmo que os jogadores dos dois clubes tenham se elogiado mutuamente, na velha tentativa de jogar o favoritismo para o outro lado. O passado de Flamengo x Corinthians não vale mais nada e o Maracanã precisa ferver hoje à noite.

O Flamengo está diante de momento crucial na temporada. Uma eliminação vai sacudir ainda mais a Gávea. Quase ninguém por lá, infelizmente, tem cabeça fria ou boas intenções suficientes para avaliar que perder para o Corinthians de Ronaldo e de Roberto Carlos seria absolutamente normal. Em caso de insucesso, a oposição vai tomar novo fôlego para a eterna briguinha de bastidores e questionar ainda mais o trabalho de Patrícia Amorim, que precisa de tranquilidade e tempo. E a torcida vai protestar – parte dela de forma estúpida - por mais uma Libertadores perdida precocemente e pelo semestre sem títulos.

Além de Adriano e de outras estrelas rubro-negras, dois personagens correm sério risco de terem seus filmes queimados em caso de eliminação: o técnico Rogério Lourenço, por ter sido jogado no fogo pela diretoria, e o volante Rômulo, por ter sido jogado no fogo por Rogério Lourenço. Mas é possível entender as duas escolhas, a do comando do Flamengo por Rogério e a do treinador por Rômulo. Certamente nenhum deles está se lamentando por isso, embora ambos saibam que podem ser julgados rigorosamente com base em duas partidas – ou uma, a depender dos acontecimentos.

Não dá para saber o que esperar do Flamengo. Só acho difícil se animar ao ver a escalação com três volantes e apenas Michael de meia. É depender demais de Leo Moura, da dupla Adriano e Vagner Love e, como em alguns momentos do ano passado, de uma arrancada maluca de Willians. Em Juan, infelizmente, já não se pode depositar a mesma confiança. Armada dessa maneira, a equipe pode ter dificuldades diante de um time muito bem organizado por Mano Menezes. O jogo clama pelo talento de Petkovic, que entrou pilhado contra o Caracas. É noite para o gringo.

O Maracanã verá o duelo entre uma incógnita e um time bem armado, paciente, cujo técnico tem respaldo e tranquilidade para trabalhar – se bem que, se o Flamengo conseguir a vaga, será o Corinthians a promover uma caça às bruxas. Que vença a incógnita.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Jura?


A frase é abaixo de Andrade, em matéria publicada hoje no GloboEsporte.com:

“Todos os brasileiros que estão nas oitavas da Libertadores não foram campeões. O Inter ainda está na disputa (do Gaúcho), mas priorizou o tempo todo a Libertadores. Nós deveríamos ter priorizado. Mas nem por isso os técnicos foram demitidos.”

Com todo o respeito do mundo ao ídolo Andrade, que dedicou a vida ao Flamengo e deu ao clube o Hexa, não é fácil ler isso sem se irritar.

Correção: a entrevista foi publicada pelo jornal Extra. O GloboEsporte.com apenas publicou alguns trechos, mas deu o crédito ao diário carioca.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Provocar Ronaldo é burrice



Se tivessem um pouquinho de memória, os torcedores do Flamengo que planejam azucrinar a vida de Ronaldo desistiriam da ideia rapidamente. Contratar o ex-BBB e drag queen Dicésar para recepcionar, acompanhado de travestis, o atacante no aeroporto, durante a chegada do Corinthians ao Rio de Janeiro e no Maracanã, não é só piada de mau gosto, mas uma tentativa involuntária de cavar a própria cova.

Fustigar um craque é burrice e essa parcela da torcida deveria saber disso, pois já se beneficiou de situação semelhante. Em setembro de 1999, em jogo do Flamengo contra o mesmo Corinthians, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro, os paulistas provocaram Romário o tempo inteiro. Resultado: o Baixinho enfiou dois gols no adversário, garantindo a virada por 2 x 1, e comemorou mandando os alvinegros calarem a boca.

No mesmo mês, em jogo válido pela mesma competição e no mesmo estádio, os corintianos incorreram no erro novamente e encheram a paciência de Edmundo, então no Vasco. Provocado, o atacante jogou muito, meteu dois gols e assegurou a vitória carioca por 4 x 2. Não vejo todos os jogos do Corinthians em São Paulo, mas desconfio que o bando de loucos tenha aprendido a lição.

Há inúmeros outros exemplos, obviamente, como algumas atuações inesquecíveis de Zico nos gramados paulistas, também a silenciar as arquibancadas que o vaiavam com insistência e que até hoje não o aceitam, embora tenham sido obrigadas a engoli-lo. Mas preferi citar dois casos que me marcaram porque os acompanhei ao vivo e pelo curto de espaço em que aconteceram.

Que a hostilidade a Ronaldo se limite às vaias, que começaram já no sábado, em desfile de moda na capital fluminense. O desagrado da torcida do Flamengo em relação ao Fenômeno é compreensível. Até o próprio entende. Mas ultrapassar o limite pode ser a senha para o gordo e boêmio atacante buscar motivação e arrebentar na quarta-feira. Bola pra isso, ele sempre teve e ainda tem.

Também não vale achar que Ronaldo é como Edmundo, que não conseguia nem sequer acertar um pênalti quando enfrentava o Vasco, seu clube do coração. Na dúvida, convém não arriscar. E, já que Márcio Braga já não está mais na área para falar besteira e comprar o chope antes da hora, não custa nada os torcedores se concentrarem apenas no apoio ao Flamengo. Com certeza, será mais útil.

Dica para o novo treinador


Da talentosa geração de jogadores revelada pelo Flamengo no final da década de 1980, Marcelinho, que só ganharia o epíteto Carioca após seguir para o Corinthians, não era o único com talento para os chutes de longa distância.

Dono de potente arremate de perna esquerda, o zagueiro Rogério, atualmente conhecido como Rogério Lourenço, técnico interino do Flamengo, fazia com alguma frequência o que Adriano não tem feito: gols de fora da área, com a bola rolando ou em cobranças de falta.

No Campeonato Brasileiro de 1992, foi o zagueiro quem garantiu a vitória de 1 x 0 sobre o São Paulo, no Maracanã, no primeiro turno do quadrangular semifinal, após cobrança de falta do meio da rua que enganou o já experiente goleiro e entrou no meio do gol – o grupo rubro-negro contava ainda com Vasco e Santos.

Pois o Fla 43 publica as entrevistas de Zetti e de Rogério, concedidas à reportagem da Globo logo após a partida. Os depoimentos estão armazenados em antigo VHS com a campanha do Penta, comprado pelo blogueiro um ano depois da conquista, em 1993:

Zetti: "Foi um chute forte, né. A bola veio cheia de efeito e, na passada, na hora em que tentei voltar, minha perna esquerda escorregou e ficou difícil fazer a defesa."

Rogério: "Acho que não esperava o efeito da bola, que foi muito forte, com muito efeito, e ele foi pro canto, ela fez a curva e voltou."

Então... Rogério bem que poderia convencer Adriano a treinar os chutes de longe. O mesmo precisa ser feito com o jovem zagueiro Fabrício, cuja pontaria anda deficiente.

O fundamento pode ser útil já na quarta-feira, contra o Corinthians, pela Libertadores, no Maracanã.

***
Links do Youtube para Flamengo 1 x 0 São Paulo, com gol de Rógério:
http://www.youtube.com/watch?v=2V62_vwdPZo

http://www.youtube.com/watch?v=Iq-YY74Sgds

domingo, 25 de abril de 2010

Personagens do tumulto



Tudo fica velho com velocidade impressionante hoje em dia. Por isso, deve parecer estranho alguém se pronunciar sobre os últimos acontecimentos do futebol do Flamengo dois dias depois de tudo, uma eternidade. Mas aí vão algumas considerações sobre os principais personagens do tumulto rubro-negro:

Andrade - fui contra a demissão dele, mas concordo que errou bastante nesse ano. Esteve inseguro, perdido em meio à política de privilégio a alguns jogadores, não aproveitou os jogos contra os pequenos do Rio de Janeiro para acertar o time. A demissão é compreensível dentro da realidade do futebol brasileiro, mas Andrade foi submetido a covarde e desnecessário processo de fritura. Um ídolo rubro-negro não precisa passar por isso.

Marcos Braz - não há como fugir do que todo mundo diz por aí: Braz foi importante no Campeonato Brasileiro do ano passado, mas esteve insuportável após a conquista. O ato mais lamentável do vaidoso cartola foi submeter Andrade a covarde processo de fritura, quando condicionou a permanência do técnico no cargo ao afastamento de Petkovic. Enfim, Braz não vai deixar saudades. Só espero que seu substituto seja mesmo um profissional.

Jogadores - se gostavam tanto de Andrade e de Marcos Braz, porque não demonstraram isso no conturbado dia-a-dia e no campo? Um dos poucos a se salvar da apatia geral em campo, Vagner Love mostrou ser igual a outros, com seu protesto infantil (os gritos de “é brincadeira” durante coletiva de Patrícia Amorim). A auto-propalada união desse elenco, com os jantares semanais e tal, parecia legal no início, mas não tem ajudado o clube em nada.

