quarta-feira, 31 de março de 2010

O show do intervalo, o Flamengo e a freguesia


Quem assiste aos jogos do Campeonato Carioca pela Globo deve curtir bastante o intervalo das partidas. Nesse momento, a emissora exibe o quadro Aconteceu no Estadual, que relembra episódios marcantes do torneio, sempre contados a partir do ponto de vista dos protagonistas dos fatos.

Como tenho o hábito de acompanhar o Flamengo pelo Pay-Per-View do SporTV, só tive a oportunidade de conferir o quadro no último domingo, durante a transmissão da vitória rubro-negra por 2 x 1 sobre América, no vazio Engenhão.

Pois gostei bastante do que vi, e nem tanto pela aposta correta em valorizar as boas histórias do Campeonato Carioca - há quadro de formato semelhante no intervalo dos jogos da Libertadores, a relembrar inesquecíveis batalhas continentais. O que me agradou em particular foi o acerto da emissora na escolha das imagens da vinheta.

Repare bem. Quando o narrador anuncia o Aconteceu no Estadual, a telinha exibe rapidamente quatro lances históricos da competição, antes de dar início aos causos propriamente ditos: o gol de Petkovic na decisão de 2001, o gol do vascaíno Cocada na decisão de 1988, o gol do botafoguense Maurício na decisão de 1989 e o gol de barriga do tricolor Renato Gaúcho na decisão de 1995.

À exceção óbvia da falta magistral cobrada por Pet, diante do eterno vice, os outros lances aconteceram em jogos contra o Flamengo. E proporcionaram títulos estaduais a Vasco, Botafogo e Fluminense. Touché: a emissora de televisão mais influente do país captou com precisão – e involuntariamente, arrisco dizer - a essência do futebol carioca.

Ao exibir as glórias da freguesia, justamente aquelas que ela mais festeja, a despeito de uma e outra conquista nacional ou internacional, a Globo expõe também as feridas dela. E revela bastante sobre o que significa ser rubro-negro.

Sim, porque a memória e o coração do torcedor do Flamengo reservam lugar especial para triunfos como o Tri sobre o Botafogo (de 2007 a 2009) e os 4 x 2 sobre o Fluminense na final de 1991. Ou, saindo do terreno das decisões, para os 6 x 0 no Botafogo em 1981 e para o golaço de Leandro no Fluminense, aos 45 do 2º tempo, em 1985 – dois momentos que marcaram até mais a alma rubro-negra, embora não tenham resultado em títulos.

À freguesia, resta a eterna e obsessiva busca por vitórias sobre o alvo comum, o Clube de Regatas do Flamengo. Como acontece neste 2010.

terça-feira, 30 de março de 2010

Ninguém se lembra de Ramon


Entra rodada, sai rodada e a discussão sobre quem deve ser o responsável pela criação das jogadas do Flamengo não chega ao fim. Petkovic e Vinícius Pacheco, que têm se revezado no papel, monopolizam o debate sobre o assunto a cada partida. Mas, até agora, nem a imprensa especializada, nem os torcedores e nem o técnico Andrade parecem ter chegado a uma conclusão.

Espanta-me, porém, que um terceiro jogador seja pouco ou quase nunca lembrado como candidato à vaga: Ramon, contratado exatamente porque o Flamengo procurava alguém com capacidade para substituir aos poucos o velho Pet, que pode até deixar o clube nos próximos dias. Em minha opinião, Ramon pode ser o jogador ideal para ocupar a vaga do sérvio – ou disputar a posição com ele.

O problema é que o atleta pagou o preço por ter chegado à Gávea bastante acima do peso e acabou eclipsado pelo fulminante início de ano de Pacheco, que se aproveitou também do vácuo temporário deixado por Pet – o gringo perdeu parte da pré-temporada para curtir o Natal ortodoxo da Sérvia. Além disso, a documentação de Ramon atrasou na Rússia, o que impediu sua inscrição na primeira fase da Libertadores.

Mesmo assim, Andrade bobeou: poderia tê-lo aproveitado em mais oportunidades no Campeonato Carioca. O técnico colocou Ramon em campo em poucos jogos, quase sempre contra os pequenos e sempre no segundo tempo. Desprezou a chance de observá-lo de verdade num clássico, a não ser durante poucos minutos contra o Botafogo, no Engenhão.

O pouco que vi de Ramon me agradou. Ele já demonstrou característica ausente no bom, veloz e voluntarioso Pacheco: qualidade no passe em profundidade. Sempre que entra em campo, tenta colocar, com naturalidade, um companheiro na cara do gol. Conseguiu, por exemplo, contra o América, no último domingo, em lance desperdiçado por Vagner Love.

Ramon mostrou ainda facilidade para driblar e tabelar, conforme já opinou o Fla 43, e mais talento em relação ao concorrente - acho até que a posição ideal para Pacheco seja outra, aberto pelas pontas para explorar sua velocidade.

Ainda é cedo para saber se Ramon vai confirmar tais qualidades em partidas importantes. Mas, como ele vai participar da segunda fase da Libertadores – caso o Flamengo se classifique –, precisa ser observado com carinho. Não custa escalá-lo de início contra o Friburguense, último jogo antes das semifinais da Taça Rio. Ramon pode dar caldo.

Foto: GloboEsporte.com

domingo, 28 de março de 2010

Protocolo cumprido (Fla 2 x 1 América)



Pouco importa a boa campanha do América na Taça Rio. Não estamos mais em 1955. Portanto, se o Flamengo foi pressionado durante grande parte do jogo desta tarde, no Engenhão, o significado é um só: o time jogou muito mal.

A meu ver, porém, a péssima apresentação rubro-negra não é motivo para irritação. O Flamengo fez apenas o suficiente para garantir a vaga nas semifinais da Taça Rio e não dar margem para os torcedores do Vasco, interessados no resultado, reclamarem de corpo mole.

Foi até legal ver o time sair em desvantagem no placar logo nos primeiros minutos de partida, pois deu para ouvir, na transmissão da Globo, a heróica e esperançosa torcida do América cantando o hino do clube.

A únicas jogadas do Flamengo no primeiro tempo aconteciam pela direita, com tramas entre Vinícius Pacheco e Leo Moura. No mais, a equipe não se movimentava, facilitava a marcação adversária e tomava sufoco.

O gol de empate surgiu após jogada despretensiosa: bola quicando na intermediária, toque de cabeça de Adriano para Vagner Love, que arrancou e acabou derrubado na área. O Imperador, sem paradinha, deslocou o goleiro e fez 1 x 1.

Um parêntese necessário: Toró, que completou hoje 150 jogos com a camisa do Flamengo, levou um cartão amarelo aos 17 minutos do primeiro tempo. E olha que ele acabava de voltar de suspensão. Difícil de aturar.

No segundo tempo, o América seguiu pressionando e perdendo gols. Só parou quando Jones, o homem que criava as jogadas do time, foi expulso burramente ao cometer um torozada. Ele entrou com a sola da chuteira por cima da bola e quase partiu ao meio o tornozelo de Willians.

Andrade, então, sacou Toró e colocou Petkovic. Mas o Flamengo não melhorou muito, mesmo com mais espaços em campo. Fez o segundo gol perto do final do jogo, em cabeçada de Vagner Love. Gerson, do América, ainda foi expulso.

Além de garantir o Flamengo nas semifinais da Taça Rio, o resultado serviu para confirmar a estatística: a equipe não perde quando Adriano ou Love marcam um gol.

***

Não sei qual será o fim da novela Petkovic, mas tenho a impressão de que o melhor substituto do sérvio atende pelo nome de Ramon. Tratarei sobre o assunto durante a semana.

***

A frase do jogo é de Júnior, durante transmissão da Globo:

“O Flamengo não conseguiu, mesmo com um homem a mais, criar muitas jogadas. Deveria ter conseguido."

Concordo com o Leovegildo, embora eu seja incapaz de me irritar com a maioria dos jogos do Campeonato Carioca.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 26 de março de 2010

Noite dos esquecidos



Moro em Brasília, mas não pude comparecer ao estádio Mané Garrincha, ontem à noite. Foi lá que o time B do Flamengo, formado por reservas pouco aproveitados por Andrade, derrotou o Brasília por 3 x 0 – o adversário previsto inicialmente era Al-Khoyol, do Líbano, mas houve mudança em cima da hora.

Reproduzo, no entanto, a matéria de hoje do Correio Braziliense, assinada pelo repórter Roberto Naves.

Denis Marques, Camacho e o promissor Carlyle, ex-CFZ, que estreou pelo clube, marcaram os gols rubro-negros. O goleiro Paulo Victor pegou um pênalti.

Comandado pelo auxiliar Marcelo Sales, o Flamengo jogou com: Paulo Victor; Galhardo, Rômulo, Henrique e Anderson (Saba); Lenon, Leo Medeiros, Camacho e Gil (Eliabe); Bruno Mezenga (Carlyle) e Denis Marques.

"Paixão cega

Come e dorme do Flamengo leva mais de dois mil pagantes ao Mané Garrincha em amistoso caça-níquel

Roberto Naves

A torcida candanga do Flamengo deu mostras de paixão cega pelo clube da Gávea. Um simples amistoso caça-níqueis com o come e dorme rubro-negro atraiu mais de dois mil pagantes ao Mané Garrincha, ontem à noite, na goleada de 3 x 0 sobre o Brasília. Os 2.071 torcedores do público divulgado – a estimativa extraoficial é de quatro mil pessoas presentes – deixaram o estádio vazio, mas superam os 1.915 que foram ver o time principal, de Adriano, Vagner Love e Petkovic, bater o Tigres, na quarta-feira, no Engenhão, pelo Campeonato Estadual.