Patrícia Amorim - mostrou coragem para promover as mudanças no futebol. O fato de não ter demitido somente o treinador e anunciar – até para cumprir promessa da campanha – a profissionalização do futebol rubro-negro é interessante. Mas se atrapalhou ao justificar a mudança como a necessidade de dar uma “resposta política” ao grupo que a apoiou. É o tipo de coisa que não precisa ser dita. Vai suar para conseguir sucesso nessa empreitada.

Rogério Lourenço - incógnita. Segundo a coluna de hoje de Renato Maurício Prado, n' O Globo, o interino é tratado na Gávea como “joia a ser lapidada.” Pode até ser efetivado se passar, com sucesso, pelo batismo de fogo nos jogos contra o Corinthians. No momento, é mesmo melhor opção, até porque o novo manda-chuva do futebol do Flamengo ainda não foi escolhido (ou divulgado, ou não confirmou se aceita a proposta rubro-negra, enfim).

De resto, é apoiar o time contra o Corinthians.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Impressões iniciais sobre Flamengo x Corinthians



* Para a imprensa, nada melhor. O Flamengo x Corinthians das oitavas-de-final da Libertadores já impulsiona as vendas de jornais, os acessos aos sites esportivos, a audiência da televisão. Graças, especialmente, a Adriano e Ronaldo, que ainda têm assustadora capacidade de mobilização, mesmo acima do peso e sem jogar p*rra nenhuma. E por ser o duelo entre os dois times mais populares do país. Deve ter havido festa ontem à noite nas redações brasileiras, principalmente na Globo.

* Para o Flamengo, ter a chance de disputar o duelo é lucro. Não fossem os resultados de três jogos de outros grupos, o clube só jogaria de novo em 9 de maio, contra o São Paulo, na estreia do Campeonato Brasileiro. A dúvida é saber que time enfrentará o Corinthians na próxima quarta-feira, no Maracanã, que técnico estará à beira do gramado, que cartola terá a missão de comandar o futebol do novo (?) Flamengo – esclarecimentos nesta tarde, com a presidenta Patrícia Amorim.

* Para a torcida, não há motivo para otimismo, tampouco para pessimismo. Enfrentar o experiente e arrumado Corinthians de Mano Menezes, dono da melhor campanha da primeira fase, é o mesmo que encarar o fraco Universitario, do Peru, porque o Flamengo é totalmente imprevisível na Libertadores. Em 2007 e 2008, classificou-se com campanhas exemplares na primeira fase e levou ferro dos uruguaios do Defensor e dos mexicanos do América, respectivamente. Não dá para saber o que esperar.

* Para os secadores, o primeiro confronto brasileiro da Libertadores 2010 será histórico. Nunca dois jogos de futebol terão mobilizado tantos membros dessa categoria. Flamengo e Corinthians são os clubes mais odiados em seus respectivos estados e no país. Claro que os rubro-negros contam com mais antipatizantes, pois despertam a fúria de torcedores de qualquer clube nos milhares de cidades onde o clube é maioria. Nas duas próximas noites de quartas-feira, as ruas do Brasil estarão desertas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carta aberta ao goleiro do Flamengo


Prezado Bruno,

Quando você levava um frango e era criticado por parte da torcida, especialmente após resultados ruins, lá estava eu para dizer que o dono da camisa 1 rubro-negra era um bom goleiro. E que os bons goleiros também têm o direito de falhar.

Quando você tentava driblar um adversário dentro da área ou subia ao ataque antes da hora para tentar uma cabeçada, eu lhe compreendia. Pois jovens de muito talento, como você, costumam ser impetuosos e excessivamente autoconfiantes.

Quando você criticava a falta de estrutura do Flamengo, eu lhe apoiava. Afinal, o clube oferece muito menos do que poderia e certas verdades devem ser ditas. Eu encarava sua atitude como preocupação legítima com a instituição.

Quando você disse que a torcida do Flamengo, às vezes, atrapalha o time, eu não lhe ataquei. Aliás, ainda acho que você tem certa razão nesse ponto, pois os rubro-negros - às vezes, que fique claro - são exageradamente impacientes.

Quando você era insultado por torcedores rivais, eu comemorava. Pois raciocinava que, com você, Leo Moura, Angelim e Juan, todos há anos no clube, o Flamengo tinha jogadores identificados com a camisa, e que ganhavam títulos. Daí a bronca rival.

Quando você era acusado de bater na mulher, de bater em mulher ou falava sobre isso, como já falou, a coisa mudava de figura. Eu lhe reprovava, duvidava do seu caráter, mas preferia me concentrar nas suas qualidades como jogador de futebol.

Quando você desrespeitou Andrade, nos tempos em que ele era auxiliar, eu lhe reprovei. Mas o tempo passou, veio o título brasileiro, com Andrade no comando, vieram seus elogios ao chefe. E perdoei você: tudo em casa, passado enterrado.

Quando você agrediu Petkovic no vestiário, eu lhe reprovei. Mas critiquei também a velha e frouxa política do clube, ainda não estruturado o suficiente para ter a moral de enquadrar todo mundo, especialmente as prima-donas, como você.

Só que você, Bruno, passou dos limites ao mandar beijinhos irônicos para a torcida, que apoiou o Flamengo durante 90 minutos e deixou o justo protesto apenas para o fim do jogo de ontem contra o Caracas, talvez o último do clube nessa edição da Taça Libertadores.

Você desrespeitou os torcedores que compraram um ingresso caro para apoiar um time em péssima fase - e mergulhado numa fogueira das vaidades – num dia de semana e num horário em que é perigoso andar por aí em qualquer grande cidade.

Você desrespeitou também aqueles que, por não ter dinheiro para o ingresso, por medo da violência, por escolher a companhia da família ou, como eu, por não morar no Rio de Janeiro, acompanharam o fracasso rubro-negro pela televisão.

Você desrespeitou ainda os que ouviram o jogo pelo rádio, os que acompanharam pela internet, os que preferiram poupar o coração e só saber das notícias no dia seguinte, as crianças que não conseguiram ficar acordadas até tarde.

Você mostrou ontem, Bruno, que não tem compromisso com a instituição Flamengo, com a torcida do Flamengo, com a braçadeira de capitão do Flamengo. Pode até continuar fechando o gol e ganhando títulos pelo clube, mas não terá mais o meu respeito.

O mais novo vexame (Fla 3 x 2 Caracas)



Poucas vezes as vaias da torcida aos jogadores foram tão justas.

Poucas vezes os gritos de “time sem vergonha” foram tão bem aplicados.

Mesmo que, muitas vezes, o Flamengo tenha fracassado em jogos fáceis como o desta noite.

Não há desculpa, tampouco absolvidos: ganhar por dois gols de diferença era tarefa simples. A gritante fragilidade do time do Caracas foi escancarada para todo o Brasil.

O Flamengo merece, e não só por hoje, a situação desconfortável na Libertadores a ponto de ser obrigado a secar times de outros grupos. Eis alguns porquês, sem entrar nas confusões extra-campo:

* O time levou nove gols em seis jogos.

* Não conseguiu vencer o limitado Universidad de Chile nenhuma vez.

* Andou em campo no segundo jogo contra o Universidad Católica.

* Sofreu um gol de placa, no melhor estilo Maradona e Messi, de um time da Venezuela.

Para não ser injusto: houve luta. Mas perder tantos gols e falhar grosseiramente na defesa, como no primeiro gol do Caracas, só podia dar no que deu.

Andrade também vacilou, pois demorou a colocar Petkovic quando o jogo implorava pela entrada do sérvio, com tantos espaços no gramado do Maracanã.

Acho que nenhum rubro-negro imaginava que teria de torcer pelos resultados de dois ou três grupos para saber se o Flamengo consegue vaga na próxima fase. A quinta-feira (ih, já é quinta) será difícil.

Melhor definir quem vai sobreviver à caça às bruxas e arrumar logo a casa para o Campeonato Brasileiro.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Queremos entrega, nada mais


Ele não está no texto. Mas fica a homenagem.

A maioria dos jogadores de futebol não sabe nada de história. Nem mesmo a do clube que defende. Bruno confirmou a regra no final do ano passado, quando mandou confeccionar uniforme em homenagem ao goleiro Zé Carlos, falecido poucos meses antes, para jogar a última rodada do Campeonato Brasileiro, contra o Grêmio. O gesto foi nobre, mas Bruno achava que o colega de posição havia sido campeão nacional pelo Flamengo em 1992 – na verdade, foi em 1987.

Por isso, este blog enumera, humildemente, alguns feitos de jogadores e times rubro-negros ao longo dessa centenária trajetória. Quem sabe alguém do atual elenco, por acidente, não se depara com esse espaço virtual antes do decisivo jogo de hoje à noite, contra, o Caracas, no Maracanã. Afinal, o Fla 43 acredita no futuro do país e entende que os boleiros são sensíveis a ponto de encontrar motivação fora das fajutas palestras de autoajuda e das preleções de vestiário.

Portanto, se você joga no Flamengo e veio parar aqui, desligue o celular, o iPod, esqueça seu empresário, as picuinhas que assolam o clube e leia com atenção os tópicos abaixo:

* Em 1927, o ponta-esquerda Moderato disputou decisão contra o Vasco com uma cinta para proteger os pontos da cirurgia de apendicite a que se submetera dois dias antes.

* Em 1944, também contra o Vasco, o argentino Valido jogou com 39 graus de febre e garantiu o título rubro-negro com cabeçada certeira nos últimos minutos da partida.

* Em 1946, o craque Zizinho, sem saber, jogou duas partidas com a perna quebrada. Apesar da dor quase insuportável, não fugiu de divididas, lutou em campo e honrou a camisa.

* Em 1980, no primeiro jogo da decisão do Campeonato Brasileiro, contra o Atlético-MG, no Mineirão, o Deus da Raça Rondinelli fraturou a mandíbula e, mesmo assim, queria voltar a campo.

* Em 1981, o Flamengo foi campeão da Libertadores ao derrotar Cobreloa, do Chile, que dava porrada na cada dura e deixou Lico e Adílio sangrando no segundo jogo, em Santiago.

* Em 1981, com a vitória assegurada no terceiro jogo contra o Cobreloa, o atacante Anselmo entrou no fim e deu um soco no zagueiro Mário Soto, nocauteando o chileno e vingando os rubro-negros.

* De 1985 até encerrar a carreira no Flamengo (em 1990), o já veterano Zico jogou inúmeras partidas no sacrifício, com dores insuportáveis no joelho operado.

* Em 1992, o Flamengo deixou o Vasco para trás no Campeonato Brasileiro após ganhar na bola e na porrada, com direito a soco de Júnior Baiano em Edmundo.

* Em 1999, com time limitadíssimo, cujo camisa 10 era Iranildo, o Flamengo foi campeão da Mercosul, fora de casa, em cima do estrelado Palmeiras de Felipão, Zinho, Alex e outros.

* Em 2009, atletas que hoje se desentendem contrariaram as previsões de 100% da crônica esportiva, derrotaram os favoritos e levaram para a Gávea o Hexa do Brasileiro.

Raciocínio concluído, o Fla 43 esclarece aos jogadores do Flamengo que não espera deles, contra os venezuelanos do Caracas, atitudes como as de Anselmo e Júnior Baiano, principalmente nos primeiros minutos de jogo (beleza, Willians?). Mas o blog entende que esses episódios, cada um em seu contexto, foram necessários. E quer ver espírito semelhante na bola.

NR: a bela expressão “na bola e na porrada” foi usada para se referir ao Flamengo x Vasco de 1992 por Gustavo de Almeida, no blog Jihad Rubro-Negra.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Crise, crise, crise


Será isso o que o destino nos reserva?

Difícil assumir uma posição definitiva a respeito da crise no Flamengo. Boa parte dos protagonistas desse momento lamentável tem personalidade complicada. Bruno é explosivo, vaidoso e infantil. Petkovic é explosivo e vaidoso. Marcos Braz é vaidoso, vaidoso (sim, duas vezes) e explosivo. Andrade e Patrícia Amorim não se enquadram no grupo. O técnico é conciliador, mas está perdido. Já a presidenta parece enérgica, e isso pode ser bom, embora seja cedo avaliar.

Mas, em meio ao mais novo tumulto rubro-negro, há um fato evidente: Andrade está sendo vítima de covarde processo de fritura. Jogar no colo do treinador a responsabilidade de barrar Pet, praticamente condicionando sua permanência no cargo ao afastamento do sérvio, é atitude sacana, deplorável e vergonhosa. Com medo de ficar queimado com a torcida caso mande embora um ídolo do Flamengo, o comando do futebol se omite e joga o pepino na mão do subordinado.

Pet e Andrade, especialmente o primeiro, são os mais novos bodes expiatórios dos cartolas rubro-negros. O primeiro, acusado de rachar o grupo de jogadores. O segundo, de falta de comando. Como se a assustadora queda de produção do time logo após o título brasileiro fosse responsabilidade de apenas dois homens. Como se Bruno e Álvaro não fossem chegados a panelinhas, como se Adriano não deixasse o clube e o time na mão, como se o ego de Marcos Braz não tivesse chegado à Lua.

Não adianta, porém, demitir Pet sem ter um substituto à altura. Nenhum dos jogadores no elenco atual mostrou condições para tanto. Se não querem mais o gringo no clube, que esperem, pelo menos, alguém mostrar evolução (acorda, Ramon!) ou o esquema de jogo ser mudado. Pet também tem parcela de culpa: deixou de ser o cara humilde e trabalhador do ano passado para voltar a ser a estrela temperamental de sempre. Só que aos 37 anos. O cara é tão ídolo quanto chato.

Também não adianta fabricar a falsa imagem de um Andrade frouxo e contratar um técnico caro e disciplinador com o pretexto de colocar ordem na casa se o clube, com sua política de privilégio às estrelas e falta de estrutura, não oferece condições de trabalho a ninguém que pretenda incutir o mínimo profissionalismo na Gávea. Sem contar a qualidade duvidosa de parte dos treinadores com mercado na Série A – e o ótimo Muricy Ramalho, que não daria certo no Flamengo, deve parar no Fluminense.

Quanto ao tal choque de ordem prometido por Patrícia Amorim, é quase impossível que se implante algo tipo no clube ou nos outros grandes do Rio de Janeiro. O máximo que se pode conseguir é fechar o elenco para o jogo de amanhã e, se a vaga for conquistada, para os próximos jogos da Libertadores. Entenda-se por fechar o comprometimento dentro de campo e nem sempre fora dele. Aliás, ainda não entendi o que o marido de Patrícia estava fazendo na reunião que decidiu segurar (por enquanto) Andrade no cargo.

É muito provável que o Flamengo não apresente melhora significativa contra o Caracas, no Macaranã, no aspecto tático. Um resultado satisfatório, com razoável diferença de gols, que praticamente assegure a classificação, será resultado da luta (se houver luta) e da fragilidade e /ou falta de interesse do adversário. Ainda bem que a equipe venezuelana é muito ruim, embora isso não seja garantia de vitória, dado o gosto do clube pelos vexames no Maracanã.

Só o que espero, dos jogadores e dos cartolas, é o mínimo de comprometimento para resolver o problema mais urgente. Não deve ser tão difícil assim.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para refletir


Do jornalista Cosme Rímoli, em seu blog no portal R7:

“Loco Abreu tem nas veias o sangue guerreiro uruguaio.

Isso faz a diferença no futebol carioca, tão cadenciado e com tantos jogadores mimados.”

Não há mais nada no texto que interesse ao Flamengo, mas segue o link.

Embromação pós-derrota: uma pretensa análise macro


Aos desesperados, que imaginam estar tudo errado na Gávea e defendem a troca de todos os jogadores, do técnico, da diretoria e da presidenta, não custa lembrar: o Flamengo já viveu dias muito piores. Quem tem menos de 30 anos (meu caso) e começou a acompanhar o clube na década de 90 foi obrigado a suportar intermináveis temporadas de sofrimento, com destaque para ausência de títulos importantes e o consequente apequenamento da instituição. Uma espécie de ressaca pós-Zico.

Nos tristes anos após o Penta, conquistado em 1992, o Flamengo habitou-se às campanhas medianas ou à fuga do rebaixamento no Campeonato Brasileiro; contratou grandes jogadores e montou grandes elencos que não deram em nada; sofreu goleadas memoráveis; atrasou salários; perdeu a credibilidade a ponto de jogadores medianos recusarem ofertas rubro-negras para aceitar propostas de clubes do porte do São Caetano e similares, onde receberiam em dia e teriam paz no trabalho.

Houve momentos de consolo ao longo desse período, como a hegemonia rubro-negra no Campeonato Carioca, especialmente o Tri conquistado sobre o Vasco, em 1999, 2000 e 2001, quando o rival, em grande fase, faturava títulos nacionais e internacionais. Ou a heróica conquista da Copa Mercosul sobre um Palmeiras infinitamente superior, comandando por Felipão e com jogadores do nível de Alex, Zinho, Asprilla, Marcos e Arce. Pouco, no entanto, para grandeza do clube.

A intenção desse texto não é negar ou mascarar as falhas atuais, mas ressaltar que o Flamengo, apesar de tudo, evoluiu. Nos últimos quatro anos, o clube faturou a Copa do Brasil, três Campeonatos Cariocas e quebrou o jejum de 17 anos sem conquistar o Campeonato Brasileiro. Aliás, voltou a fazer campanhas dignas na competição, como comprovam o terceiro e o quinto lugares nas edições de 2007 e de 2008, respectivamente. E tem garantido presença constante da Libertadores.

Os crônicos problemas rubro-negros, no entanto, não podem ser ignorados. Os principais, a meu ver, a velha política do privilégio às estrelas, como já aconteceu com Romário e ocorre com Adriano, e o valor excessivo atribuído na Gávea ao título estadual, que prejudica seguidamente o desempenho do clube na Libertadores. São consequências de um problema macro, a não profissionalização da gestão do clube, mas com influência direta nos resultados.

É fato que uma mudança de cultura leva anos para acontecer, mas acho que algumas coisas poderiam ser aceleradas na Gávea. Peço apenas que a recente e significativa evolução rubro-negra seja levada em conta antes que alguma atitude drástica (ou mais drástica que o urgente e necessário choque de ordem para sacudir o time até quarta-feira) seja tomada. Se o clube sucumbir à enorme pressão, pode perder o rumo. O momento é delicado, mas não justifica o desespero.