Mesmo representado por um time de jogadores raramente aproveitados e execrados pela torcida carioca, como os atacantes Gil, Denis Marques e Bruno Mezenga, o 'cover' rubro-negro fez a festa do público candango. Bombas, cascatas de fogos de artifícios, tradicionais cânticos e gritos de olé deram ares de Maracanã ao Mané Garrincha.

Nem o treinador Andrade veio a Brasília para o jogo que valeu R$ 100 mil para os cofres rubro-negros, em amistoso promovido para comemorar a Semana Nacional das Comunidades Árabes Brasileiras. Com o auxiliar Marcelo Sales no papel de técnico, Denis Marques e Gil brindaram o público candango com duas costumeiras furadas, devidamente ignoradas pelos fãs.

Denis Marques ainda abriu o placar, aos 18 minutos do primeiro tempo, em belo chute no ângulo do goleiro Diego, para começar a festa nas arquibancadas. Vestido com a camisa 10, o volante Leo Medeiros tentou honrar o papel de sucessor de Zico, mas a cobrança de falta não lembrou o maior craque da história da Gávea.

Terceiro goleiro do Flamengo, Paulo Victor teve o seu momento de titular Bruno ao defender pênalti cobrado, sob vaias, por Felipe aos 10 minutos do segundo tempo. O pulo certeiro no canto direito foi o suficiente para comemorações na arquibancada e gritos de 'Mengo'. O colorado até pressionou e carimbou uma bola na trave, aos 29, com Djavan, mas foram os visitantes que ampliaram.

Na sua estreia pelo rubro-negro, o candango Carlyle, revelado pelo CFZ-DF na Copa São Paulo deste ano, acertou o canto de Diego, mas o gol foi anulado. No entanto, a prata da casa teve o direito de festejar seu primeiro gol com a camisa do Flamengo, aos 38, depois de completar na saída do goleiro a triangulação de Gil e Denis Marques.

Festa completa com direito a gritos de olé, vaias para o 'anfitrião' Brasília e até surpreendentes aplausos para Gil na substituição, aos 44. Só não deu tempo para o goleiro reserva do colorado, Célio, entrar na vaga de Diego. O árbitro Alexandre Andrade apitou o jogo antes do fim da troca."


Foto: GloboEsporte.com

quarta-feira, 24 de março de 2010

Peladinha útil (Fla 3 x 1 Tigres)



Desta vez, o jogo do Flamengo fluiu mais e melhor em relação à maioria de seus confrontos contra times pequenos no Campeonato Carioca. Só por isso, a pelada contra o Tigres já valeu a pena.

Claro que não foi grande coisa. O adversário é muito fraco. E o Flamengo, embora dominasse a partida desde o início, parecia conformado e quase não criava chances de gol. Era Willians, por exemplo, que chegava à linha de fundo pela direita – e não Leo Moura.

O time precisou sair atrás no placar para Andrade mudar o posicionamento e os jogadores despertarem: no gol de empate, Kleberson - deslocado do lado esquerdo para o direito - enfiou para Leo Moura, que cruzou na cabeça do Imperador.

No segundo tempo, o Flamengo teve a posse bola, disposição, toque fácil, agradável e eficiente e jogadas pelos dois lados do campo. Vinícius Pacheco entrou bem no lugar de Petkovic, discreto no Engenhão novamente vazio.

O segundo gol foi o ponto alto da pelada. Bruno iniciou contra-ataque ao esticar com a mão para Juan. O lateral tocou de lado, de primeira, para Adriano, que arrancou e devolveu o passe. Já perto da área, Juan passou para Vagner Love, que cortou o zagueiro e fez o golaço.

No terceiro, valeu a autocrítica de Vinícius Pacheco. Livre diante do goleiro, preferiu não arriscar. Viu o Imperador chegando e entregou-lhe a bola. Melhor assim.

Sobre o Imperador: eu já tinha achado Adriano menos pesado contra o Botafogo. Hoje, ele correu um pouquinho mais, como no segundo gol e numa jogada em que tentou fazer fila, e mostrou certa mobilidade. A perseguição da imprensa, pelo visto, tem sido útil. O homem quer jogo.

Já Vagner Love deixou o dele, perdeu dois bisonhamente e se atrapalhou bastante com a bola, como tem acontecido nos últimos jogos. Pode melhorar.

É nítida a diferença entre Maldonado e Toró. Basta pensar o seguinte: você notou o chileno em campo? Poucas vezes, com certeza. Torozinho, se estivesse no gramado, seria notado o tempo inteiro, a dar carrinhos, a correr atrás dos adversários e a receber cartões desnecessários.

***

A frase da noite é do comentarista André Loffredo, do Sportv, sobre o segundo tento rubro-negro:

“Foi um gol belíssimo. Um típico gol dessa equipe do Flamengo”.

Fica a esperança de que o time coloque em prática a fluência de jogo mostrada hoje em partidas mais difíceis. Qualidade não falta.

Foto: GloboEsporte.com

Prazer em revê-lo


Em 21 de outubro do ano passado, em sua coluna na Folha de São Paulo, Tostão escreveu que a defesa do Flamengo havia melhorado após Andrade trocar o esquema tático do 3-5-2 para o 4-4-2. E fez a seguinte constatação sobre alguns jovens e atabalhoados volantes rubro-negros:

“Toró, Willians e Aírton estão também aprendendo, com Andrade e Maldonado, que marcar bem não é correr atrás do adversário para fazer faltas e dar pontapés.”

Não há melhor notícia, portanto, que a volta do chileno à equipe do Flamengo nesta noite, contra o Tigres, pelo Campeonato Carioca, no Engenhão. Sem jogar desde o último 17 de novembro, após lesionar o joelho esquerdo defendendo a seleção de seu país, Maldonado foi operado, ficou de fora dos últimos jogos do Campeonato Brasileiro e deixou saudades na torcida.

À ausência forçada dele e à venda de Aírton, o melhor aluno entre os jovens e atabalhoados volantes, deve-se o principal problema do Flamengo neste ano: a marcação no meio de campo, embora o time tenha demonstrado outras fraquezas que Andrade ainda não conseguiu consertar.

Maldonado terá trabalho. Toró e Willians esqueceram-se de todas as lições de 2009. Os dois têm corrido bastante atrás dos jogadores adversários, como ficou evidente no clássico de domingo contra o Botafogo. Desarmam com frequência, mas estão quase sempre a perseguir quando deveriam aguardar, à espreita, o momento do bote.

Willians, apesar de tudo, é titular absoluto. Já o lugar de Toró, suspenso pelo terceiro amarelo, é o banco de reservas. A não ser que Maldonado, ainda sem ritmo de jogo, repita o desastroso início de temporada dos zagueiros Álvaro (principalmente) e Ronaldo Angelim.

Uma curiosidade sobre o meio de campo armado por Andrade para esta noite: Kleberson e Maldonado, que serão acompanhados de Willians e de Petkovic, ainda não jogaram juntos pelo Flamengo. Quando o chileno foi contratado, em fins de agosto, o brasileiro estava contundido – sofrera luxação no ombro direito em ridículo amistoso da Seleção Brasileira contra a Estônia. Depois, quando Maldonado amargava o estaleiro e caminhava de muletas, Kleberson, recuperado, curtia o banco de reservas nas últimas partidas do Campeonato Brasileiro.

Maldonado é experiente, tem saída de bola, boa leitura de jogo, não se desgasta, não chega atrasado. Será fundamental no Campeonato Carioca e na Libertadores. Que jogue como sempre.

Foto: UOL Esporte

segunda-feira, 22 de março de 2010

O terror da freguesia


Adriano relaxa em lanchonete

Diga o que quiser a respeito de Adriano. Reclame das constantes faltas do jogador aos treinos. Lamente o desleixo do craque com a balança. A essas críticas, faço coro. Torço por um Imperador em forma.

Se você não é rubro-negro, deixe o anti-flamenguismo e o preconceito social fluírem e atire pedras: alcoólatra, drogado, favelado, traficante, assassino. Torça por um Imperador atrás das grades.

Mas Adriano assombra mesmo é dentro de campo: ele é o terror da freguesia. Desde que voltou ao Brasil, em 2009, não poupou Botafogo, nem Fluminense, nem Vasco. Já são 10 gols em oito clássicos disputados.

Dos três rivais, a maior vitima do Imperador é o Fluminense. Já o Vasco é quem deu mais sorte, pois disputou a Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado.

Veja o retrospecto de Adriano em clássicos cariocas desde o retorno ao país:

Fluminense 0 x 0 Flamengo (0) – Campeonato Brasileiro 2009
Flamengo 2 x 0 Fluminense (2) - Campeonato Brasileiro 2009
Fluminense 3 x 5 Flamengo (3) – Campeonato Carioca 2010

Flamengo 2 x 2 Botafogo (1) – Campeonato Brasileiro 2009
Botafogo 0 x 1 Flamengo (1) – Campeonato Brasileiro 2009
Flamengo 1 x 2 Botafogo (0) – Campeonato Carioca 2010
Botafogo 2 x 2 Flamengo (2) – Campeonato Carioca 2010

Flamengo 1 x 0 Vasco (1) – Campeonato Carioca 2010

Total: 10 gols em 8 clássicos

domingo, 21 de março de 2010

Houve evolução (Botafogo 2 x 2 Fla)



Não há motivo para comemoração. Celebrar empate com o Botafogo é comportamento anti-rubro-negro. Mesmo com gol aos 48 minutos do segundo tempo. Portanto, passados aqueles segundos entre o momento em que a bola estufou a rede do goleiro Jefferson e o terceiro replay da jogada, o máximo permitido a qualquer torcedor do Flamengo é a análise fria e objetiva da partida.

Pois há dois pontos no clássico que me deixaram satisfeitos, embora com ressalvas. Primeiro: o Flamengo jogou melhor que nas últimas três partidas. Segundo: Adriano me pareceu menos pesado, participou bastante do jogo e marcou os dois gols rubro-negros – p. da vida com a perseguição que tem sofrido ao longo deste mês, o craque deixou o gramado novamente sem falar com os jornalistas.

O Flamengo desta noite teve atuações mais inspiradas que na derrota para o Universidad de Chile, pela Libertadores. Além de Adriano, gostei de Kleberson, que ajudou na criação de várias jogadas, inclusive a que resultou no primeiro gol do Imperador. Com o retorno de Petkovic, o time ganhou massa cinzenta no meio de campo, embora o sérvio não tenha sido brilhante. Vagner Love lutou bastante como sempre e até incomodou, mas errou demais. E Bruno quase pegou outro pênalti.

Apesar disso e de atuações razoáveis de outros jogadores, o Flamengo pecou novamente na saída de bola. O Botafogo adiantava a marcação, o que obrigou Álvaro e Fabrício a darem inúmeros chutões para frente. A maior parte dos rebotes também ficou com o adversário, melhor posicionado e com a defesa atenta a qualquer movimentação rubro-negra.

O Flamengo deu liberdade ao Botafogo durante boa parte do jogo – eles dominaram o primeiro tempo - e falhou atrás no segundo gol alvinegro, de Herrera, já na segunda etapa. Os volantes, apesar de atrasados em muitos lances, desarmaram com frequência, mas Toró teve dificuldade para acompanhar o habilidoso Caio – no segundo tempo, cabeça-de-área foi designado, já com um cartão amarelo, para colar no jogador

O empate no fim foi resultado mais do abafa que propriamente do jogo coletivo, apesar da evolução do time. Até porque Joel recuou o Botafogo, esperando a oportunidade de matar o Flamengo num contra-ataque, o que felizmente não aconteceu.

Não concordei com duas substituições do Andrade. A de praxe, quando sacou Pet para colocar Vinícius Pacheco, pode ter acontecido pelo cansaço do sérvio, pois o ritmo do jogo foi forte. Mas não entendi a troca de Kleberson, eficiente no clássico, por Ramon, que não comprometeu.

Ah, sim, o público no Engenhão foi lamentável: apenas 9.074 pessoas (6.707 pagaram ingresso).

***

Botafoguense nenhum tem o direito de reclamar de arbitragem em jogos contra o Flamengo. No clássico da Taça Guanabara, o árbitro Luís Antônio Silva dos Santos desexpulsou (sic) o volante Fahel, que recebera merecido cartão vermelho.

Hoje, o sr. Wagner do Nascimento Magalhães assinalou pênalti de Éverton Silva em Lúcio Flávio após falta cometida fora da área. Joel Santana, inacreditavelmente, ainda reclamou da arbitragem ao fim da partida.

Por isso, a frase da noite é de Renato Maurício Prado, durante o programa Troca de Passes, do Sportv:

“Se fosse ao contrário, a gente ia ter chororô a semana inteira.”

Palavras óbvias, mas verdadeiras.

Foto: GloboEsporte.com

sábado, 20 de março de 2010

Tem faltado autocrítica




“Jogamos 15 partidas neste ano, empatamos uma e perdemos duas. Quantos clubes do país têm estes números?”

A declaração acima é de Andrade e foi publicada na edição de hoje d’O Globo. As palavras servem para mostrar aos jornalistas e ao público a confiança do técnico no próprio trabalho, nos jogadores e no time do Flamengo, o que é ótimo. E cumprem a função preventiva de minimizar os efeitos de uma possível derrota no clássico de amanhã, contra o Botafogo, o que é necessário – afinal, na frieza da tabela, o jogo vale apenas três pontos na Taça Rio, o segundo turno do Campeonato Carioca.

Mas o tom de Andrade me deixa um pouco preocupado. Pois, por mais que ele esteja correto ao blindar o Flamengo e ao ressaltar o retrospecto positivo do clube na temporada, o técnico parece demonstrar satisfação com as recentes atuações do time: contra Caracas e Vasco, quando a equipe venceu no sufoco, e contra o Universidad de Chile, quando foi derrotada jogando um futebol muito abaixo de seu potencial.

Posso estar enganado, mas acho que Andrade confia na qualidade individual dos jogadores do Flamengo a ponto de não ligar tanto para as deficiências coletivas do time. Se isso for verdade, temos um problema. Porque o Flamengo tem cedido muitos espaços aos adversários, permitindo-lhes que se aproximem perigosamente da sua área, demonstrado autoconfiança e tranquilidade além da conta e certa dificuldade para atacar e/ou contra-atacar - no último caso, o duelo contra o Caracas é exceção.

Quero deixar claro que confio nos jogadores do Flamengo e no time do Flamengo, embora não tanto como gostaria (p*rra, Adriano!). E espero que Andrade pense também dessa maneira. Torço para que as declarações do técnico e ídolo rubro-negro escondam de todos a preocupação com o que ele tem visto de errado nos últimos jogos e que nem mesmo algumas vitórias conseguiram esconder.

Aliás, sobre a conta Andrade, apenas seis das 15 partidas do Flamengo em 2010 merecem ser levadas em consideração: contra Fluminense, Botafogo, Universidad Católica, Caracas, Vasco e Universidad de Chile. Um cálculo que inclua apenas esses jogos mostra que o desempenho rubro-negro, por enquanto, não é tão folgado assim, com quatro vitórias (Fluminense, Universidad Católica, Vasco e Caracas) e duas derrotas (Botafogo e Universidad de Chile).

Perder novamente para o Botafogo não seria nada legal. Mas ganhar com a repetição dos defeitos não animaria muito. Até um empate em que seja demonstrada evolução coletiva, o que é possível mesmo com o desfalque dos laterais titulares, me deixaria mais satisfeito.

Foto: GloboEsporte.com

sexta-feira, 19 de março de 2010

Adriano e Love, o outro lado da moeda


Em meio à overdose de notícias nada edificantes sobre as vidas particulares de Adriano e Vagner Love, um veículo de comunicação oferece ao leitor brasileiro o outro lado da moeda. A edição de março da revista ESPN traz matéria bacana sobre a relação da dupla de atacantes do Flamengo com os bairros – comunidade, no caso do Imperador – onde nasceram.

No texto, assinado pelo jornalista Aydano André Motta, não há especulação sobre ligação com traficantes nem relatos sobre brigas conjugais ou quantidade de pontos em carteiras de habilitação. Há, sim, histórias como a do dia em que Adriano mandou comprar 300 sanduíches do McDonald’s para crianças da Vila Cruzeiro e caiu com elas na farra – o substantivo finalmente foi empregado no bom sentido.

Não sei qual o dia de fechamento da revista ESPN, quando a edição, já pronta segue para a gráfica, onde é impressa e de onde é distribuída para as bancas de todo o país. Mas é certo que a escolha da pauta e a finalização da matéria aconteceram antes do escândalo de Adriano com a noiva, que pipocou em 5 de março e desencadeou a perseguição aos dois atacantes.

Se o fato tivesse acontecido dias ou semanas antes, a matéria teria sido outra, embora a ESPN não trate tais assuntos com histeria. Como não deu tempo, vale o registro. A revista oferece uma brecha para os rubro-negros respirarem - pelo menos para aqueles que, como eu, só a compraram nos últimos dias.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Que sirva de lição (Univ. de Chile 2 x 1 Fla)



Alguém peça ajuda aos universitários ou à Datafolha para descobrir quantos passes errou o Flamengo e quantos desarmes sofreu o time nesta noite. Kleberson, Rodrigo Alvim, Vagner Love, Leo Moura, Juan, Adriano... Ninguém se salvou. O segundo gol chileno, aliás, surgiu a partir de uma bola perdida por Alvim, após Fabrício sair jogando na fogueira. No prosseguimento do lance, Bruno, heroi contra o Vasco, engoliu um frango – não acho que ele tenha falhado no primeiro gol.

O Flamengo também pagou o preço pela falta de ambição. Desde o primeiro tempo, o Universidad cedia espaços convidativos aos jogadores rubro-negros. Mas o time voltou a mostrar a característica bem apontada pelo técnico Gerardo Pelusso, em entrevista reproduzida aqui no Fla 43 antes da partida: o Flamengo joga muito tranquilo e acha que vai resolver o jogo a qualquer momento. Dessa vez, porém, ao contrário das vitórias contra Caracas e Vasco, nenhum craque decidiu.

E não eram apenas espaços que o Universidad oferecia ao Flamengo. O Estádio Monumental não estava lotado, pois a carga de ingressos colocada à venda era menor que a capacidade do local, uma medida preventiva contra um possível terremoto. Os torcedores chilenos cantavam o tempo inteiro, mas não havia aquele clima hostil bastante comum em duelos sul-americanos. O jogo não ficou quente para valer em nenhum momento.