Sobre o conturbado dia a dia, com seus fatos e personagens, escreverei depois.

domingo, 18 de abril de 2010

A farra acabou (Fla 1 x 2 Botafogo)



Antes de qualquer coisa: é preciso reconhecer os méritos adversários. O título do Botafogo é justo. O time venceu os dois turnos, ganhou todos os clássicos que valiam alguma coisa e não perdeu nenhum dos três jogos que disputou contra o Flamengo. Aliás, no único empate que houve no confronto, por 2 x 2, o segundo gol rubro-negro só veio nos acréscimos, com a cabeçada certeira de Adriano.

O Flamengo precisa rever tudo até quarta-feira, contra o Caracas, no Maracanã, derradeira chance de garantir a classificação para a próxima fase da Libertadores. O time ainda não jogou 30% do que pode na temporada, não encontrou a formação ideal e demora demais para entrar no clima das partidas. O desastre só não é completo porque ainda resta o torneio continental – que, infelizmente, nunca foi e nem será prioridade no clube.

Nos primeiros 25 minutos de jogo, o Flamengo já havia recebido quatro cartões amarelos, graças ao péssimo estilo de arbitragem do sr. Gutemberg de Paula Fonseca. Ele foi coerente, não prejudicou nenhum dos dois times, apitou corretamente os pênaltis, mas é temerário distribuir cartões após qualquer falta boba cometida no centro do gramado. No segundo tempo, quando temperatura do jogo subiu, ele quase se complicou por isso.

Ao contrário dos jogos anteriores, a marcação do Flamengo era mais sólida e confiável. Mesmo assim, o Botafogo foi melhor na primeira metade da partida. Quando fez 1 x 0, com gol de pênalti de Herrera, o time de Joel Santana era mais organizado e levava algum perigo nos contra-ataques, enquanto os rubro-negros não ameaçaram o gol de Jefferson.

A partir daí, Andrade tirou Toró e colocou Vinícius Pacheco em campo, e o time melhorou. Em desvantagem no placar, passou a buscar o gol, mas somente pelas laterais do campo, principalmente com Leo Moura, pela direita. O empate veio por esse lado, no finalzinho, com boa jogada e cruzamento de Michael, que resultou no gol de Vagner Love depois de confusão na área, com participações de Adriano e David.

No segundo tempo, Pacheco foi a melhor opção, sempre pela esquerda. Ele atacava com eficiência até cair de rendimento, quando passou a cavar pênaltis e a ser desarmado com frequência. Aos 25 minutos, após cobrança de falta inexistente, o experiente Maldonado cometeu pênalti infantil em Herrera. Recebeu o segundo cartão e foi expulso – graças ao critério do árbitro – sem ter cometido uma falta que justificasse qualquer advertência.

Daí para o final, o Flamengo partiu para o abafa. A situação era totalmente desfavorável: empatar, empurrar o jogo para os pênaltis, levar a melhor nas cobranças e garantir o direito de disputar mais dois jogos. A melhor chance foi de Adriano, que desperdiçou pênalti, defendido por Jéfferson. Fierro e Pet ainda entraram na partida (o sérvio muito tarde, aos 40) e a equipe apertou, mas não deu. Botafogo campeão após três vices consecutivos. A farra acabou, a crise aumenta.Tomara que dê tempo de juntar os cacos até quarta-feira.

***

A frase do jogo é de Leandro Guerreiro, em entrevista à reportagem da Globo, no intervalo da partida, logo após o Botafogo sofrer o gol de empate:

“Está difícil, mas a gente vai ser campeão hoje.”

O volante ainda repetiu a afirmação, enfatizando o espírito do Botafogo nesse campeonato. Nem pareceu o Leandro Guerreiro de semblante cabisbaixo e derrotado de outros anos. O grande mérito dos caras é conhecer e aceitar as próprias limitações. Isso lhes deu força e capacidade de aplicação para os jogos mais difíceis que disputaram. O autosuficiente Flamengo podia rezar pela mesma cartilha.

Foto: GloboEsporte.com

Vamos adiar esse troço



A fase do Flamengo é tão ruim que o Botafogo conseguiu o milagre: os torcedores alvinegros esgotaram seus ingressos das arquibancadas verde e amarela. Muitos já dão como certa a conquista antecipada do Campeonato Carioca hoje à tarde.

Se for preciso o Flamengo perder logo mais para que se classifique, no meio da semana, para a próxima fase da Libertadores, aceitarei a derrota e as gozações alvinegras numa boa. O título estadual é a Copa do Mundo deles.

Mas só se for preciso. Não quero fazer concessões, embora esteja pessimista, a exemplo da última quarta-feira, quando cravei a derrota para o Universidad Católica. Novamente, torcerei em dose dupla: para o Flamengo e para quebrar a cara.

O clube atravessa crise quase insuportável graças à má campanha na Libertadores, às atuações abaixo da crítica, à briga entre Bruno e Petkovic no Chile, às já comuns ausências de Adriano, em quem ficou difícil confiar, a sei lá mais o quê.

Tomara que a lavagem de roupa de suja de sexta-feira dê resultado. O mínimo que a torcida exige é um Flamengo organizado, disposto e concentrado do primeiro ao último minuto. Mas com três volantes e a possível ausência de Leo Moura, será difícil. Será?

A conferir.

Charge: Henfil

sexta-feira, 16 de abril de 2010

World of pain



Está lá no GloboEsporte.com, em matéria assinada por Eduardo Peixoto e pelo bem informado Eric Faria, o mesmo que cobriu o jogo para a TV Globo direto do gramado: no intervalo de Universidad Católica 2 x 0 Flamengo, em Santiago, Bruno e Petkovic se desentenderam seriamente. Terminado o primeiro tempo, o goleiro desceu para o vestiário acusando o sérvio de falta de empenho. Partiu para cima do colega e tentou acertar-lhe um soco. Outros jogadores apartaram a confusão.

Além de expor o clima atual da Gávea, a briga é semelhante a outra, também ocorrida durante vexame rubro-negro na Libertadores. Em 2007, no estádio Centenário, em Montevidéu, Juninho e Ney Franco bateram boca rispidamente no vestiário. O meia se irritou ao ser substituído pelo técnico, em jogo que o time perderia por 3 x 0. A eliminação viria uma semana depois, após insuficiente vitória por 2 x 0, no Maracanã, sem Juninho, que teve o contrato rescindido após o incidente.

Naquele ano, o Flamengo também alternava a disputa da Libertadores com jogos decisivos pelo Campeonato Carioca, contra o Botafogo. Quatro dias depois de cair fora do torneio continental, o clube conquistou o título estadual nos pênaltis. Durante a comemoração, o comportamento de praxe de qualquer boleiro: o meia Renato disse que a imprensa inventara um racha no elenco e o volante Claiton, que não desperta saudades, mandou um abraço para Juninho.

A confusão de agora, no entanto, é muito mais grave. Não só por ser preocupante ver o capitão do time, um dos líderes entre os jogadores, goste-se de Bruno ou não, se atracar com um ídolo do clube, embora Pet seja conhecido pelo difícil temperamento. Também não é apenas pela importância dos dois em campo - em boa fase. Mas, principalmente, porque o esse Flamengo tem potencial infinitamente superior àquele de Juninho e de Ney Franco, mas não tem jogado nada.

A partir daí, surgem as perguntas. Pet está sem clima no clube em 2010, mas será que todos no time o enxergam como um problema? Acusar o sérvio de fazer corpo mole mascara a falta de empenho de todos os jogadores? Farão de Pet um bode expiatório para os possíveis fracassos rubro-negros no semestre? O time está apenas em má fase técnica e tática ou, além disso, como acredito, não tem corrido o suficiente? E, se não tem corrido o suficiente, porque isso acontece? Estaria Andrade sem moral?

Tenho cá minhas opiniões, mas é impossível saber de tudo. Isso é tarefa para os repórteres que cobrem o clube, embora tais crises costumem vir à tona somente quando os resultados em campo não são satisfatórios. Um título tem o poder de encobrir tudo, como os problemas de relacionamento do Corinthians de Luxemburgo, Marcelinho, Rincón e Edílson, campeão brasileiro em 1998, e do Botafogo de Túlio e Wilson Gottardo, que não se aturavam, mas deram ao clube o título brasileiro em 1995.

Caso o Flamengo derrote o Botafogo no domingo, conquistando a classificação para a final do Campeonato Carioca, diante do mesmo Botafogo, e garanta vaga, semana que vem, na próxima fase da Libertadores, a pressão será aliviada. Mas tais resultados não serão suficientes para encobrir o problema. É preciso que alguém com autoridade sobre o elenco assuma o pepino, resolva a questão e sacuda o time. Não dá para esperar resultados caírem do céu de uma equipe  que tem se apresentado abaixo da crítica.

No fim das contas, a história desse time será contada a partir dos resultados. Se o Flamengo de 2010 for um time campeão, dentro de 10 anos poucos vão lembrar-se das péssimas atuações da equipe e de alguns problemas extra-campo – fabricados ou não – que têm marcado a temporada. Se for um time derrotado, alguém vai levar a culpa: Adriano, Pet, Bruno, Vagner Love, Leo Moura, Andrade, Marcos Braz... Ninguém estará livre do julgamento.

Este blog...


...não fala sobre "Taça das Bolinhas".

A opinião do Fla 43 sobre o assunto está aqui.

O Flamengo é o campeão brasileiro de 1987.