O Flamengo perdeu a chance de voltar ao Brasil com pelo menos um empate e a liderança do grupo garantida ao fim do turno. Talvez os auto-suficientes jogadores não enxerguem isso, mas essa derrota pode fazer muita diferença mais à frente. Até porque existe risco de tropeço nos dois próximos jogos, contra o próprio Universidad de Chile e contra o Caracas, ambos no Maracanã. O time comandado por Andrade é superior aos dois adversários, mas não pode se dar ao luxo de falhar tanto.

***

Vinícius Pacheco não tem rendido nos últimos jogos. Carrega demais a bola e cria pouco. Pet entrou e melhorou o time, em parte pela qualidade, mas também porque o Universidad de Chile vencia por 2 x 1 e já havia recuado para garantir o placar. Andrade poderia promover a volta do sérvio. De preferência, no clássico de domingo contra o Botafogo.

Ah, sim: a atuação de Kleberson foi bizarra.

***

A frase da noite é do narrador Luís Roberto, da Globo, que dirigiu a seguinte pergunta ao comentarista Júnior durante a transmissão:

“Você viu o tamanho do instrumento?”

Tudo bem, ele se referia ao enorme bumbo em poder da hinchada chilena. Mas poderia ter voltado para casa sem essa.

Foto: GloboEsporte.com

quarta-feira, 17 de março de 2010

Leitura perfeita



          Este homem não é bobo

Vejam o que disse o técnico Gerardo Pelusso, do Universidad do Chile, sobre o Flamengo, em entrevista ao GloboEsporte.com:

“Posso estar errado, mas esse Flamengo de agora joga muito tranquilo, toca a bola e acha que pode resolver o jogo a qualquer momento. Às vezes até passa uns sustos por causa disso. Como aconteceu contra o Vasco no último domingo e contra o Caracas. A sensação que dá é que os jogadores são muito confiantes. Mas jogam um futebol competitivo e muito pragmático.”

Foto: GloboEsporte.com

Já foi mais fácil


Em 99, Fla meteu sete no U. de Chile

Se a vida no Flamengo fosse como na Copa Mercosul de 1999, teríamos a certeza de uma quarta-feira mais tranquila. Não me entendam errado: lembro com perfeição daquela segunda metade dos anos 90, quando contratávamos a rodo e tudo o que conseguíamos eram um e outro Campeonato Carioca, terminar o Campeonato Brasileiro no meio da tabela e colecionar vexames. Por isso, refiro-me aqui somente à extinta competição sul-americana, encerrada após quatro edições.

O Flamengo foi o campeão da Copa Mercosul de 1999. E com um time bastante limitado, vencedor na base da camisa e da superação, fazendo jus a todos os clichês verdadeiros que dizem respeito ao clube. Mas, antes de superar o Palmeiras de Marcos, Arce, Zinho, Alex, Asprilla e outros craques comandados por Felipão, o time atropelou adversários, como os decadentes Independiente de Avellaneda e Peñarol – com direito a goleadas de 4 x 0 e 3 x 0, respectivamente, no Maracanã.

Foi na fase de grupos do torneio que o Flamengo humilhou o adversário de hoje. Num Maracanã com apenas 6 mil pagantes, o time enfiou 7 x 0 no Universidad de Chile. A vitória garantiu ao rubro-negro o segundo lugar no Grupo E, atrás do Olimpia, e a vaga nas quartas-de-final da Mercosul. Romário, demitido do clube antes da decisão contra o Palmeiras, marcou quatro vezes. Caio, Rodrigo Mendes e o obscuro lateral-esquerdo Marco Antônio completaram o placar.

Alguém pode argumentar que o Flamengo foi derrotado pelos chilenos fora de casa, no estádio Nacional, em Santiago (2 x 0). Mas é inegável que a disparidade entre os clubes brasileiros e os demais sul-americanos era mais acentuada em relação a hoje, embora a repatriação de craques do quilate de Adriano e Robinho tente provar o contrário. Na segunda metade dos anos 90, os clubes daqui faturavam quase todos os troféus do continente – a hegemonia do Boca Juniors começaria apenas em 2000.

O Flamengo de Adriano é mais forte que o Flamengo de Iranildo, mas a evolução também vale para o Universidad de Chile. Além disso, os caras só jogaram uma vez, e pelo Campeonato Chileno, desde o terremoto de 27 de fevereiro. Dois deles, o volante Marco Astrada e o atacante Gabriel Vargas, enfrentaram estradas danificadas para levar água e comida a familiares, conforme matéria de ontem d’O Globo. Imaginem a vontade de provar, em campo, que o país não se abalou.

Outro motivo para zelo redobrado no Estádio Monumental, cedido pelo Colo Colo – e que não estará lotado, pois colocaram apenas 25 mil ingressos à venda de 47 mil possíveis, por medidas de segurança: o Flamengo ainda não enterrou a tal crise, fabricada após o barraco de Adriano com a noiva, alimentada por outras investigações sobre a vida particular do craque e doida para reaparecer depois de Vagner Love estrelar involuntariamente o Fantástico. Basta uma derrota no Chile para a coisa desandar na Gávea.

Há, no entanto, razões suficientes para acreditar num Flamengo imbatível em Santiago: a capacidade já demonstrada de superar adversidades e o talento individual de vários jogadores, do goleiro Bruno ao Imperador. Vale também confiar numa boa apresentação de Rodrigo Alvim, escalado como volante ao lado de Willians, e rezar para que ninguém cometa a burrada de ser expulso sem necessidade. Fica a torcida para que, pelo menos hoje, a vida seja tranquila como na Copa Mercosul de 1999.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ô, Imperador treinou


Foram apenas 35 minutos no clube. De chinelos, Adriano participou da conversa de Andrade com o elenco. Depois, foi até a sala de musculação. E deixou a Gávea.

Isso na segunda-feira, dia seguinte a uma partida. Fato raro na vida do craque. Pena que a notícia não vai ter o mesmo destaque do barraco do Imperador com a noiva.

É como dizia um antigo professor: “Notícia boa é notícia ruim."

É como diz Andrade: “Prefiro ter um jogador polêmico que faça 19 gols no Brasileiro do que um bonzinho que faça cinco.”

domingo, 14 de março de 2010

Vitória não esconde defeitos (Fla 1 x 0 Vasco)


O talento decide: Bruno acabou com Dodô

O lance que resultou no primeiro pênalti cometido pelo Flamengo foi o retrato do clássico de hoje. O zagueiro Tite, do Vasco, avança com liberdade pela esquerda, desde o campo de defesa. Ele segue até a intermediária sem ser incomodado e toca para Dodô, perto da área rubro-negra. O centroavante tem folga suficiente para olhar e achar Philippe Coutinho, que é derrubado por Willians.

A facilidade com que os jogadores do Vasco chegavam à área do Flamengo, no Maracanã, era impressionante. A dificuldade de marcação rubro-negra já ficara evidente em outros jogos, o que nos obriga a enfrentar os fatos: apesar dos bons resultados, o Flamengo de 2010 gosta de viver perigosamente. A importante vitória no clássico não escondeu os defeitos da equipe.

Quando falo em marcação, não me refiro apenas à dificuldade provocada pela ausência de Maldonado e pela venda de Aírton. O problema é coletivo. O Flamengo tem o hábito de apenas cercar o adversário, em vez de marcá-lo em cima e fechar-lhe os espaços, como fez o Vasco durante quase todo o jogo.

Sorte que o Flamengo tem jogadores talentosos o suficiente para resolver jogos e espantar crises. Numa noite em que Adriano, apesar do gol de pênalti, pouco apareceu, e que Vagner Love não acertou quase nada, Bruno brilhou ao pegar dois pênaltis de Dodô. Nosso goleiro tem lá alguns problemas pessoais e perde oportunidades de ouro de ficar calado, mas agarra demais. Ainda bem.

Andrade deve manter o sinal amarelo ligado. O time do Vasco não é lá essas coisas e nem sempre Bruno vai dar conta de fechar o gol. O técnico precisa entender porque o Flamengo não conseguiu nem contra-atacar, quando deveria ter matado o jogo como fez na última quarta-feira, contra o Caracas.

Aliás, dos atletas mais ofensivos do time, Leo Moura, que tem jogado muito, e Juan, que não tem jogado tanto, foram os melhores. O lateral-direito, além da categoria habitual, manteve o perigoso Márcio Careca quietinho lá atrás, sem atacar, preocupado com a defesa.

Já o lateral-esquerdo voltou a aparecer no ataque com eficiência, a cavar e sofrer faltas, a incomodar os rivais, embora tenha dado alguns moles no primeiro tempo. No segundo, levou uma cotovelada de Rafael Carioca e um carrinho por trás de Élder Granja. Nenhum dos dois foi expulso. Carioca não recebeu nem o cartão amarelo.

E os vascaínos não têm mesmo do que reclamar. Além da complacência da arbitragem com a violência de Carioca e Granja, o time teve dois pênaltis (bem marcados) a seu favor. E, em vez de reclamar do polêmico pênalti cobrado pelo Adriano, que resultou no gol do Flamengo, deveriam lembrar que Márcio Careca já havia derrubado Leo Moura no primeiro tempo, mas o árbitro Péricles Bassols (RJ) não marcou nada.

***

Assisti o jogo pelo Sportv. Paulo César Vasconcelos não foi muito bem nos comentários, mas soltou a frase da noite:

“Ninguém perde dois pênaltis num Flamengo x Vasco impunemente.”

Eis o drama do jogador do futebol: endeusado pelos vascaínos no primeiro turno, Dodô foi xingado pela própria torcida. A semana vai ser quente em São Januário.

Foto: Agência Lance

Confiamos em vocês


Adriano de volta, Vagner Love em ótima fase, um time muito superior ao do adversário e moral elevada após a vitória sobre o Caracas, pela Libertadores.

O Flamengo tem hoje a chance de mostrar ao Vasco a enorme distância que separa o campeão da Série A do campeão da Série B.

Vamos ver no que dá.

Foto: Abril.com.br

sábado, 13 de março de 2010

Doce recordação


A conquista da Libertadores é o grande objetivo do ano, mas não há como ficar indiferente a um Flamengo x Vasco. Por isso, já ansioso para o clássico de amanhã, compartilho a lembrança de uma surra rubro-negra, aplicada há quase 10 anos, em 27 de outubro de 2000, no Campeonato Brasileiro vencido por eles.

Petkovic e Adriano, heróis do Hexa, participaram desse jogo e foram fundamentais para a goleada de 4 x 0. Lembrando que o centroavante foi relevado naquele ano, ainda não era chamado de Imperador e pesava bem menos de 100kg.

O texto é do excelente Almanaque do Flamengo, de Roberto Assaf e Clóvis Martins. A ficha técnica também, exceto a escalação do Vasco, que encontrei na Futpédia, do Globo Esporte.com. Vamos lá:

Entre a conquista do bi estadual e a decepção com contratações equivocadas, como a do apoiador Alex e a do atacante Denílson, o Flamengo goleou o Vasco por 4 a 0 no Maracanã, na primeira vitória com quatro gols de diferença sobre o rival desde 3 de outubro de 1943. Os cruzmaltinos não perdiam para os rubro-negros no Campeonato Brasileiro desde 1992. O triunfo pôs fim a uma série de cinco derrotas consecutivas do Flamengo.

A festa aconteceu numa noite de sexta-feira, sob chuva intensa, e começou aos 28 minutos do primeiro tempo, quando Petkovic bateu falta com perfeição, sem chance de defesa para Hélton. Aos 24 minutos, Juninho Pernambucano esteve perto do empate: chutou com perigo à direita de Júlio César, que contou com um pouquinho da sorte enviada por São Judas Tadeu, padroeiro do Flamengo, que festejaria sua data no dia seguinte.

No começo do segundo tempo, Edílson lançou Rocha, que cruzou na medida para Adriano escorar, ampliando para 2 a 0. O gol mais bonito da partida surgiu aos 18 minutos: Edílson descobriu Petkovic entre Clébson e Júnior Baiano. O iuguslavo driblou os dois e tocou de canhota, fora do alcance de Hélton. Aos 40 minutos, Roma entortou Paulo Miranda e sofreu pênalti, que Edílson bateu com categoria, fechando o placar.

A chuva não impediu que a torcida rubro-negra, maioria entre os 60 000 pagantes, transformasse as arquibancadas em um autêntico baile funk, então o ritmo da moda no Rio, entoando o refrão de um sucesso da ocasião. ‘Tá dominado, tá tudo dominado/tá dominado, tá tudo dominado’, completado por outro coro, improvisado – ‘ih, ih, ih, vai ter que me engolir’ – em homenagem a Zagallo. Um dia para sempre.”

Flamengo 4 x 0 Vasco:

Flamengo: Júlio César; Maurinho, Juan, Gamarra e Athirson; Leandro Ávila, Rocha, Jorginho (Alex) e Petkovic (Alessandro); Edílson e Adriano (Roma).
Técnico: Zagallo

Vasco: Hélton; Henrique, Júnior Baiano e Odvan (Jorginho); Clébson, Paulo Miranda, Juninho Pernambucano, Juninho Paulista e Jorginho Paulista; Romário e Viola (Pedrinho).
Técnico: Oswaldo de Oliveira

Gols: Petkovic, aos 28 minutos do primeiro tempo; Adriano, aos 8, Petkovic, aos 18, e Edílson (pênalti), aos 40 minutos do segundo tempo.
Público: 60.156
Árbitro: Léo Feldman

sexta-feira, 12 de março de 2010

Os melhores segundo Nunes



Nunes é um rubro-negro consagrado para sempre. É ídolo de outras gerações, da atual e será venerado pelos ainda muito novos ou que estão para nascer. Qualquer pequeno torcedor que fuçar alguma revista, livro ou site sobre o Flamengo vai encontrá-lo ali, naquele nobre espaço reservado a quem fez história.

O ídolo é também o participante de março da seção “Meu time dos sonhos”, publicada mensalmente na revista Placar. Nessa coluna, os boleiros de outrora listam os 11 melhores jogadores de todos os tempos. Uma página inteira para que cada um deles escale e comente, nome por nome, sua seleção ideal.

E Nunes, o João Danado, o Artilheiro das Decisões, não se fez de rogado. Além de incluir no time três craques da geração de ouro do Flamengo - habitués do espaço – e o ex-técnico rubro-negro Cláudio Coutinho, falecido, ele teve moral para se escalar na seleção dos melhores.

Vejamos a lista de Nunes e a justificativa do craque para sua presença na lista:

"Taffarel; Leandro, Piazza, Belinni e Júnior; Falcão, Garrincha, Pelé e Zico; Romário e Nunes

Técnico: Cláudio Coutinho"

"Sempre fui um goleador importante por onde passei. Fui um homem de decisão, que fazia gols fundamentais para os títulos que ganhei".

Alguém discorda da declaração? Eu, não. E dá-lhe Nunes.

***

Aliás, Nunes já maltratou nosso freguês predileto e adversário de domingo, o antipático Vasco da Gama. Em 1981, ele aproveitou uma dividida entre Júnior e o goleiro Mazzaropi, na intermediária do gramado, e marcou um golaço dali mesmo, de primeira, na decisão do Campeonato Carioca de 1981.

O resultado, todos os rubro-negros conhecem: Flamengo 2 x 1 Vasco, mais um troféu na Gávea e mais um vice em São Januário.

Foto: O Globo (Flamengo 3 x 2 Atlético-MG, decisão do Campeonato Brasileiro de 1980)

Dois Flamengos parecidos


Fla 2008: semelhança com 2010 

O atual time do Flamengo me lembra aquele do primeiro semestre de 2008, que também disputou Campeonato Carioca e Libertadores simultaneamente. Não pela maneira de jogar, pois o de agora atua no 4-4-2, enquanto o outro tinha três zagueiros e muitos volantes. A semelhança está na força demonstrada em momentos de adversidade.

O Flamengo do primeiro semestre de 2008, comandado por Joel Santana, conseguiu virar clássicos difíceis do Campeonato Carioca, como na semifinal e na final da Taça Guanabara (2 x 1 sobre Vasco e Botafogo, respectivamente) e na decisão do título (3 x 1 sobre o time de General Severiano).

Já o time de Andrade tem se notabilizado por vencer adversários com um jogador a menos durante boa parte das partidas. Isso aconteceu nos 5 x 3, de virada, sobre o Fluminense (Álvaro expulso), nos 2 x 0 sobre o Universidad Católica (Willians) e nos 3 x 1 sobre o Caracas, na quarta-feira (Toró).

O que vamos saber, em breve, é se o Flamengo do primeiro semestre de 2010 terá o mesmo destino do Flamengo do primeiro semestre de 2008: título estadual e eliminação vexatória da Libertadores (lembrando que a derrota para o América do México teve muito de sobrenatural, com grande número de gols perdidos, não foi razão apenas do excesso de auto-suficiência).

Na boa, prefiro aturar um semestre sem títulos, mas com o Flamengo derrotado dignamente, a faturar o Campeonato Carioca e amargar novo vexame internacional. Veremos o que o futuro próximo nos reserva.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A visão dos venezuelanos


Reproduzo aqui matéria (traduzida) do jornal Líder en Deportes, da Venezuela, sobre o jogo de ontem entre Flamengo e Caracas, pela Libertadores. É interessante ver o ponto de vista deles sobre o que aconteceu na partida. O texto do repórter José Manuel Valladares é bem equilibrado, embora, obviamente, ele tenha escrito do ponto de vista do nosso adversário.

Alguns pontos da matéria são bastante interessantes e úteis para os rubro-negros exercitarem a autocrítica, inclusive este blogueiro, que escreveu ainda no calor do jogo e, apressado, decidiu omitir os defeitos do Flamengo. Não reparem na tradução tosca - aliás, uma palavra ou outra eu deixo para os leitores. Quem prefere ler no original, deve clicar aqui.

"A justiça não passou por Caracas

A equipe brasileira venceu o Caracas com ofício, aproveitando as carências ofensivas do time venezuelano, que agora complica suas possibilidades de classificação no grupo 8 da Libertadores.

José Manuel Valladares

Caracas – A história dirá que o Caracas perdeu por 3 x 1, que os três pontos foram para o Rio de Janeiro e que a situação do time no grupo 8 da Copa Libertadores se tornou mais complicada. Mas o que aconteceu na partida contra o Flamengo não esteve em sintonia com o placar final.

Os vermelhos dominaram grande parte do duelo no gramado irregular do Olímpico, impuseram sua proposta de jogo, controlaram a bola e buscaram sempre o arco. No entanto, o ofício – e a justiça – não esteve no arsenal da equipe da capital.

Os cariocas se dedicaram a esperar, deixaram o Caracas jogar e não se envergonharam em proteger a meta de Bruno. Sim, quando tiveram alguma liberdade, aproveitaram: de quatro chances que tiveram, três terminaram em gol.