E qualquer torcedor de time intergrante da formação original do Clube dos 13 que discorde disso é, no mínimo, hipócrita.

O resto é politicagem barata.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Eterno papelão (Universidad Católica 2 x 0 Fla)



Sugiro aos escribas dos blogs com índice de leitura respeitável que iniciem uma mobilização e reúnam assinaturas com o seguinte objetivo: exigir da diretoria do Flamengo que o clube abra mão de disputar a Libertadores, mesmo que conquiste o Campeonato Brasileiro durante 10 anos consecutivos. O segundo passo fica a cargo do departamento jurídico: descobrir como o clube pode desistir da competição sem ser punido severamente por CBF, Conmebol e Fifa.

Uma decisão nesse sentido melhoraria a vida dos torcedores, fartos dos vexames continentais. Não é fácil ver o time disputar o jogo mais importante do ano em ritmo de treino e perder para um adversário que nem sequer mostrou interesse em vencer a partida. O repórter Eric Faria, da Globo, já cantara a pedra ao contar que, na véspera do duelo, em reunião com os cartolas rubro-negros, os dirigentes chilenos disseram não ligar para a pelada desta noite.

Tal comportamento era facilmente percebido em campo. E nem diante de um adversário descompromissado, com remotas chances de classificação, o Flamengo conseguiu apresentar algo parecido com futebol. O primeiro gol do Universidad Católica, logo aos dois minutos, foi ridículo. Ronaldo Angelim e Álvaro foram no mesmo jogador e ainda conseguiram perder a disputa pelo alto. E Willians não acompanhou Damian Diáz, que deslocou Bruno.

O gol não acordou o apático Flamengo. O time não tinha meio de campo e era incapaz de criar jogadas de ataque, tamanha a distância dos homens de frente para o resto do time. Os chilenos tocavam a bola com facilidade constrangedora. Num lance humilhante, dois jogadores adversários tabelaram de cabeça na intermediária e um deles, Díaz, fez fila na defesa rubro-negra até chutar errado.

O segundo gol foi o retrato do jogo: saiu sem querer, após cruzamento de Silva que entrou direto, aos 45 minutos. No segundo tempo, substituições. E o Flamengo até tentou despertar, mas já era tarde. Ainda assim, poucos lances de perigo foram criados. E o time não encontrava no campo de ataque a mesma facilidade que oferecia ao Universidad. Ah, não vale a pena comentar as atuações dos atletas rubro-negros, pois ninguém jogou nada.

Só resta torcer para o time derrotar o Caracas, na próxima quarta-feira, por resultados favoráveis de outros grupos e se preparar para a possível necessidade de aumentar o saldo gols. Como já estou vacinado, arrisco um prognóstico, ainda sem fazer contas: vitória dramática no Maracanã, mas seguida de eliminação. E os jogadores deixarão o gramado sob aplausos, pois terão mostrado espírito de luta. O filme de 2007 (alguém se lembra do Defensor?) repetido.

***

Abro exceção e troco a frase do jogo pelo discurso do jogo. Saíram da boca de Bruno as belas palavras que comoveram a nação rubro-negra e os demais amantes do futebol. Eis alguns trechos da entrevista do goleiro ao repórter Eric Faria, logo após a partida:

“Às vezes, o time tem tanta qualidade que acha que pode resolver o jogo a qualquer momento. Aí, quando acorda, o resultado já está feito.”

“Isso (derrota ridícula) acontece às vezes quando a confiança está elevada.”

“Nem sempre o time mais forte vence. Se isso acontecesse, o futebol não teria graça. É por isso que o futebol é interessante.”

Só faltava isso para completar a noite.

Foto: GloboEsporte.com

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Considerações realistas



Na opinião deste escriba, o futuro do Flamengo na Libertadores de 2010 é sombrio. Ele não acredita em vitória rubro-negra nesta noite, em Santiago, contra o Universidad Católica. E faz força para crer no empate. O mais provável é o time ficar na torcida pelos resultados de outros grupos. Eis os porquês:

* O Flamengo de 2010 ainda não se acertou. Apesar da manutenção da base campeã brasileira, com um desfalque ou outro, o time não inspira confiança e dá espaços exagerados aos adversários. Falta conjunto. Leo Moura é o único que tem jogado realmente bem, seguido do valente e incansável Vagner Love.

* Jogadores fundamentais na campanha do Hexa estão longe do ideal. Álvaro é irregular. Petkovic vive às turras com a diretoria e se fechou. O ausente Adriano é menos profissional que no ano passado. Talvez a única e honrosa exceção seja Maldonado, sujeito sério, que se recupera com firmeza da lesão no joelho.

* Andrade parece perdido. O homem que encaixou o time de 2009 rapidamente e uniu estrelas ainda não encontrou o meio-de-campo ideal, especialmente o homem de criação. E perdeu a chance de aproveitar partidas contra os pequenos do Rio de Janeiro para corrigir esse e os demais defeitos da equipe.

* O Universidad Católica tem mais time que o Universidad de Chile, embora o último lidere a chave. Mesmo com chances remotas de classificação, deve partir para cima. E, com Adriano fora, zagueiros e volantes adversários se sentirão mais à vontade para subir ao ataque. O Flamengo não convence os chilenos.

* Até hoje, o Flamengo não liga muito para a Libertadores. A prática é diferente do discurso. Embora se fale muito na conquista do torneio continental, ganhar do Botafogo e evitar as gozações rivais são a prioridade não admitida na Gávea. Pouco importa se o clube venceu sete dos últimos 11 estaduais.

* Caso vença os próximos três jogos, garantindo vaga na segunda fase da Libertadores e na decisão do Campeonato Carioca, isso terá acontecido no abafa, no perrengue, sem o time azeitado e em bom funcionamento. Foi dessa maneira, aliás, que o clube faturou o título estadual do ano passado.

Mas não leve o blogueiro a mal. Essa descrença no Flamengo pode levá-lo a apoiar o time mais até que outros rubro-negros. Afinal, a torcida será em dobro: pelo seu clube e para quebrar a própria cara.

Foto: GloboEsporte.com

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pausa na tensão: sobre o DVD do Hexa



Decidi esquecer momentaneamente a situação complicada na Libertadores e os problemas de Adriano para assistir, ontem à noite, ao DVD Flamengo Hexacampeão Brasileiro 2009, que está à venda nas bancas por R$ 19,90 e vem acompanhado de uma revista curtinha (15 páginas), mas bem interessante, com textos do jornalista Márcio Mará, do blogueiro Arthur Muhlenberg e depoimento de Zico.

Lançado pelo Globo Marcas e pela Editora Globo, o DVD mostra a campanha rubro-negra jogo a jogo, à exceção dos duelos contra o Sport – o Flamengo alegou, na época do lançamento, que os pernambucanos não responderam sobre o direito de cessão das imagens dos dois confrontos.

O filme é uma espécie de Globo Esporte gigante. A caminhada rumo ao Hexa é construída basicamente a partir das matérias exibidas pelo tradicional programa da emissora nos dias seguintes às partidas. Quando a matéria não é do Globo Esporte, é do Fantástico. Portanto, os apresentadores Alex Escobar, Glenda Kozlowski e Tadeu Schmidt são presenças constantes – Caco Barcellos e algumas imagens de seu Profissão Repórter aparecem na edição do jogo final, contra o Grêmio.

O fio condutor da narrativa é permeado de entrevistas muito legais com Ronaldo Angelim, Pet, Andrade, Maldonado, o estabanado Toró e o vovô-garoto Júnior, herói do Penta em 92 e comentarista da Globo. A parceria matérias-depoimentos ajuda bastante a entender o que se passou ao longo da campanha: o primeiro turno irregular, a volta de Adriano, a queda de Cuca, a efetivação de Andrade, a evolução de Pet, as chegadas de Álvaro e de Maldonado, a arrancada, o título.

Há ainda alguns suportes, como trecho da entrevista especial concedida por Adriano quando voltou ao Brasil, declarando amor ao Flamengo e afirmando que dinheiro não é tudo. E um pedacinho da coletiva de Marcos Braz, quando o cartola anuncia que Andrade seria o treinador-interino contra o Santos – aliás, o choro do técnico após a vitória e os gritos de “Fica, Andrade” na partida seguinte, contra o Atlético-MG, estão lá.

Nos extras, há especiais sobre Adriano, Pet, Ronaldo Angelim, Andrade, os 10 gols mais bonitos do Flamengo no campeonato, os gols da campanha, os melhores momentos do jogo contra o Grêmio e todos os gols rubro-negros nas decisões de 1980, 1982, 1983, 1987 e 1992.

Um DVD para emocionar qualquer rubro-negro. Só não escrevo sobre a arrepiante cena inicial do filme para não estragar a surpresa de quem ainda não viu.

***

A velocidade do mundo de hoje impressiona. Passaram-se apenas quatro meses da conquista o Hexa, mas a impressão é que o Flamengo foi campeão há séculos. Tudo parece antigo no DVD.

E quem imaginaria que, nesse curto período, Pet estaria brigado com o clube, Adriano teria ainda menos compromisso com a rotina profissional, Álvaro passaria de sólido a inseguro e Maldonado disputaria posição com Toró?

A magia de 2009 se perdeu.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ele estava certo


Vagner Love foi dispensado do Vasco quando tinha 15 anos.

E comentou o assunto na Placar de março:

“Acho que, hoje em dia, o pessoal do Vasco está bastante arrependido de ter me mandado embora.”

Alguma dúvida?

domingo, 11 de abril de 2010

O playground do Flamengo (Fla 2 x 1 Vasco)



Ainda não sei o que pensar sobre a vitória de hoje.

Seria chato perder para o Vasco e ver os caras celebrando o campeonato particular de que tanto falava o sr. Eurico Miranda nos anos 1990. Sem contar que uma derrota aumentaria assustadoramente a pressão sobre o Flamengo, pois restaria ao clube apenas a disputa da Libertadores, e com a obrigação da vitória nos dois jogos restantes para garantir a classificação sem sobressaltos.

Por outro lado, a classificação para a final da Taça Rio pode tirar o foco do Flamengo do que realmente importa. Não será surpresa se os jogadores entrarem em campo diante do Universidad Católica, quarta-feira, no Chile, com a cabeça no jogo do próximo domingo, contra o Botafogo. Todos já vimos esse filme várias vezes.

Sobre a partida: nível técnico abaixo da crítica, dura de assistir até para os torcedores dos dois clubes, apesar dos vários lances de emoção. Impressionante como o Flamengo não tem jogado absolutamente nada nesta temporada, com raras exceções. Ter apenas 30% de posse de bola no primeiro tempo, diante do limitado Vasco, é algo preocupante.

O melhor em campo foi Leo Moura, apesar dos dois gols de Vagner Love. O lateral-direito rubro-negro joga e tem jogado muita bola. Hoje, reinou no gramado e voltou a ganhar com folga o duelo com Márcio Careca. A fase é tão boa que a única presepada cometida por ele – ser desarmado na defesa ao tentar um drible – não resultou em nada, pois o gol adversário foi anulado.

***

A frase do jogo é do canhotinha Gérson, da CBN:

“O Flamengo mereceu a vitória, mas pelo que o Vasco não fez em campo.”

***

O copyright do título do post vai para o compositor e escritor Aldir Blanc, autor do livro Vasco, a Cruz do Bacalhau, escrito em parceria com José Reinaldo Marques.

Há um capítulo homônimo na obra, relato interessante sobre o óbvio não admitido por 99% dos integrantes da turma fuzarca – nem todos têm a grandeza (sem ironia) de Blanc.

Fica a homenagem do Fla 43.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Solidão


Álvaro disse logo após o jogo de ontem, contra o Universidad de Chile, que o Flamengo precisa vencer o Vasco no domingo para ficar de bem com a torcida.

Adriano afirmou hoje que deve ir para o sacrifício no Maracanã. Basta que repita, amanhã, o desempenho do treino desta tarde, quando já se poupou por conta das dores lombares.

Arthur Muhlenberg escreveu que, de acordo com os comentários dos leitores do Urublog, ninguém aceita ver o Flamengo priorizando a Libertadores.

Devo ser o único maluco a achar que Andrade deveria escalar um time misto ou reserva contra o Vasco, o que, diga-se, não vai acontecer.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sempre os velhos erros (Fla 2 x 2 Univ. de Chile)



Quero deixar claro: não assisti ao jogo de hoje à tarde. Não vi nenhum lance. Enquanto Flamengo e Universidad de Chile se enfrentavam no Maracanã vazio, eu estava a trabalho dentro de um auditório, numa palestra, sem internet próxima e com o telefone celular desligado para evitar qualquer mensagem que me pudesse tirar a concentração. Bem-vindo à vida adulta.

Escrevo com base no desabafo do meu irmão, que viu a partida e para quem liguei assim que a obrigação deu trégua. Dois minutos de conversa foram suficientes para perceber que o Flamengo não venceu graças a um problema crônico, que se arrasta desde que acompanho futebol e independe do técnico e dos jogadores que estejam a envergar o Manto: a incapacidade de manter a concentração durante 90 minutos - ou 91, ou 92, enfim.

Virar um jogo complicado e permitir, em casa, o empate adversário aos 46 minutos do segundo tempo é indesculpável. Especialmente se o rival é inferior tecnicamente, como 99,9% dos times não-brasileiros que disputam a Libertadores. Principalmente se as aspirações do clube são elevadas. É por isso que o Flamengo, até hoje, não emplacou como time copeiro. Essa desatenção já foi fatal em muitos mata-matas ao longo dos últimos 20 anos.

Menos mal que a competição ainda está na fase grupos. Há chances. Mas é preocupante o fato de o Flamengo não ter vencido esse time após dois confrontos. Lá no Chile já ficou evidente que bastava apenas forçar o jogo e errar menos para arrancar no mínimo um empate. E a equipe perdeu.

Como o vacilo já está consumado, o único jeito, agora, é olhar para frente. A pressão será quase insuportável. Mas acredito que o primeiro passo, depois de um puxão de orelhas bem dado, é escalar um time misto ou reserva contra o Vasco. Abandone-se o Campeonato Carioca. Abraço. Como escrevi há dois dias aqui, o Flamengo precisa aprender a priorizar a Libertadores. Pois a hora chegou.

Foto: GloboEsporte.com

Medo dos jogos disputados à tarde



Muita gente boa defende que o jogo entre Flamengo e Universidad de Chile deveria ser realizado em outra semana, para dar tempo de recuperação ao Rio de Janeiro e a seus habitantes. Moro em Brasília, mas acompanhei as trágicas consequências da chuva na vida dos cariocas. Não é fácil.

O fato irremediável, no entanto, é que o martelo foi batido e o duelo entre brasileiros e chilenos será realizado logo mais à tarde, no Maracanã. Deixo as opiniões sobre o recuo do governo do Rio de Janeiro para os moradores da cidade, que sentem na pele os efeitos do temporal. Só digo o seguinte: do ponto de vista futebolístico, a decisão não me agrada.

Além da fraca presença da torcida, os jogos disputados à tarde, em dias de semana, costumam tirar muito do clima necessário a partidas como essa. Um jogo de Libertadores com o céu claro corre o risco de tornar-se chocho, quando não deveria. Não sei como isso funciona na cabeça dos jogadores, embora me pareça prejudicial ao time que precisa da vitória - no caso, o Flamengo.

Mas são apenas impressões sem qualquer embasamento, exceto pelas lembranças de joguinhos sem graça realizados à tarde e que não terminaram bem para os times cariocas interessados: a esquisita eliminação do Flamengo para o Coritiba, no Macaranã, pela Copa do Brasil de 2001, e a derrota do Vasco para o Boca Juniors, em São Januário, pela Libertadores do mesmo ano.

Infelizmente, estou impossibilitado de conferir ao vivo se existe alguma lógica no que escrevi. No horário do jogo, estarei num auditório com a missão de acompanhar uma palestra. Não vai dar nem para lamentar a ausência de Adriano.

Lembranças de um temporal (Parte III - final)


Não estranhe a camisa seca de Petkovic na foto ao lado. Na tarde de 21 de outubro de 2001, o aguaceiro só desabou a partir da metade do segundo tempo. Era dia de Flamengo x Atlético-MG, mas no estádio Serejão, em Taguatinga, Distrito Federal. Isso porque, naquele ano, a diretoria do clube resolveu mandar alguns jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa Mercosul no DF, com o manjado objetivo de faturar uns trocados a mais.

Não eram dias promissores para o Flamengo. O clube ocupava o 21º lugar entre 28 participantes, e lutaria contra o rebaixamento até a última rodada. Era triste ver craques como Gamarra e Petkovic, insatisfeitos com os salários atrasados, praticamente andando em campo em alguns jogos. É dessa época a famosa frase do lamentável Vampeta: “Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo.”

Pois o Flamengo daquela tarde precisava vencer. Contou, inclusive, com o apoio da esmagadora maioria dos 17 mil torcedores presentes no Serejão. Confiante numa vitória sobre o tradicional freguês, que disputava as posições de cima da tabela, fui até Taguatinga com meu irmão, um amigo, um tio e alguns primos. Afinal, e apesar de tudo, teríamos em campo Pet, Edílson e os jovens Juan (zagueiro) e Júlio César - Gamarra não jogou.

Mas o que vimos não foi animador. O Flamengo, comandado pelo técnico Zagallo, estava perdido no gramado. Lembro-me perfeitamente do terror a que o veloz Marques submeteu a defesa rubro-negra, enquanto seu parceiro de ataque, o preguiçoso Guilherme, esperava um daqueles passes açucarados que lhe oferecesse a oportunidade de empurrar a bola para o gol e levar o crédito.

E foi justamente Guilherme quem abriu o placar, lá pela metade do segundo tempo, silenciando a mim e aos demais rubro-negros do Serejão. Não me lembro se o temporal desabou antes ou depois do gol atleticano, mas o fato é que ficamos todos ensopados e o jogo, cada vez mais tenso.

Aos 40 minutos, com a derrota praticamente decretada e o receio de tumulto na saída do estádio, deixamos o Serejão, desprezando burramente o fator Pet: aos 44, o gringo acertou o pé numa cobrança de falta que venceu o goleiro Velloso. Era o empate salvador. Ouvimos apenas o grito estridente da torcida, que abafou por alguns instantes o barulho da chuva.