Aos 30 minutos, o Caracas viveu seu melhor momento, com chances de Romero, Gómez e Guerra. Mas, com a falta de precisão, parece ter gastado um cartucho, o mais importante.

O Flamengo, que não havia visto o goleiro Vega de perto, se lembrou de atacar com uma ação na qual o chute de Petkovic foi interceptado por Romero com a mão. Pênalti que Vagner Love transformou em gol.

No segundo tempo, os visitantes ficaram com um jogador a menos por causa da expulsão de Toró e o Caracas foi um furacão. O time trabalhou bem e adiantou ainda mais suas linhas, enquanto os brasileiros se refugiariam e povoaram sua defesa.

O prêmio parcial à convicção do Caracas chegou quando Gabriel Cichero tocou em profundidade pela esquerda e achou Castellín. O atacante disparou uma bomba que igualou o duelo.

O melhor momento dos donos da casa foi interrompido por conta de agressão a um dos assistentes do árbitro. Com a pausa, o time perdeu um pouco a ordem e a fluidez e o Flamengo não desperdiçou seus contra-ataques. De novo, Vagner Love fez a diferença no ataque e converteu no mano a mano com Vega. Nos descontos, Rodrigo Alvim terminou de confirmar a injustiça."

Love é gente grande (Caracas 1 x 3 Fla)


O jogo do Flamengo acabou há pouco, mas já posso dizer que serei eternamente grato a Vagner Love: pelo espírito de luta, pela aplicação tática, pelo dois gols, por ter sido o protagonista da suada vitória, com um jogador a menos, sobre o Caracas, na Venezuela: 3 x 1.

Não fosse Love e eu estaria escrevendo agora sobre o afobado, inseguro e imprudente Toró, que transformou num inferno um jogo que prosseguia tranquilo ao ser expulso, aos 8 minutos do segundo tempo.

Love mostrou àqueles ainda descrentes em seu futebol que tem bola, personalidade e cojones, combinação fundamental para qualquer aspirante a ídolo do Flamengo. Faltava a ele uma grande apresentação num jogo da Libertadores - o Caracas não perdeu em casa na edição do ano passado.

Destaque também para Bruno, que fechou o gol e fez aquela cera básica, necessária para esfriar o ímpeto adversário. E para Léo Moura e Kleberson, que jogaram muito e esbanjaram concentração e tranquilidade nos momentos críticos.

E atenção para Rodrigo Alvim, que entrou na função de volante ao substituir o lesionado Fernando e fez o gol que sacramentou a vitória. Ele é sombra para Juan, na lateral-esquerda, e agora para os volantes, ao menos para a dupla escalada na Venezuela.

Andrade precisa ter uma conversa séria com Toró. O outrora xodó de Joel Santana está sempre mal colocado, a correr atrás dos adversários, e exibe defeitos gritantes a cada jogo. O cartão amarelo que levou no primeiro tempo foi imperdoável.

Willians foi expulso infantilmente na primeira rodada, contra o Universidad Católica, mas tem crédito e espero que tenha aprendido a lição. É difícil suportar dois jogos com volantes a fazer burradas. Ainda bem que Maldonado se recuperou da lesão e já pode voltar.

A vitória deixa o Flamengo na liderança do grupo e aplaca a crise fabricada após o barraco envolvendo o Imperador. Espero que Adriano enfrente o Vasco, domingo, e ajude o time a superar Universad do Chile e Botafogo. Precisaremos dele nesta mini-maratona. Se não der, temos Vagner Love.

Foto: GloboEsporte.com

quarta-feira, 10 de março de 2010

Flamengo versus histeria



Entrar em campo em meio a crises, reais ou fabricadas, é especialidade do Flamengo. E isso já deixou de ser novidade há muito tempo para a maioria dos jogadores escalados por Andrade para o jogo de hoje, contra o Caracas, na Venezuela, o primeiro do time fora de casa nesta Libertadores – e o primeiro de quatro duelos em 12 dias, dois pelo torneio e os dois clássicos pela Taça Rio.

Bruno, Léo Moura, Juan, Kleberson e Petkovic conhecem bastante o clube. O mesmo vale para Vinícius Pacheco, formado na Gávea e já nem tão verde assim. Álvaro e Vagner Love são calejados o suficiente para lidarem com este tipo de pressão. Sem falar no técnico Andrade, com doutorado no assunto.

Não cito os cabeças-de-área Toró e Fernando porque não confio no temperamento do primeiro, embora ele jogue há anos no Flamengo, na capacidade defensiva do segundo, embora ele mostre relativa eficiência no ataque, e porque confio menos ainda numa dupla de volantes formada pelos dois. E deixo de fora o novato zagueiro Fabrício, a ser testado novamente.

Riscos à parte, o problema é que não adianta ter cabeça fria se a maior parte da imprensa só vai levar em conta o resultado final. Se o Flamengo perder, mesmo jogando melhor, como contra o Botafogo, a histeria dos últimos dias terá continuidade e o clube vai embarcar de vez naquela espiral maluca que só serve para vender jornal e dar audiência para a televisão.

Ninguém vai dar a mínima para o fato de que todos os jogos pela Libertadores, principalmente fora de casa, costumam ser duríssimos. E poucos vão lembrar que, em 2009, o Caracas não perdeu em casa no torneio e foi eliminado pelo Grêmio, nas quartas-de-final, após dois empates. O negócio é o Flamengo vencer e assumir a liderança isolada do grupo. Ou empatar e se garantir na ponta ao lado do Universidad do Chile.

Sem Adriano, com Pet de volta entre os titulares, com Vinícius Pacheco ao lado de Love no ataque, o Flamengo precisa jogar futebol, sem recaídas como as relatadas no post abaixo. Se isso acontecer, o clube terá boas chances de aplacar a crise, pelo menos até o jogo de domingo, contra o Vasco.

Foto: Portal Imprensa.uol.com.br

terça-feira, 9 de março de 2010

Longe de casa


Preguiça de escrever sobre os problemas de Adriano, sobre Marcos Braz, sobre noitadas de jogadores, sobre as declarações machistas do goleiro Bruno e sobre qualquer outra coisa que tenha a ver com a crise instalada no Flamengo. Amanhã tem jogo contra o Caracas, na Venezuela, o primeiro fora de casa nessa Libertadores. Vamos falar de futebol.

Publico abaixo todos os jogos do Flamengo, na condição de visitante, pelo torneio. O retrospecto é positivo: em 37 jogos, o time acumulou 16 vitórias, 9 empates e 12 derrotas. Marcou 50 gols e sofreu 45.

Há triunfos significativos, como os 3 x 0 sobre o River Plate, em 1982, no Monumental de Nuñez. Mas há também alguns vexames, como nas duas últimas participações rubro-negras, em 2007 e 2008: derrotas de 3 x 0 para o Defensor e para o Nacional, ambos do Uruguai. Resultados que devem servir de alerta.

Confiram:

1981
2 x 2 Atlético-MG
4 x 2 Cerro Porteño (PAR)
0 x 0 Olímpia (PAR)
1 x 0 Deportivo Cali (COL)
2 x 1 Jorge Wilstermann (BOL)
0 x 1 Cobreloa (CHI)

1982
0 x 1 Peñarol (URU)
3 x 0 River Plate (ARG)

1983
1 x 1 Grêmio
0 x 0 Blooming (BOL)
1 x 3 Bolívar (BOL)

1984
1 x 1 América de Cali (COL)
2 x 1 Atlético Júnior (COL)
5 x 0 Santos
1 x 5 Grêmio
3 x 0 Univ. de los Andes (VEN)

1991
2 x 2 Bella Vista (URU)
1 x 0 Nacional (URU)
2 x 0 Corinthians
3 x 2 Táchira (VEN)
0 x 3 Boca Juniors (ARG)

1993
0 x 0 Internacional
1 x 2 América de Cali (COL)
1 x 0 Atlético Nacional (COL)
1 x 0 Minervén (VEN)
0 x 2 São Paulo

2002
0 x 1 Once Caldas (COL)
1 x 2 Universidad Católica (CHI)
0 x 2 Olimpia (PAR)

2007
2 x 2 Real Potosí (BOL)
1 x 0 Paraná Clube
2 x 1 Maracaibo (VEN)
0 x 3 Defensor (URU)

2008
0 x 0 Coronel Bolognesi (PER)
0 x 3 Nacional (URU)
3 x 0 Cienciano (PER)
4 x 2 América (MEX)

Fontes: Placar e Rsssf.com

Foto: O Globo

segunda-feira, 8 de março de 2010

Raparigueiros unidos


O noticiário esportivo, em geral, tem dado destaque exagerado às peripécias do Imperador e de outros jogadores do Flamengo pelo Rio de Janeiro. Além das estridentes notícias a respeito do barraco entre Adriano e a noiva, houve quem chegasse ao cúmulo de publicar a seguinte matéria: “Love atropela um cachorro na saída da favela.” Eis um pouco da arte de esquentar o vazio.

Nada mais educativa, portanto, que a lição de PVC, ontem, na ESPN Brasil. Notícia de verdade são os números do Imperador em 2010: nos últimos dois meses, o craque faltou ou chegou com atraso a 11 treinos. A assustadora porcentagem é mais eloquente e reveladora da falta de compromisso e dos problemas de Adriano que qualquer confusão em porta de baile funk na hora de folga.

Mas há um detalhe interessante que emerge em meio ao circo provocado pelos veículos de comunicação: por mais raparigueiros e p*rra-loucas que sejam – ou aparentem ser, mas isso é problema deles – alguns jogadores do Flamengo, não dá para negar que eles têm se entendido (também) fora de campo.

Reparem como um defende o outro e como todos defendem o Imperador. Não me entendam mal: as declarações de Bruno (“Quem nunca saiu na mão numa mulher?”) são deploráveis, sim. Mas o goleiro comprou a briga do Imperador e teve peito para criticar os jornalistas: “Quer notícia? Corre atrás de artista."

A preocupação em preservar o grupo não se restringe às declarações nas entrevistas. Ciente da repercussão estrondosa que um possível tropeço no jogo de sábado causaria na Gávea, o time mostrou comprometimento suficiente para derrotar o Resende sem sofrer os sustos que já se tornavam rotina no Campeonato Carioca.

Comportamento bem diferente dos tempos em que o Flamengo contava com um artilheiro tão eficiente, mulherengo e descompromissado quanto Adriano: Romário. Nos já longínquos anos 90, o baixinho egocêntrico reinava na Gávea e no Rio de Janeiro, mas não havia quem lhe comprasse o barulho. O ambiente era péssimo, os jogadores se dividiam em grupos e o clube acumulava vexames.

Os problemas de Adriano preocupam os torcedores, principalmente agora, após o vice de futebol Marcos Braz revelar que o jogador recorreu à bebida por conta dos problemas com a noiva. Mas, enquanto o restante do elenco mostrar esse carinho por ele correndo dentro de campo, a torcida pode ficar um pouco mais tranquila.

E o teste de fogo será agora, nessa mini-maratona que teremos pela frente, com jogos importantes na Libertadores e no Campeonato Carioca: Caracas (na Venezuela, sem o Imperador), Vasco, Universidad do Chile (no Chile) e Botafogo. Veremos como o Flamengo vai se comportar.

domingo, 7 de março de 2010

O batedor de faltas (Resende 0 x 4 Fla)



A televisão estava longe e eu já bebia (a conta é pouco confiável) minha décima cerveja. Havia também muita gente no recinto, música em alto volume. Por tudo isso, e por ainda não levar fé nas cobranças de falta de nosso lateral-direito, achei que fosse de Petkovic o segundo gol do Flamengo nos 4 x 0 de ontem sobre o Resende.

Mas, não. O sérvio ainda entrava em campo naquele momento. Era Léo Moura o autor da batida, perfeita como aquela, dele mesmo, da vitória sobre os chilenos do Universidad Católica, na estreia rubro-negra na Libertadores. O lateral já acertara uma ou outra com a camisa do Flamengo, mas nada capaz de inspirar confiança na torcida. Agora parece embalar de vez, o que é interessante, especialmente por conta da situação de Pet.

Esses dois minutinhos foram tudo o que vi de Resende x Flamengo. Não me arrependo: tenho tirado uma pequena lição a cada pelada deste Campeonato Carioca.

Foto: Fábio Castro/Agif/AE (retirada do Uol Esporte)

sábado, 6 de março de 2010

Adriano não nasceu pra trabalho


                                                          
– Um treino em nove dias;

– Ausência do jogo contra o Caracas, na próxima quarta-feira, pela Libertadores;

– Alerta do técnico Dunga, que não citou nomes, mas deixou o recado: “Já disse e vou repetir: não vão fazer o que fizeram no Mundial de 2006.”

No ano passado, apesar dos problemas, Adriano decidiu jogos e garantiu vitórias ao Flamengo. Nesse ano, o comportamento do craque piorou – só jogou bem no Fla-Flu, quando marcou três gols.

Será que vai ser assim até o fim do contrato?

NR: a ida ao baile funk e o barraco com a namorada são assuntos particulares do Imperador. Problema dele. Só quero que o Adriano volte a jogar bola.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sobre Petkovic


Nada mais verdadeiro do que a declaração de Andrade sobre Petkovic:

– O Vinícius Pacheco está um pouco acima dele e faz por merecer a condição de titular. Seria injustiça tirá-lo para colocar o Pet ou qualquer outro jogador – disse o treinador ao GloboEsporte.com.

Apesar das suspeitas de que pessoas do clube estejam pressionando Andrade para colocar Pet no banco reservas, o fato é que o sérvio está muito mal fisicamente e tecnicamente. Ainda não jogou nada em 2010.

Sem contar os episódios de indisciplina. Sou um dos que concordaram com a atitude do vice de futebol Marcos Braz de deixá-lo de molho após o episódio do Fla-Flu da Taça Guanabara - Pet se mandou do Maracanã ainda no intervalo do jogo.

O problema é que medidas do tipo, no Flamengo, causam insatisfação por conta das regalias concedidas ao Adriano. Os cartolas rubro-negros terão de conviver com isso.

O que fazer a respeito do Pet, então? Não sei. Acho que a volta por cima só depende dele, conforme escreveu o colega André Monnerat no blog Sobre Flamengo, em texto perfeito sobre o assunto.

Resta aos rubro-negros, que não podem fazer muita coisa a não ser acompanhar o desenrolar dos fatos, rezar para que Pet se empenhe como no ano passado. Em 2009, ele chegou ao Flamengo em baixa e trabalhou para conquistar espaço no time.

Lembrando aos muito jovens: o verdadeiro Pet é o de agora, vaidoso e temperamental. Foi o Pet marrento que estreou pelo Flamengo em 2000 e que deu ao clube o Tetra-Tri estadual em 2001.

O Pet simples, amigo, que ajudava Andrade no banco de reservas quando era substituído, foi uma surpresa para todos os aqueles que acompanharam a carreira do gringo no Brasil. Uma exclusividade do Campeonato Brasileiro de 2009.

Não questiono o caráter de Petkovic, tampouco duvido do carinho dele pelo Flamengo. Pet é ídolo. É, inclusive, a inspiração para o nome deste blog. Mas é marrento.

Foto: Bol.com.br

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais Zico


Nova homenagem do blogueiro ao Galinho, que completou ontem 57 anos de vida. Reproduzo trecho do livro Futebol ao Sol e à Sombra, do uruguaio Eduardo Galeano.

"Gol de Zico

Foi em 1993. Em Tóquio, o Kashima disputava a Copa do Imperador contra o Tokoku Sendai.

O brasileiro Zico, astro do Kashima, fez o gol da vitória, que foi o mais lindo de todos os gols da sua vida. A bola chegou, cruzada ao centro, pela direita. Zico, que estava na meia lua da área, entrou com tudo. No embalo, ultrapassou-a: quando percebeu que a bola tinha ficado para trás, deu uma cambalhota no ar e em pleno vôo, com a cara para o chão, chutou-a de calcanhar. Foi uma bicicleta, mas ao contrário.

- Contem-me como foi esse gol – pediam os cegos".

O futebol de Ramon (Fla 2 x 0 Madureira)


Ramon é o cara à direita

Eu estava certo de que não valeria a pena perder algumas horas de sono, após um longo dia de trabalho, para assistir a Flamengo x Madureira. O jogo começava às 21h50, o Maracanã estava vazio, o time suburbano usava um uniforme idêntico ao do Boca Juniors e tinha um sósia homônimo do Obina no banco de reservas – o sujeito, depois, até entrou em campo.

Resolvi encarar a partida e já estava profundamente arrependido quando Andrade, aos 20 minutos do segundo tempo, substituiu Fierro por Ramon. Candidato a substituto de Petkovic, o meia já mostrara algo interessante nos parcos minutos que teve contra o Macaé, quando estreou: foi com ele que Vágner Love tabelou para fazer um dos gols do jogo.

Contra o Madureira, deu para avaliar um pouco melhor o futebol de Ramon, descontada a fragilidade do adversário. O meia mostrou habilidade no drible e (novamente) facilidade para tabelar. E deu o passe para o gol de Vágner Love, que garantiu o 2 x 0 no placar no dia do aniversário do Zico.

Confiram os lances de Ramon no Maracanã:

20 minutos: dribla adversário na ponta esquerda e sofre falta. Jogador do Madureira leva cartão amarelo.

21 minutos: inicia tabela com Fabrício, mas o lance não leva perigo.

21 minutos: dribla adversário pela direita e sofre falta.

26 minutos: em rebote de falta cobrada na área por Juan, chuta por cima, longe do gol.

33 minutos: tabela com Vinícius Pacheco na intermediária. O companheiro desperdiça o lance.

34 minutos: é adiantado para o ataque após a entrada de Petkovic no lugar de Pacheco.

38 minutos: desarma adversário na defesa e inicia jogada com Léo Moura. Lance não resulta em perigo.

43 minutos: recebe de Vágner Love no bico da área, tenta fazer o pivô e cai no chão.

43 minutos: dribla dois adversários pela direita e dá passe em profundidade para Vágner Love, que chuta de esquerda e faz um golaço.

***

Foi o volante Fernando quem abriu o placar, após falha do goleiro do Madureira em cobrança de escanteio. O cabeça-de-área já tem três gols no Campeonato Carioca.

Foto: Vipcomm (retirada do UOL Esporte)

NR: faltou acrescentar um detalhe, o que faço agora pela manhã. Ramon não está inscrito na Libertadores, mas teremos clássicos contra Vasco e Botafogo pelo Campeonato Carioca. Enfim, obstáculos na caminhada pela Taça Rio e pelo título estadual. Serão testes interessantes para o jogador, caso Andrade pense em aproveitá-lo nestas partidas.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Feliz aniversário, Galinho



Seria desonesto dizer que vi o Zico jogar. Entenda-se por ver, neste caso, o privilégio de acompanhar atentamente a carreira de um ídolo, com a idade e a maturidade necessárias para admirar características de seu jogo e vibrar com as vitórias inesquecíveis que o cara proporciona.