Apesar da frustração de ter perdido o lance, entramos felizes no carro. Pet, o herói do Tri sobre o Vasco cinco meses antes, salvava o Flamengo novamente. Só não havia como adivinhar o que aconteceria poucos segundos após eu ligar o rádio e sintonizar a partida: aos 46 minutos, o zagueiro Edgar marcou o segundo do gol do Atlético-MG. Fim de clássico, derrota rubro-negra por 2 x 1.

O domingo terminava tragicamente: seguimos para casa derrotados, encharcados e sem saber quando teríamos o verdadeiro Flamengo de volta.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Lembranças de um temporal (Parte II)


Ainda na carona da chuva que assolou o Rio de Janeiro e provocou o adiamento de Flamengo x Universidad de Chile. Segue relato do amigo Diego Abreu sobre o inesquecível Flamengo 2 x 1 Sport, pelo Campeonato Brasileiro de 2008.

"Era um sábado de tempo nublado no Rio. Naquela manhã de 27 de setembro de 2008, caiu uma leve chuva. Fui passar o fim de semana na Cidade Maravilhosa por um motivo triste: visitar meu avô que estava internado na UTI do hospital Quintas Dor - ele morreu dois dias depois, de câncer.

No começo da tarde, fiz a visita. Fiquei por lá umas duas horas. Quando saí, enxerguei o Maracanã a cerca de 1 km do hospital, já com movimento de torcedores rubro-negros. Para refrescar a cabeça diante de um momento difícil, eu e meu pai decidimos ir ao estádio assistir a Flamengo x Sport.

A chuva ainda não caía, mas o céu nublado já mostrava o que aconteceria naquele fim de tarde. Enfrentamos uma fila (ainda pequena na bilheteria) e compramos o ingresso de arquibancada. Logo que colocamos os pés na rampa da UERJ, o temporal começou a desabar. Não deu trégua. Ficamos no setor verde, no meio da Urubuzada, nos últimos degraus da arquiba para fugir do dilúvio.

Em campo, um Flamengo que não fazia gols e corria perigos. Até, que no começo da segunda etapa, Roger, de cabeça, abriu o placar para o Sport, aproveitando a cobrança de um córner em que Bruno saiu mal.

O que parecia ser mais uma derrota do Flamengo diante de sua torcida, se transformou em um dos jogos mais épicos da história recente rubro-negra. A chuva aumentou e Caio Júnior colocou em campo Vandinho, recém contratado junto ao Avaí. Faltando 8 minutos pro fim do jogo, em uma tabela com o atacante, Juan bateu na saída do goleiro e empatou.

O gol animou a massa, que não parou de cantar nem mais um segundo. A torcida – havia 40 mil pagantes no estádio - gritava 'Vamos virar Mengo', quando, aos 44 minutos, em cobrança curta de escanteio pelo lado direito de ataque, Marcelinho Paraíba recebeu e cruzou na cabeça do predestinado Vandinho, que balançou a rede e comemorou dando um mergulho no encharcado gramado.

A galera foi à loucura, parecia gol de título. Foi uma virada histórica. Na saída do estádio, poças d'água. Para pegar a rampa que dá acesso ao metrô, tivemos de pular uma cerca, pois o começo da rampa estava tomado de água - nada comparável ao terrível episódio dessa terça-feira no Rio, verdadeiro desastre causado pela chuva.

Esse Flamengo x Sport foi a partida que marcou um começo de reação do Flamengo rumo à classificação para a Libertadores. O time cresceu e ganhou importantes jogos, mas nada adiantou, pois nas três últimas rodadas colecionou fracassos e viu as chances de disputar o torneio sul-americano em 2009 irem para o ralo.

Quanto a Vandinho... Ah, esse foi o único jogo em que o atacante conseguiu ser decisivo vestindo vermelho e preto."

* Diego Abreu é repórter de política do Correio Braziliense.

Goteira maldita



Chove muito, e não apenas no Rio de Janeiro. O Flamengo sofre com o aguaceiro, e não apenas no futebol, com o adiamento do jogo pela Copa Libertadores.

Voltei frustrado ontem do ginásio da Asceb, em Brasília, onde a partida de basquete contra o Juventud Sionista, da Argentina, pelo Torneio Interligas, foi interrompida. Desastre total, até porque o local do jogo, antes confirmado para o Nilson Nelson, fora mudado de última hora porque os times argentinos não aprovaram o piso – fiquei sabendo graças ao aviso de um colega que trabalha na editoria de esportes de um jornal.

A primeira paralisação por causa das goteiras aconteceu no primeiro quarto e durou cerca de 20 minutos. Logo em seguida, outra notícia patética: o placar eletrônico sofrera um curto-circuito. A contagem de pontos e o tempo de jogo passaram a ser anunciados, a cada cesta, pelo alto-falante. A “narradora” era uma funcionária da mesa responsável pelas estatísticas, sentada e com um microfone na mão.

O jogo foi reiniciado, mas interrompido outras duas vezes, a última às 20h50, no fim terceiro quarto, com vitória parcial do Flamengo por 66 a 62. Enquanto nada era definido, os rubro-negros Marcelinho, Fred, Dedé e Vitor se divertiam ao tentar fazer cestas com o pé, num futevôlei de surpreendente bom nível. A brincadeira era incentivada pelos escassos integrantes da Jovem Fla, desta vez pacífica, e da Flamigos.

Em outro ponto da pequena arquibancada, os poucos aventureiros da torcida organizada do Universo, que jogaria depois contra o argentino Libertad Sunchales, aguardavam - em vão- a partida de seu time. E um sujeito ao meu lado assistia aos gols de Messi contra o Arsenal pela TV do telefone celular.

Só uma hora após a segunda interrupção, às 21h50, com os jogadores do Juventud Sionista já no vestiário, foi anunciado o adiamento. Isso depois de intensa movimentação e conversas entre os cartolas dos quatro participantes do torneio, todos na quadra do ginásio, seguidos de perto pelos repórteres presentes.

Confirmadas a decisão e a mudança de regulamento do quadrangular, hora de pegar o dinheiro de volta – afinal, não poderei comparecer hoje, já que o restante do duelo será disputado a partir das 18h, horário impraticável para quem trabalha.

Paguei R$ 20 pela inteira, mas me deram um ingresso de meia-entrada porque não havia bilhetes com o valor total impresso. Todos, inclusive, eram sobras do jogo do último domingo entre Flamengo e Universo, no Nilson Nelson.

Resultado: tive de explicar à moça responsável pela devolução que, embora estivesse escrito “meia-entrada” em meu ingresso, eu tinha pago o valor integral. Ela me olhou desconfiada, mas preferiu não discutir e me devolveu os R$ 20. Virei as costas, saí do ginásio, peguei meu carro no estacionamento e voltei para casa.

Muita coisa precisa mudar.

Foto: GloboEsporte.com

terça-feira, 6 de abril de 2010

Lembranças de um temporal


Caso a chuva continue a castigar o Rio de Janeiro e, mesmo assim, o jogo do Flamengo contra o Universidad de Chile seja mantido para amanhã, não terá sido a primeira partida importante do clube em dia de temporal.

Em 13 de dezembro de 1987, a cidade amanheceu debaixo de chuva implacável. Mesmo assim, 91 mil pessoas, inclusive o alemão Franz Beckenbauer, enfrentaram o mau tempo para assistir a Flamengo x Internacional, decisão do Campeonato Brasileiro.

Quando o jogo começou, São Pedro já dava uma trégua, embora o gramado enlameado evidenciasse os efeitos do aguaceiro.

Mas, como o Maracanã não se chama Engenhão nem Beira-Rio, o único gol da partida aconteceu após jogada de lindo toque de bola. O Flamengo colocou o Internacional na roda e Andrade rolou macio, em profundidade, para Bebeto, que chegou antes de Taffarel fez 1 x 0, aos 16 minutos do primeiro tempo.

O narrador Galvão Bueno, que já trabalhava na Globo, definiu o lance como um “típico gol do Flamengo.”

Que a vitória de 1987 sirva de inspiração para os jogadores rubro-negros. Andrade poderia lembrá-la na preleção. Não importa se amanhã ou quinta-feira.

Sobre a tal prioridade



Chegou a hora tão temida pelo torcedor do Flamengo. O jogo de amanhã, contra o Universidad de Chile, pela Copa Libertadores, e o de sábado, contra o Vasco, pelo Campeonato Carioca, anunciam o momento delicado com o qual o clube já mostrou incapacidade para lidar inúmeras vezes: o de priorizar uma competição de caráter nacional ou internacional em detrimento do Campeonato Carioca.

Sim, o assunto pode ser encerrado já nos próximos dias, pois uma derrota para o Vasco elimina o Flamengo do estadual e deixa o terreno livre – a depender do resultado do jogo contra os chilenos – para a briga pelo troféu sul-americano. Por outro lado, se o clube conquistar a classificação para a final da Taça Rio, vai prolongar por no mínimo mais uma semana a disputa simultânea das competições.

A decisão parece fácil: esnoba-se o deficitário estadual e concentra-se no torneio de maior apelo esportivo e financeiro. Mas a história guarda inúmeros casos de fracassos rubro-negros em situações similares. A torcida se fartou de ver o time faturar o Campeonato Carioca enquanto dava adeus, muitas vezes de forma vexatória, à Copa do Brasil ou à Libertadores – o auge foi a derrota para o América do México, em 2008.

O fato é que, apesar dos discursos de Bruno e de Ronaldo Angelim, que juram não ter digerido até hoje os gols de Cabañas, e das recentes palavras de Andrade, ao pregar a importância da Libertadores, ainda é impossível saber se o Flamengo aprendeu com o passado recente. A cultura do estadual é muito forte no Rio de Janeiro. Contagia os cartolas do clube, que deveriam ser imunes a isso, e os jogadores.

Não me esqueço até hoje de 2007. O Flamengo acabava de treinar em Montevidéu, na véspera do jogo contra o Defensor. Entrevistado por um repórter de televisão, o atacante Souza passou a comentar a decisão do Carioca, contra o Botafogo, que coincidia com os jogos no Uruguai. Talvez o jornalista tenha puxado o assunto, mas era evidente que a cabeça dos jogadores estava no Maracanã, e não no Centenário.

Acho perfeitamente possível, para o atual elenco rubro-negro, disputar as duas competições para ganhar – com ou sem Adriano. Mas é necessário ter capacidade para minimizar um eventual fracasso no Campeonato Carioca, papel que cabe à diretoria, por mais que a freguesia solte rojões em caso de derrota rubro-negra. Como costuma dizer o amigo berna beat, do blog mengo beat, aturar é uma virtude.

O Flamengo precisa apostar todas as suas fichas na Libertadores. Vencê-la ou não é outra história.

Incapacidade crônica

Veja algumas ocasiões em que o Flamengo foi campeão carioca, mas acabou eliminado de torneios mais importantes por valorizar excessivamente o estadual:

2000
Flamengo 3 x 0 Vasco – Campeonato Carioca (decisão) – 11/6
Vasco 1 x 2 Flamengo – Campeonato Carioca (decisão) – 17/6
Flamengo 0 x 4 Santos – Copa do Brasil (quartas-de-final) – 21/6
Santos 4 x 2 Flamengo – Copa do Brasil (quartas-de-final) – 24/6

2001
Coritiba 3 x 2 Flamengo – Copa do Brasil (quartas-de-final) – 16/5
Flamengo 1 x 2 Vasco – Campeonato Carioca (decisão) – 21/5
Flamengo 1 x 1 Coritiba – Copa do Brasil (quartas-de-final) – 23/5
Vasco 1 x 3 Flamengo – Campeonato Carioca (decisão) – 27/5

2007
Flamengo 2 x 2 Botafogo – Campeonato Carioca (decisão) – 29/4
Defensor 3 x 0 Flamengo – Copa Libertadores (oitavas-de-final) – 2/5
Botafogo 2 x 2 Flamengo (2 x 4) – Campeonato Carioca (decisão) – 6/5
Flamengo 2 x 0 Defensor – Copa Libertadores (oitavas-de-final) – 9/5

2008
Flamengo 1 x 0 Botafogo – Campeonato Carioca (decisão) – 27/4
América (MEX) 2 x 4 Flamengo – Copa Libertadores (oitavas-de-final) – 30/4
Botafogo 1 x 3 Flamengo – Campeonato Carioca – (decisão) – 4/5
Flamengo 0 x 3 América (MEX) – Copa Libertadores (oitavas-de-final) – 7/5

* Post dedicado ao mestre Milton Cabral, tricolor de coração, que sempre me incentivou a escrever. Obrigado, Milton.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

São todos iguais (até no basquete, até no DF)




Enquanto os jogadores do Flamengo sofriam para segurar Alex e Gulherme Giovannoni, do Universo, a torcida rubro-negra se empolgava nas arquibancadas do Ginásio Nilson Nelson, ontem, em Brasília. Ao contrário do que acontece nos dias ruins do time de futebol, a galera apoiava sem restrições a equipe de basquete. Mas era complicado distinguir os gritos, já que eles partiam de três diferentes grupos organizados que não se entendiam, numa triste cópia do modelo do Rio de Janeiro.

O local não estava lotado para o jogo da última rodada da fase de classificação no Novo Basquete Brasil (NBB). Tímida quando transposta do acanhado ginásio da Asceb para o gigante Nilson Nelson, a torcida organizada do Universo, que não é mesmo muito numerosa, ocupava um único lance de cadeiras – exatamente como o espaço destinado aos torcedores visitantes no Maracanã, no caso do futebol. Os demais simpatizantes do time espalhavam-se pela arquibancada relativamente vazia.

A torcida do Flamengo, mais concentrada, teve direito a espaço considerável, também na arquibancada. A poucos minutos do início do jogo, a Urubuzada já fazia festa. A Jovem Fla chegou pouco depois, uma rapaziada bem jovem, acompanhada de um colorado e de um são-paulino. A falta de entrosamento começava: apesar de próximos, os grupos cantavam músicas diferentes durante boa parte do tempo.

A paz terminou quando a Raça Rubro-Negra apareceu no ginásio, por volta da metade do segundo quarto, num momento em que Flamengo e Universo erravam bastante. Os recém-chegados subiram correndo os degraus da arquibancada e foram de encontro à Jovem Fla. Os dois grupos, separados por uma cerca de ferro, se encaravam e se ofendiam. Famílias que estavam próximas mudaram rapidamente de lugar. E a Polícia Militar precisou marcar presença para abortar o confronto iminente.

Por conta do princípio de tumulto, poucos torcedores acompanharam o empenho da equipe de Marcelinho durante parte do segundo quarto. A atenção voltou para o jogo no momento exato da bela cesta de três pontos de Duda, que garantiu a virada rubro-negra no período: 40 x 39. Foi um dos raros momentos de grito em uníssono, com o tradicional “Sai do chão / sai do chão/ a torcida do Mengão.”

Sorte que quase nenhum torcedor do Flamengo notou a violenta discussão do pivô Wagner com Mineiro e Rossi, do Universo. O empurra-empurra aconteceu no caminho para os vestiários, do outro lado do ginásio, longe dos rubro-negros, mas muito próximo das cadeiras onde estava a organizada do time de Brasília – estes se amontoaram na grade para acompanhar a confusão.

Na segunda metade da partida, os ânimos das arquibancadas já estavam controlados. Os tranquilos  integrantes da Urubuzada seguiam seu ritmo naturalmente. O pessoal da Raça e da Jovem, separados pela cerca de ferro e pela Polícia Militar, cumpria o ritual de trocar ofensas, descer até o bar para pegar cerveja, acender um cigarro, voltar para o grupo, jogar conversa fora e apoiar o time.

Os gritos desentrosados, porém, continuavam. Acompanhei a segunda metade do jogo no lance mais baixo da arquibancada, a certa distância das organizadas, e me perguntei se os jogadores conseguiam distinguir algo na confusão dos cantos. As vozes se uniam somente na hora do “Vamos virar, Mengô”, que se revelou infrutífero num dia pouco inspirado dos jogadores do Flamengo – o Universo venceu por 90 x 83.

Se os torcedores importassem do Rio de Janeiro somente os gritos de guerra e o conhecimento necessário para fazer uma festa bonita, o time agradeceria. Num dos raros momentos de união nas arquibancadas, alguns jogadores olharam na direção da torcida enquanto o técnico Paulo Chupeta conversava com os atletas. Talvez pensando que poderia ter sido assim durante toda a partida.

Fica a lição para os jogos do Flamengo pelo Torneio Interligas, que começa amanhã e termina na quinta-feira, também no Nilson Nelson.

* Texto atualizado na manhã de terça-feira, 6 de abril, após divulgação da tabela do Torneio Interligas.  

domingo, 4 de abril de 2010

Grata surpresa no meio (Friburguense 0 x 3 Fla)


Este aí não jogou nada. O destaque foi Michael.

Os dois reservas que eu desejava ver em ação não fizeram nada contra o Friburguense, no péssimo gramado de Moça Bonita. Gil esteve lento e pouco inspirado. Deve ser por isso que nunca que empolgou Andrade. Ramon, que considero opção interessante para a criação das jogadas do Flamengo, perdeu a chance de mostrar serviço: desligado e sem mobilidade, errou quase tudo.

A grata surpresa da tarde foi o apoiador Michael, ex-Botafogo e até então encostado. Ele tem desenvoltura, bom passe e personalidade. Participou ainda dos três gols do Flamengo: bateu a falta que resultou no primeiro, de Ronaldo Angelim, cavou o pênalti batido por Denis Marques (segundo) e iniciou a jogada do gol contra do zagueiro Wallace.

Michael também convenceu jogando um pouco mais adiantado, após a substituição de Ramon por Rômulo. De seus pés saíram alguns bons contra-ataques, como o do terceiro gol. Apesar da vasta concorrência, o atleta parece ter futebol para brigar por espaço. Bom para Andrade.

Vale ainda o registro: o time de reservas do Flamengo cedeu menos espaço ao adversário e levou menos sustos que a equipe titular. O único lance que me gelou a espinha foi a queda esquisita de Maldonado. O chileno parecia ter torcido ou quebrado alguma coisa, mas se levantou e voltou para o jogo. Ufa.

***

A frase do jogo é do comentarista Marcelo Rodrigues, durante transmissão do PFC:

“O Flamengo já tem um grande goleiro, caso o Bruno deixe o clube. Para o bem do futebol brasileiro”.

O entusiasmado Rodrigues referia-se ao jovem Marcelo Lomba. Menos, Rodrigues. Menos.

Foto: GloboEsporte.com