Tenho 28 anos, e estava com nove quando Zico encerrou a carreira no Flamengo. O que não me impediu de registrar na memória alguns momentos do Galinho em campo, embora eu fosse, então, muito jovem para se concentrar durante os 90 minutos de qualquer jogo de futebol.

São poucas as lembranças, mas nítidas, de um Zico em fim de carreira. Ambas da Copa União de 1988: o golaço de fora da área contra o Internacional, numa derrota de 3 x 1, no Beira-Rio, que assisti pela televisão na companhia de meu pai e de meu avô; e uma vitória de 3 x 0 sobre o Criciúma, no Maracanã, em jogo de meio de semana que ouvi pelo rádio, também com gol do craque, após chute violento.

Apesar da juventude excessiva, eu já era capaz entender o significado de Zico. O tempo passou e a compreensão ganhou corpo, com a leitura assídua da revista Placar, as fitas em VHS dos jogos da geração de ouro do Flamengo, as reportagens sobre o ídolo na televisão, as conversas com rubro-negros mais velhos – e, porque não, com a má fase interminável de um clube que insistia em se manter estacionado no tempo, refém, ironicamente, das conquistas do Galinho e de seus companheiros.

A força de Zico se mostrava até mesmo comigo já marmanjo. Há exatos sete anos, ele conseguiu reunir 10 homens barbados diante da televisão em pleno Carnaval, na cidade de mineira de Tiradentes – o Carnaval de 2003 aconteceu no início de março. Aqueles flamenguistas, vascaínos, tricolores e o solitário botafoguense ignoraram o sono e a ressaca da manhã para assistir reportagem especial sobre o craque, que completava 50 anos.

Hoje, um pouco mais envelhecido e careca do que naquela ocasião, com 57 anos, Zico permanece venerado pelos rubro-negros e admirado por torcedores de todos os clubes. E assim será para sempre.

Obrigado, Zico.

Foto: Patriciaamorim.wordpress.com

terça-feira, 2 de março de 2010

Anjo negro


Andrade é eterno na história do Flamengo por vários motivos. Enquanto jogou bola, foi craque, defendeu o clube por muitos anos, conquistou títulos, integrou a geração de ouro e marcou o sexto gol na devolução dos 6 x 0 sobre o Botafogo, em 1981. Na condição de técnico, conduziu o clube à conquista do Campeonato Brasileiro de 2009.

Mas um detalhe importante sobre ele me havia escapado por completo: Andrade foi decisivo em quatro dos cinco títulos brasileiros que ganhou pelo Flamengo. Eu sabia do fato, só que não havia juntado as peças, a exemplo de muitos rubro-negros e de todos os jornalistas e veículos esportivos dos quais consigo me lembrar.

Só me dei conta do fato hoje, ao ler entrevista com o técnico na FourFourTwo brasileira, edição de fevereiro, que comprei com atraso. Vejam o trecho referente ao assunto:

FourFourTwo – Dos seis títulos brasileiros, você esteve em campo em cinco e teve participação direta em quatro. Fale um pouco sobre seu dedo em cada conquista.

Andrade – Em 80, dei o passe para o Nunes fazer o gol da vitória sobre o Atlético-MG (3 x 2) e cortei uma bola que o Manguito atrasou mal para o Raul. O Pedrinho driblou o Raul e apareci dando um carrinho. O Raul disse: ‘Vi uma sombra passando, quando olhei era um anjo negro, o Andrade.’ Em 82, salvei uma bola em cima da linha. Havia dois jogadores do Grêmio, o Renato (Gaúcho) e mais um, e eles iam me jogar com bola e tudo para dentro do gol. Eu me atirei com corpo e tudo para cima da bola para salvar, e até hoje não sei se foi mão (risos). Em 83, não joguei os dois jogos finais (contra o Santos) porque operei o menisco. E, em 87, deu o passe para o Bebeto (o Flamengo derrotou o Internacional por 1 x 0)”.


Legal, não? Faltou apenas a menção ao Hexa, mas obviamente isso não era necessário, dado o contexto da entrevista.

Mas fico em dúvida em relação a 1982. Já observei o lance inúmeras vezes, com o auxílio do meu velho videocassete. E a impressão é que o goleiro Raul salvou o Flamengo ao esticar o braço e dar um tapa na bola – a manga da camisa dele era preta e Andrade é negro, daí a confusão, fora o grande número de jogadores dos dois times dentro da área. Essa versão é confirmada pelo próprio Raul em sua biografia.

Polêmicas à parte, Andrade é ídolo e fim de papo.

***

Não pude ver o jogo da Seleção Brasileira contra a Irlanda. Sei que Adriano teve atuação discreta e foi substituído por Grafite. O que não deve atrapalhar seu sonho de disputar a Copa do Mundo. Kleberson não entrou, mas continua com boas chances de garantir vaga no torneio da África do Sul. Pelos menos, os dois voltam inteiros ao Flamengo.

Foto: Divulgação/Vipcomm (retirada do Estado de São Paulo)

segunda-feira, 1 de março de 2010

O infiltrado


Frisson no noticiário esportivo do Rio de Janeiro: circula na internet a foto do atacante Wellington Silva, do Fluminense, vestido com a camisa do Flamengo. Imagem bacana, mas que não provoca sentimentos muito nobres nas Laranjeiras. Até porque o garoto de 17 anos estreou como titular do tricolor no último domingo.

Tão cômica quanto a situação foi a declaração do vice-presidente de futebol deles, Alcides Antunes, em frustrada tentativa de minimizar o episódio. “É uma situação muito chata, ele (Wellington) vestiu a camisa há quatro ou cinco anos. Isso não nos incomodou em nada”, jura o cartola.

Mas Antunes não é bobo e sabe que o modelo usado por Wellington é bem recente: foi lançado em 2008, durante o Campeonato Brasileiro, e abandonado pelo Flamengo em meados de 2009, quando a Nike deu lugar à Olympikus.

Como flamenguista não vira casaca, é possível que Wellington estivesse nas arquibancadas do Maracanã a comemorar efusivamente os dois gols de Adriano contra o próprio Fluminense, nos 2 x 0 do último mês de outubro.

O garoto sabe mesmo das coisas, tanto que já foi negociado com o Arsenal, onde se apresenta em 2011, por R$ 10 milhões. De Londres, ele poderá acompanhar os jogos do Flamengo pela Globo Internacional.

Foto: GloboEsporte.com

Imperador adormecido



O Campeonato Carioca chegou ao segundo turno, a Copa Libertadores começou e o mês de março também, mas Adriano ainda não engrenou em 2010. Houve uma partida de exceção, que já entrou para a história: a virada sobre o Fluminense, pela Taça Guanabara, quando ele marcou três gols na inesquecível vitória por 5 x 3. E ficou nisso.

Nos outros dois jogos de maior importância no ano até agora, Adriano foi muito mal. Diante do Botafogo, nas semifinais da Taça Guanabara, e dos chilenos do Universidad Católica, na estreia rubro-negra na Libertadores,  o Imperador se deslocou pouco, lutou menos e, pior, mostrou desinteresse pelo que acontecia em campo.

Há quem não esteja preocupado. Afinal, o Flamengo acaba de dar início à luta pelo título sul-americano, prioridade da temporada. E outros jogadores, como os zagueiros Álvaro e Ronaldo Angelim, começaram o ano fora de forma e falhando bastante – o último, em gesto nobre, até pediu a Andrade para ser barrado.

O problema é que Adriano, além das presepadas conhecidas por todo o planeta, tem exibido tal comportamento desde o ano passado. Ele caiu de produção nas rodadas derradeiras do Campeonato Brasileiro, especialmente contra Goiás e Grêmio. E não enfrentou o Corinthians graças à queimadura no pé provocada (versão dele) por uma lâmpada de jardim – fato que não deixa dúvidas sobre quem seria apontado, pelos mesmos que o endeusaram, como o vilão rubro-negro se o Flamengo não levasse o título.

Minha esperança na melhora de Adriano é fundamentada no mesmo princípio do ano passado: o desejo do craque de disputar a Copa do Mundo. A principal diferença é que agora a presença dele grupo de Dunga é quase certa. E a sensação de garantia pode deixá-lo ainda mais relaxado, principalmente se for bem no amistoso de amanhã contra a Irlanda, o último antes da convocação final.

Em 2009, torci discretamente para Nilmar superar Adriano nos jogos da Seleção Brasileira, o que deu certo algumas vezes. Um Imperador mordido, com vontade de convencer Dunga e a opinião pública, seria garantia de motivação, de concentração e de gols no Campeonato Brasileiro.

Num mundo ideal, atencioso aos desejos de Adriano e dos rubro-negros, o Imperador permaneceria na dúvida sobre a própria presença na lista de Dunga para a África do Sul. E trataria de provar seus méritos atropelando os adversários do Flamengo até maio, mês da convocação final, e garantindo lugar na Copa. Como isso não deve acontecer, rezemos para que o espírito atribulado do craque seja sensível à causa rubro-negra neste ano tão importante. O clube precisa dele.

Foto: Márcia Feitosa/Vipcomm (retirada do site Paraná Online)